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O ego e o lego

“Deixe o texto descansar sobre a geladeira durante uma noite, como massa de pão. Isso quando você tiver esse tempo todo, é claro. No dia seguinte, logo pela manhã, você vai ver como a idéia vem, fresquinha, descansada, brilhante! “- Waldemar Ciglioni – do livro Deu Branco.

Quem é essa criatura dentro de nós que trabalha enquanto dormimos?

Outro dia eu estava pensando nisso.

Essa vida de blogueiro, doutorando, palestrante e consultor é trabalho mental o tempo todo.

Chega no sábado você quer relaxar, mas o freio não funciona.

Achava que era o meu ego que não se desintonizava.

E logo cedo já me irritava com o pensamento obsessivo.

Um dia – seguindo os conselhos dos mais sábios – deixei de resistir e observei o que vinha.

E, na verdade, era um quase assessor interno que vinha despachar as pendências da semana.

Resolvi batizar esse assessor desconhecido de Lego.

O ego todo mundo já ouviu falar.;)

O lego chega para…despachar com o “presidente”, no caso você mesmo:

Assunto 1 – uma boa sugestão esta;

Assunto 2 – outra boa idéia, aquela.

Nessa, descobri que, na verdade, a nossa mente não para enquanto dormimos, ela continua a operar em cima das demandas passadas.

E, ao invés de reclamar, peguei um papel e lápis e comecei a anotar as dicas.

Ok, ok, bom, parabéns, muito bem, ótimo trabalho.;)

Fechou?

Ok, posso ir agora para o fim de semana? 😉

E já entrei no sábado sem criar marola, (ficando unplugged)  ou seja, sem abrir computador, ler e-mail, livro ou revista de trabalho.

Deixando o ego quieto, sem acionar, por sua vez, o lego.

Com isso, dá uma limpeza no sótão.

No Domingo, tava limpo, às vezes vem uma idéia ou outra.

E taco num caderno e deixo lá para entrar na segunda com eles, mas sem prejudicar o período sabático e fundamental de descanso mental do fim de semana.

Quando o despacho não é objetivo também pode dar uma atrapalhada.

Chega uma hora em que o papo fica repetitivo.

E aí tem que dar aquela parada.

É sutil a fronteira do ego e do lego.

Um fio tênue.

A diferença: o ego é repetitivo e o lego criativo.

O ego é compulsivo. O lego vem e vai.

É um pouco o que o Lévy disse no livro Cibercultura.

A palavra Pharmakon, grega,  é remédio ou veneno, depende da dose.

O mesmo ocorrer com o ego (compulsão) com o lego (criatividade).

Um pode invadir o espaço do outro.

Cabe-nos observar e não deixar.

É delicada a operação, mas fundamental para a sua saúde mental!

Concordas?

20 Responses to “O ego e o lego”

  1. mariacera disse:

    Este post veio numa boa hora … grande insight …

  2. cnepomuceno disse:

    Maria, não vale 😉

    Compartilha.

    Nepô
    Valeu o elogio.

  3. mariacera disse:

    Para compartilhar: esta idéia de aos sábados deixar computador e cia desligado e só usar um caderno é muito boa.

    Mas sendo realista: aos sábados usar computador por uma (duas…?) hora e não ligá-lo mais.

    Aliás, pensando bem, o computador ligado tudo bem, mas não acessar gmail, e-mails, twitter, blogs, NINGs, MySpace ….

  4. cnepomuceno disse:

    Maria, cada um é cada um.

    Mas momentos totalmente unpluggeds são fundamentais para aliviar a cabeça, incluindo, até, livros e jornais.

    Nada de nadica que desperte a compulsão do ego.

    abraços
    Nepô.

    Valeu a compartilhada!

  5. Ana Luiza disse:

    Ai, que bom saber que eu não sou a única a, de vez em quando, dar uma desplugada total!

    Às vezes cansa a sensação de que a cabeça não pára nunca… Mas, ao mesmo tempo, quem disse que quero que paire?

    Essa história de que o remédio pode ser também veneno, dependendo apenas da dose, é fato!

    Acho que a tarefa mais difícil do ser humano é achar o equilíbrio. Em tudo o que faz!

    Salve salve a Legolândia!

    🙂

  6. cnepomuceno disse:

    Salve a Legolândia!

    Valeu Ana, grato pelo comentário!

  7. Meu Deus, que exercício de desprendimento seria esse! Confesso que ainda não atingi este nirvana. Tenho trabalhado muito, mas acredito também que exista momento para tudo. Eu, particularmente, estou em um momento onde o excesso de trabalho está sendo necessário para o meu crescimento. Sei que o cansaço que está me causando é que vai me possibilitar saber, em breve, qual o limite ideal. Em pouco tempo, espero ter encontrado o equilíbrio e conseguir reservar horas de folga nos meus finais de semana – e por horas de folga quero dizer horas fora de casa, na rua, passeando, me divertindo, vendo um filme no cinema. Mas é um exercício. E dos difíceis.

  8. cnepomuceno disse:

    Pat, concordo…

    só o que você tem que avaliar é o seguinte:

    trabalho mental é silêncio e barulho o tempo todo para que a coisa funcione bem. Só barulho, tendemos a ficarmos pouco criativos e mais repetitivos.

    beijos,
    Nepô.

  9. http://www.meioemensagem.com.br/novomm/br/Conteudo/?CEO_do_Google_pede___desliguem_seus_computadores_

    Não sei se você já leu e se terá acesso ao texto, uma vez que o Meio e Mensagem exige cadastro para ler as matérias. Qualquer coisa, me avisa que dou um jeito de copiar. Tem tudo a ver com o assunto deste post.

  10. cnepomuceno disse:

    Pat,

    manda, manda, manda.

    Estas coisas nem se perguntam 😉

    abraços,

    Nepô.

  11. […] Veja uma discussão sobre isso com o Ego e o Lego. […]

  12. cnepomuceno disse:

    Conversando com minha esposa hoje ela sugeriu ao invés do Ego e do Lego que fosse:

    O Prego e o Lego

    O prego como algo fixo, que não consegue-se tirar, preso..

    Gostei.

    Vou usar.

  13. Alessandra disse:

    Nepo,

    Esse tempo do lego me lembra o Ócio criativo do Domenico de Masi.
    Precisamos do ócio para termos criatividade.
    Quanto ao ego ele se resolve com terapia e o entendimento do nosso ser.
    Bjs,

    Alessandra

  14. Sérgio Lima disse:

    Opa Nepomuceno!

    Desplugar as vezes é difícil por conta dos efeitos colaterais da crise de abstinência 🙂

    Mas este “reboot” é mesmo salutar para nossa sanidade mental 🙂

    abs

  15. […] de um processo de limpeza do lixo e da herança perversa social, da família à escola, na qual o (pr) ego (repositório de todos os nossos condicionamentos) fica imerso no senso […]

  16. […] E ao trazer o conceito importado, mas não digerido, se sente insegura e passa a defendê-lo com a força do ego. […]

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