Um papo inicial e ainda prospectivo sobre mídia, web 2.0, egos e novos valores.
Ele esteve aqui pelo Rio, tomou um mate na praia, que está (ou estava) sendo leiloado pela Internet.
Existe o fã que é doido e o artista que quando confunde o que ele representav com o que é, acaba doido também.
O problema é relacional.
Não existiria Tom Cruise sem os fãs, nem vice-versa.
O sucesso – que hoje virou sinônimo de ser conhecido por mais gente – muitas vezes não importa como – às vezes sobe a cabeça da maioria.
O artista criador, entretanto, vive justamente da relação entre a procura do quase nada e a coisa observada, para poder ter uma imagem diferente e poder produzir algo novo.
Um espanto!
Acreditar, assim, na fama com algo dado não seria um péssimo aliado para a criação?
O papo é meio fora de esquadro, pois falamos um pouco sobre egos, ontem.
Estivemos discutindo em sala de aula no curso “Conhecimento em Rede!, do MBKM, (postei mais sobre as aulas), do Crie/UFRJ com a apresentação do Aloy Jupiara, agora no Extra on-line, sobre o problema do ego e a Web 2.0.
(Aloy foi um dos responsáveis pela implantação da colaboração no Globo on-line. Ver palestra do ano passado com ele – a turma 18 criou um blog coletivo, que tem artigos interessantes).
Se com os artistas, lidar com o ego é algo importante para voltar a criar, para os jornalistas de maneira geral é também agudo.
Estão dando nó em pingo d´água por causa dos comentários dos leitores e sua participação cada vez mais ativa nas mídias de massa.
Minha função de filtrar, agora está se transformando em me relacionar com a minha comunidade?
É outra crise de ego, diferente do artista, mas similar.
E, na primeira abordagem do tema, disse para o Aloy, já no chope depois da aula: a Web 2.0 para valer traz uma nova cultura e com ela novos valores individuais.
Todos nós estamos nos readaptando enquanto pessoas e grupos.
Não tem fuga!
Um deles é esse de baixar a força do ego.
Durante a palestra ele falou de repente de Budismo, de humildade e fomos juntando os cacos.
O editor hoje dá lugar ao gerador de participações. Veja mais sobre isso em Apicultores e ordenhadores de vaca.
Pierre Lévy no livro Cibercultura andou dizendo que a Web era o retorno, em alguma medida, ao mundo oral, no qual as coisas iam sendo criadas, mudadas e evoluíam coletivamente, obras abertas
Diferentes da mensagem fechada e unidirecional do livro, rádio e tevê…
Com a Web, entretanto, compomos coletivamente a distância e registramos nossas conversas, coisa que no passado não rolava.
Conforme ando aprendendo no livro “Direito Autoral – da antiguidade à Internet“, do João Henrique da Rocha Fragoso, a expressão direito do autor só surgiu entre nós, através de Louis d´Héricourt, um advogado francês, em 1725.
A defesa do autor é fruto da difusão do livro e das novas mídias.
Antes era um anonimato danado, quando tudo eram palavras ao vento.
Não existia a necessidade de dizer que fulano escreveu isso ou aquilo, pois, na verdade, a obra estava sempre andando…cochichada.
Assim, a idéia de que os novos gestores de comunidades poderão exercer a sua função com o mesmo ego do passado pode não funcionar, não é condizente, pois justamente estamos saindo do jogo, mais para apitar do que fazer gol e dar cambalhota.
Muitos egos da mídia estão no divã.
Vai dar dinheiro:
“Analista especializada em baixar bola de editores traumatizados”
O Tom Cruise acha que ele é Tom Cruise, mas, no fundo, diante do espelho, ele não é.
Ele é o Thomas Cruise Mapother IV , nascido no dia 3 de Julho de 1962, em Syracuse, nos Estados Unidos, que hoje é ator.
Tom Cruise é apenas uma marca distante do homem, que precisa ser bem administrada para que ele não se perca no mundo.
(O papo ficou meio exotérico…mas é o que rolou…)
Concordas?
(O tema sobre o Ego e a Web 2.0 voltará, aguarde!)
As fotos em sala de aula da palestra do Aloy:
Mais fotos:
PS – tenho mexido bastante neste texto depois de publicado, pois é uma área ainda nova….quem estranhar, avise.
Nepomuceno,
Fiquei muito contente ontem. No meu entendimento, estamos mesmo adotando uma visão mais oriental.
Senti que o ego poderá ser colocado em seu lugar.
Hoje Vivemos a máxima ter e não ser.
Mas, ontem, vi o ser em plena ação, a coletividade alcançando resultados e acho que podemos ter luz diante de tantos egos mal resolvidos mas considerados dentores de sucesso em nossa sociedade.
Na minha reflexão, e olha que suas aulas me colocaram muito para pensar, cheguei a seguinte conclusão:
A liberdade sempre encontra uma maneira de aparecer por mais reprimida e vigiada que seja.
O meu olhar romântico me diz que, dentro desses novos espaços, encontramos a maneira de expressar nosso pensamento, e de maneira mais poderosa ainda, encontramos nossos pares. Teremos mais liberdade para sermos nos mesmos e aceitarmos nossos erros e acertos, e isso assusta muito mais também liberta.
Teremos muito que trabalhar já que estamos acostumados a individualidade mas em contrapartirda sendo mais coletivos veremos que não estamos sozinhos e que com propósito poderemos realizar mais.
Alessandra
Alessandra,
que bom que a aula te fez pensar.
É o melhor elogio.
Já fui mais ardoroso de que a Web conseguiria mudar os homens com o seu potencial colaborativo e democrático.
Acredito que é uma mídia mais aberta que as anteriores, mas dentro de um ambiente mais populoso em que as vozes estão perdidas entre a multidão.
Certamente, que há espaços a serem ocupados.
E, em função, disso é preciso não só pensar na nova mídia, mas em novos valores, resgatando ensinamentos…
Mas tudo são possibilidades.
A mudança concreta é de cada um – e aí sim – através da nova mídia para potencializá-la.
Grato pela visita,
Nepô.
A mudança realmente é uma decisão pessoal.
Concordo plenamente.
Estou apaixonada e ainda não tenho a sua prática diante do assunto.
Tenho que chegar no ponto de equilibrio.
Nepô, realmente a WEB veio para dar voz a todos; levar a luz onde só existiam as trevas.
Mas sem querer dar uma de “FRED” e já dando…Gostaria de saber: A INFOGLOBO, ou alguma outra Empresa que tenha implantado um projeto similar, conseguiu aferir o impacto da implantação deste projeto (WEB 2.0 – JORNALISMO COLABORATIVO) em sua Marca (quanto de valor foi agregado à Marca com a implantação do projeto) ? O Aloy saberia nos dizer qual o saldo desta implantação (recursos aplicados x retorno financeiro) ?
Estou perguntando porque tenho uma verdadeira fixação por avaliação de intangíveis…
Grande abraço !
Alexandre,
pelo que acompanho o projeto do Globo colaborativo houve uma etapa de implantação localizada no Globo on-line e depois uma expansão da idéia para toda a empresa, inclusive com out-doors nas ruas, incorporando a participação à nova marca, um processo que levou, se não me engano, dois anos.
Veja o meu post:
http://nepo.com.br/2008/11/03/fiscais-20/
Note que a sua pergunta:
“O Aloy saberia nos dizer qual o saldo desta implantação (recursos aplicados x retorno financeiro) ?”
Vou dar meus pitacos.
Note que neste caso da adaptação ao novo ambiente de conhecimento, como já foi a implantação de computadores, impressoras de jornais, etc…é algo complicado de medir resultados, pois não é apenas aquelas máquinas que entram, mas a empresa estar se nivelando a um outro patamar informacional.
Aquelas máquinas e aquele ambiente compõem a empresa, como uma frota de ônibus de uma empresa de transporte.
O que é uma discussão interessante sobre medições de intangíveis, pois um novo patamar joga a empresa para um outro ambiente competitivo que, sem o investimento, estaria fora do mercado.
Como avaliar esse impacto de perda de competitividade?
Outro dado a ser computado é a comunidade online que se cria em torno da sua marca, o que a Amazon, Youtube, etc têm investido e as avaliações do mercado têm jogado sempre para cima.
Se não comentassem ali iriam fazê-lo em outro lugar!
Um cara que gosta de comentar no Globo tem um retorno interessante em marketing viral, pois ele chama os amigos para ler, comenta em casa no trabalho, etc…
Passa ali a ser um pouco o blog dele. E ele um pouco o “dono” daquele pedaço.
Outro ponto que deve se somar a essa avaliação é a melhoria da qualidade, tanto do jornalista que passa a dialogar e ser “preparado e treinado” pelo seu público.
Como também, para o refinamento do próprio veículo que ganha uma pesquisa permanente, economizando neste caso, do tipo:
– o que cobrir?
– como cobrir?
– o que destacar?
– o que não destacar?
Leitor ensina jornal – jornal aprende com leitor – jornal se adequa, etc…
Ou seja, há um conjunto interessante de ganhos indiretos para se somar ao bolo ao medir o resultado final.
Poderia dizer que quando surgiu a luz elétrica houve o investimento das empresas para implantá-la, mas depois disso nunca mais se deixou de tê-la.
Os ambientes de conhecimento – no caso o da rede colaborativa – são um novo modus-operandi social, uma camada, da qual não sairemos mais.
Como medir tudo isso é algo que também me intriga…talvez impossível, pois há investimento opcionais….e outros que fazem parte, inevitáveis, imprescindíveis para o negócio continuar…
Acredito que projetos colaborativos, no caso da mídia principalmente agora – e de outras empresas no futuro – se encaixam nessa obrigatoriedade.
Sua pergunta é para lá de interessante…
Que achas?
forte abraço,
grato pela visita,
Nepô.
Uma boa palestra sobre criatividade e peso da fama com Elizabeth Gilbert (em inglês):
http://www.ted.com/talks/elizabeth_gilbert_on_genius.html
Deixando a profundidade de lado, o que o Tom Cruise tem é uma cara estupenda. A simetria da mandíbula parece ser o maior esforço que a natureza fez para aproximar-se da perfeição. Por mais que ele tente mostrar-se talentoso, sua beleza sempre atrairá nossos olhos mais do que qualquer outro atributo.