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“Embora todos estivessem, em parte certo, todos estava errados”Hohn Godfrey – do poema “Os cegos e o elefante”;

 

Diante de tantas mudanças, é natural que procuremos explicações (muitas vezes apressadas e sem reflexão individual e principalmente coletiva) sobre o mundo atual.

Vivemos hoje um momento em que temos muitos pensadores-intérpretes, que cantam a música dos outros; e poucos pensadores-compositores, que compõem sua própria teoria.

Isso é algo que se espalha, se espalha, se espalha.

E como há interesses ou dificuldades afetivas/cognitivas de se abandonar determinados  conceitos ou de preservar aquilo que me é mais favorável, uma meia verdade, ou uma visão estreita, repetida mil vezes, ainda mais na mídia de massa, se torna uma verdade absoluta.

(Por mais que a mídia de missa esteja aqui rouca de dizer isso.)

No que posso perceber em todas as especulações sobre a sociedade atual em curso existe uma questão central:

  • O que é pretensamente no humano?
  • E o que é condicionado pelo tempo?

(Aliás, um ponto central de todas as reflexões de todos os pensadores que quiseram trazer ao mundo uma nova visão, ao longo de todas as épocas.)

Chamaria de micrismo aquilo que é universal, mas visto como conjuntural. Ex. Sociedade da Informação, já que a informação sempre esteve presente na sociedade cumprindo o seu papel. Idem para conhecimento.

O umbiguismo, por sua vez, nos leva a ver a sociedade da nossa janela disciplinar.

  • Os economistas a chamam de sociedade pós-industrial;
  • Os tecnólogos de sociedade digital;
  • Os de informação/comunicação da sociedade do conhecimento, de informação ou em rede.

Não sou o primeiro a dizer que todas as sociedades humanas foram dependentes de redes, da informação e do conhecimento.

Todas tiveram o seu aparato produtivo.

E que qualquer coisa chamada de pós é pela incapacidade intelecutal de uma definição mais exata do que de fato pode ser.

Diria mais.

Que o perene na nossa sociedade são os sentimentos humanos incontroláveis, que nos conduzem, sem discussão, e com pressa a procurar soluções para nossas demandas de espécie animal/social.

Ou seja, o que é permanente é sempre a falta, o desejo, a necessidade, como vamos resolver isso é que podemos dizer que é conjuntural, a saber:

  • Dos mais básicos: fome, sono, sede, frio, calor, urinar, defecar.
  • Aos mais sofisticados: se reproduzir, se acasalar, criar, significar a existência;
  • E as ações e os meios criados para que tudo isso seja possível: informar, comunicar, produzir, gerir, conhecer, ensinar, aprender.

Que a complexidade destes fatores humanos  foram, são e serão relacionados ao tamanho da população, um fator irreversível que cria problemas a serem resolvidos que condiciona, na sequência, todos os demais.

Mudanças na demografia fazem parte da macro-história e todo o resto da micro.

É preciso para não cair no micrismo e no umbiguismo de duas ferramentas poderosas:

  • A história – para comparar e poder perceber o quanto podemos estar analisando o presente de forma equivocada, sem perceber o que é tendência de modismos, que nos permite nos afastar do tempo;
  • A filosofia – um instrumento para podermos ver como pensamos, aliada fundamental nas crises teórico-paradigmáticas, como a que vivemos hoje, que nos permite afastar do ego, da gaiola, da caixa, ou o nome que preferir.

Ambas as doenças intelectuais geram muito mais fumaça do que fogo; confusão do que significado.

E nos colocam na crise atual de percepção e, por sua vez, de ação.

Não sabemos o que fazer, pois não compreendemos o que de fato está mudando e o que sempre será demanda humana, independente do seu tempo.

Num círculo pantanoso, no qual grande parte está hoje atolada.

Se me perguntassem, então:

Como podemos definir o mundo de hoje?

Poderia dizer que a única grande novidade, de fato, que pode definir a nossa sociedade, a nível macro, é pela primeira vez na história sermos 7 bilhões de habitantes, todos no mesmo espaço e tempo, nessa bola que habitamos.

E isso gera, como consequência, alterações em todas as áreas, de maneiras distintas e relacionadas, todas para suprir as demandas que estas almas e corpos nos obrigam.

Estamos fazendo um macro-ajuste nesse processo.

Estamos descobrindo, a duras penas, que a ruptura nos ambientes integrados da informação, do conhecimento e da comunicação é o primeiro passo de uma nova era civilizacional, que chamei aqui de Civilização 2.0.

Não sabíamos isso antes da Internet e estamos apalpando.

São placas-mães e sistemas operacionais da sociedade que estão sendo trocados e todos os aplicativos virão na aba.

Mas só precisamos da rede digital e a adotamos por uma necessidade de produzir mais e melhor, além de resolver problemas materiais e do espírito relacionados.

Porém, não podemos, por causa disso, definir nossa sociedade como a da rede digital pois é o tal umbiguismo micral. 😉

Seríamos, a meu ver, uma nova espécie, que procura construir uma nova sociedade, que chamaria dos 7 biliuns homuns e mulheres sapiens.

Que tem que se virar num mundo lotado e cada vez mais amontoado e interconectado em grandes aglomerações.

O que virá depois terá a marca desse DNA da hiper-população.

Isso seria o uísque de tudo sem gelo.

Que dizes?

 

 

One Response to “As doenças intelectuais do micrismo e do umbiguismo”

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