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Nada mais na contra-mão do que a recente demissão de 4 mil funcionários da Embraer.

Para que lado está se olhando?

Para que lado está se olhando?

A Embraer é nitidamente o Brasil do conhecimento, da tecnologia de ponta, na qual os empregados devem ter escutado várias vezes a idéia de que “precisamos fazer o compartilhamento do conhecimento”.

Mas na hora da verdade  – quando o bicho pega –  vale a lógica do acionista, do modelo do ecosistema de informação passado: da hierarquia, do poder na mão de poucos e no da força de trabalho braçal e não intelectual.

O interesse dos acionistas não é o mesmo dos empregados.

Hoje, os acionistas não são aqueles que trabalham.

Ou seja, a empresa é da colaboração, do conhecimento, no discurso, mas, na prática, até a primeira crise considera o trabalhador uma peça na engrenagem e não a própria engrenagem.

Para quem quer construir uma “empresa do conhecimento“, um fato traumático  como esse é um péssimo começo.

Se houver volta, como tem se tentado, o ambiente colaborativo nunca mais será o mesmo!

O barco só é o mesmo quando afunda?

O barco só é o mesmo quando afunda?

Há uma contradição clara sobre o que se fala da nossa atual sociedade (de que todos têm que colaborar)  e o modelo real do capitalismo vigente.

É uma dicotomia, pois vivemos a ecologia informacional da rede, que acelera a inovação e pede criatividade, versus o modelo empresarial baseado na exploração dos trabalhadores por hora trabalhada.

Note que um cartão de ponto consegue medir o tempo que um empregado ficou no trabalho. Mas como medir que um funcionário está dando a sua melhor capacidade de criar?

No ambiente passado, bastava fiscalizar.

Agora, há que se criar um ambiente saudável para que haja o envolvimento.

Estamos saindo do capitalismo forçado para o de adesão.

Da competição entre os setores e empresas, para o da colaboração.

Não é um discurso socialista, mas realista.

Veja a lógica:

Sem motivação, não há criação.

Sem criação, não há inovação.

Sem inovação, não há competitividade.

E sem competitividade….

Ou seja, o “novo-trabalhador-participante-e-acionista”  se não se sentir embalado no mesmo barco (de fato e de direito) sempre ficará de pé atrás, com a criatividade no bolso.

Assim, ou o empregado entra na lógica do sistema e passa a ser parte integrante dele, ou tudo vai parecer, como se vê hoje com as atuais demissões, um papo para boi dormir.

O papo de empresa do conhecimento não pode embalar o boi...

O papo de empresa do conhecimento não pode embalar o boi...

O ambiente informacional colaborativo vai para o buraco. E, com ele, o futuro da empresa.

O capitalismo do conhecimento fake não terá vida longa, pois o ambiente informacional mudou e com ele – como a história mostra – haverá uma revisão no modelo da organização do poder em todas as instâncias.

Ou se mudam os valores, ou o pessoal vai procurar quem realmente esteja construindo um novo modelo de negócio inclusivo.  O mercado e a competividade mostrarão – como já têm feito –  que esse caminho é o mais adequado ao novo momento.

O processo da transformação de novos valores em novas instâncias de poder, não é imeditado, mas será inevitável: foi assim na história.

Estamos entrando no capitalismo colaborativo, na qual a idéia de que há um patrão que organiza a empresa e colaboradores que podem ser demitidos na primeira crise já estão e  ficarão cada vez mais anacrônica.

Empresa do Conhecimento?

Empresa do conhecimento: verdade ou armadilha?

Concordas?

16 Responses to “O capitalismo colaborativo”

  1. […] A tendência agora é que estes fatores intangíveis sejam cada vez mais um diferencial competitivo no capitalismo colaborativo. […]

  2. […] e cria uma ruptura da maneira como vemos a sociedade, a forma de gerenciar empresas e do próprio capitalismo, que tenderá a algo completamente colaborativo – difícil de compreensão nos dias de hoje. (falarei disso em outro […]

  3. […] um mudança no modelo empresarial capitalista, que envolva fornecedores, consumidores e trabalhadores em um ambiente mais […]

  4. Nepô, para o capitalismo 2.0 engrenar todo mundo tem que estar 2.0, incluindo funcionários e empresários. Porém o que vejo na realidade é muitos empresários estão buscando se tornar 2.0 mas muitos funcionários não… quer apenas levar sua vida sem muitas preocupações.

    Quando analiso esse versionamento mundial em 2.0, capitalismo, web, economia, sociedade, tudo 2.0 vejo que esqueceram da curva de valores que foram contruidos pela história da humanidade.

    Antigamente quem era mais velho tinha mais valor, depois quem tinha dinheiro, depois quem tinha informação (que se convertia em dinheiro), e agora?

    O que você acha? Como serão as novas curvas de valores numa sociedade 2.0?

  5. Alexandre Quedinho disse:

    Nepô,
    Estamos, face ao esgotamento do atual modelo de capitalismo (me parece que este modelo onde o lucro está acima de tudo e todos chegou ao seu fim), diante de uma questão da qual não teremos como fugir: Como manter uma folha de pagamento (e demais compromissos financeiros), seja no modelo de capitalismo passado ou no capitalismo colaborativo, sem receita (principalmente do caso de Empresas que produzem produtos industrializados) ? Embora a Embraer seja realmente uma ‘Empresa do Conhecimento’ (com seu produto final está repleto de conhecimento agregado) ainda está ‘com os pés’ na sociedade industrial. Talvez a saída para estas Empresas seja ‘exportar’ conhecimento (agregar o alto conhecimento adquirido – tecnologia, etc.- em outras áreas), mudar radicalmente a relação com seus parceiros (governos, sindicatos, etc.), redefinir o conceito de sustentabilidade, etc. Enfim, me parece que temos muito trabalho pela frente.
    Abraços.

  6. Alessandra Quagliani Andrade disse:

    Na segunda-feira, na aula de Gestão de Conhecimento fiz essa colocação relativo ao mesmo comportamento de demissão da Embraer em relação a Vale.
    No final do ano passado a Vale também demitiu boa parte do seu quadro devido à crise mundial.
    O discurso, no mesmo ano, dizia que o seu principal ativo eram as pessoas e que a empresa estava contratando pois tinha demanda e plano de carreira. Na mídia lindo mas na prática o oposto.
    Fico pensando onde está o esforço, que deveria existir por parte de Recursos Humanos, em mostrar aos acionistas o que se está perdendo. De mostrar como um trabalho de educação e criação demora a ser construído. Mas tudo ainda está no financeiro. E a gente sabe que tempo é dinheiro.
    Fico pensando se a solução não está na união dos demitidos e não demitidos até e na construção de sua auto-avaliação, na definição do valor próprio de cada um. Desta maneira poderíamos quebra esse péssimo relacionamento onde nosso valor é determinado pelo outro sem que possamos fazer nada.
    Quem sabe o diálogo aparece e a negociação atinge o meio termo, o ganha-ganha, ao invés de uma decisão totalitária sem o pé no futuro.
    Bjs,
    Alessandra Quagliani Andrade

  7. cnepomuceno disse:

    Bom, vamos lá.

    Você pergunta:

    “Como serão as novas curvas de valores numa sociedade 2.0?”

    Sidnei, não serão os mesmos dos atuais.

    A dependência patrão-empregado será diferente. Hoje, pode se medir por horas, mas como medir que você está dando toda a sua criatividade?

    Isso vai forçar a empresa a modelos a la Google, como apresenta o Davenport no vídeo.

    http://www.youtube.com/watch?v=QOioQxtJ4gI&eurl=http://nepo.com.br/2009/03/04/o-capitalismo-colaborativo/

    É uma relação diferente, a ser consquistada e não imposta.

    —–
    Alexandre,

    Como manter uma folha de pagamento (e demais compromissos financeiros), seja no modelo de capitalismo passado ou no capitalismo colaborativo, sem receita (principalmente do caso de Empresas que produzem produtos industrializados) ?

    Note que a sustentabilidade é um problema de qualquer grupo. O que se pode questionar é como uma empresa resolve de cima para baixo o problema.

    Modelo do ambiente informacional anterior.

    A Embraer mandou embora sem diálogo.

    Mais: os funcionários, ao longo do processo não foram sendo incentivados a serem também sócios do negócio.

    Poderia-se ter várias alternativas para que aquela comunidade pensasse a crise junta e não separada.

    Vale a inteligência coletiva na abundância, mas, na crise, quando seria mais interessante, vale a força individual de quem manda.

    Estamos em uma fase de transição, na qual os valores mudarão….o modelo eu mando e você obedece começa a ficar anacrônico com o que se fala de ambiente de conhecimento.

    É uma contradição completa.

    Ou é colaborativo, ou é enrolativo.

    Fica muito evidente, pois os discursos são diametralmente opostos.

    A crise está escancarando essa contradição e será um incentivo para quem conseguir superá-la acreditando na saída da colaboração…sairá dela fortalecido.

    Concordas?

    —————————
    Alessandra, realmente lembro da sua colocação e foi ela que me inspirou esse texto, agora a ficha caiu. Grato!

    Você diz:

    “Quem sabe o diálogo aparece e a negociação atinge o meio termo, o ganha-ganha, ao invés de uma decisão totalitária sem o pé no futuro.”

    Concordo 100%.

    Repito: na crise ou na abundância: inteligência coletiva!

    O que se nota é que o barco ainda é de um grupo e não de todos.

    Este é o ponto.

    É preciso transformar cada trabalhador em um empreendedor-acionista, que, mesmo demitido, quando necessário, ele possa continuar em torno da empresa com um micro negócio para ficar ali ou mesmo voltar.

    Como uma rede, na qual ele se afasta e se aproxima, conforme a demanda.

    Idéias não faltariam.

    É algo que podemos amadurecer melhor, ao longo do tempo, pois é algo ainda muito novo para quem vem de tantos no qual uma atitude como a da Embraer faria todo o sentido.

    Agora, para quem consegue ver dois passos adiante, não faz mais.

    Que dizes?

    grato a todos pelas visitas e comentários

    Nepomuceno.

  8. Nepo, eu entendi no que você se refere aos novos paradigmas de relação, que seria muito mais pautada na liberdade criativa do que no cabresto reprodutor. Eu andei pesquisando e percebi que muitas empresas até tem em suas filosofias “Missão e Visão” mas não conseguem implementar até o próprio Google tem problemas com isso.

    Olha esse link, uma demonstração de demissão autoritária do Google.
    http://www.investnews.com.br/IN_News.aspx?parms=2290822,44,1,1

    Apesar de que a tendência colaborativa seja inteligente, ela precisa ser colaborativa nela própria. Como uma meta-colaboração. Um colaborar em colaborar.

    Quando perguntei sobre os valores da nova sociedade, pois eu me remeto a época dos baby boomers, e suas respectivas gerações x, y, z. Que estão agora valorando, que é diferente de valorizar, outros aspectos de uma vida em sociedade. Esses aspectos como um todo está interferindo inclusive na formação dessa nova sociedade.

    Se hoje um Diretor de Empresa quiser optar por não demitir X funcionários, como colaborar em pedir para que os funcionários colaborassem?

    Com certeza, ainda pauto na falta de “educação” em colaborar. Não basta que os funcionários colaborassem, se a colaboração não seja positiva, segundo Comte.

    No próprio video ele fala sobre empresas que não necessitam de criatividade na parte operacional. Talvez da tática sim.

    A construção dessa nova sociedade me traz ainda muitas dúvidas no aspecto antropológico. A época atual me remete ao Império Romano quando a população foi permitida criar estruturas como um Senado.

    Apesar de muita falta de liberdade, mas foi um avanço.

    Mas foi essa pequena liberdade que permitiu aos bárbaros se infiltrar no império e aos poucos corrompendo sua estrutura.

    E é esse o grande MEDO da sociedade atual.

    O excesso de liberdade criativa, pode gerar muitas inovações e também muitas dores de cabeça.

    É lindo chamar os funcionários de principal ativo, mas na verdade, o principal ativo são os clientes.

    Nepô, depois de escrever isso estou começando a ter uns insites sobre a estrutura. Depois mando outro coment. rsrs

    Mas me fala… viajei muito?

  9. Nepo, eu entendi no que você se refere aos novos paradigmas de relação, que seria muito mais pautada na liberdade criativa do que no cabresto reprodutor. Eu andei pesquisando e percebi que muitas empresas até tem em suas filosofias “Missão e Visão” mas não conseguem implementar até o próprio Google tem problemas com isso.

    Olha esse link, uma demonstração de demissão autoritária do Google.
    http://www.investnews.com.br/IN_News.aspx?parms=2290822,44,1,1

    Apesar de que a tendência colaborativa seja inteligente, ela precisa ser colaborativa nela própria. Como uma meta-colaboração. Um colaborar em colaborar.

    Quando perguntei sobre os valores da nova sociedade, pois eu me remeto a época dos baby boomers, e suas respectivas gerações x, y, z. Que estão agora valorando, que é diferente de valorizar, outros aspectos de uma vida em sociedade. Esses aspectos como um todo está interferindo inclusive na formação dessa nova sociedade.

    Se hoje um Diretor de Empresa quiser optar por não demitir X funcionários, como colaborar em pedir para que os funcionários colaborassem?

    Com certeza, ainda pauto na falta de “educação” em colaborar. Não basta que os funcionários colaborassem, se a colaboração não seja positiva, segundo Comte.

    No próprio video ele fala sobre empresas que não necessitam de criatividade na parte operacional. Talvez da tática sim.

    A construção dessa nova sociedade me traz ainda muitas dúvidas no aspecto antropológico. A época atual me remete ao Império Romano quando a população foi permitida criar estruturas como um Senado.

    Apesar de muita falta de liberdade, mas foi um avanço.

    Mas foi essa pequena liberdade que permitiu aos bárbaros se infiltrar no império e aos poucos corrompendo sua estrutura.

    E é esse o grande MEDO da sociedade atual.

    O excesso de liberdade criativa, pode gerar muitas inovações e também muitas dores de cabeça.

    É lindo chamar os funcionários de principal ativo, mas na verdade, o principal ativo são os clientes.

    Nepô, depois de escrever isso estou começando a ter uns insites sobre a estrutura. Depois mando outro coment. rsrs

    Mas me fala… viajei muito????

  10. cnepomuceno disse:

    Sidney,

    comentando:

    “A construção dessa nova sociedade me traz ainda muitas dúvidas no aspecto antropológico.”

    Sim, tudo que fazemos aqui são especulações,certo?

    O que podemos afirmar:

    1) novos valores virão;
    2) a colaboração é uma realidade;
    3) alguma mudança envolvendo valores, colaboração, necessidade de criatividade virá.

    Temos que acompanhar e mostrar que estamos atentos para esse futuro.

    Muitas coisas nem nossos filhos verão, pois esse tipo de mudança social e de valores é bem mais lenta.

    Podemos mostrar e especular..

    Ou seja, já hoje mudanças são necessárias, pois se pensamos em empresas de compartilhamento de conhecimento, demissões ao estilo do capitalismo selvagem, já são estranhas, concordas?

    Continue inquieto.;)

    abraços,

    Nepomuceno.

  11. […] que marca a mudança no nosso capitalismo competitivo para o novo, pouco visível e embrionário capitalismo colaborativo, no qual a alienação que funcionou e foi incentivada no primeiro, começa a fazer água no […]

  12. […] dizer que estamos entrando em uma Era de um Capitalismo colaborativo (cliente-fornecedor), no qual o que importa é, antes de tudo a […]

  13. […] Uns aviões produzidos aqui (que quando entra em crise manda não sei quantos trabalhadores do conhecimento embora, num modelo na…) […]

  14. […] Uns aviões produzidos aqui (que quando entra em crise manda não sei quantos trabalhadores do conhecimento embora, num modelo na…). […]

  15. Carlos Nepomuceno disse:

    Sobre este tema, até sem falar de trabalhadores de conhecimento, o WSJ publicou pesquisa que a demissão em massa pode ser a pior saída.

    Ver aqui: http://online.wsj.com/article/SB127310022950587135.html?mod=WSJP_inicio_LeftTop

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