A escola atual é uma perda de tempo com um recreio no meio – Nepô – da safra 2011;
Há uma confusão geral sobre o uso da Internet nos ambientes presenciais (principalmente na escola).
Falta um aprofundamento sobre o paradoxo da comunicação.
Acredito que a regra é a seguinte:
- 1) Quanto mais gente tivermos no mundo, mais precisaremos criar tecnologias informacionais/comunicacionais (I/C) que nos permitam comunicar mais/melhor/mais rápido/barato a distância;
- 2) porém, toda tecnologia (I/C) resolve um problema a distância e cria um problema no presencial, pois encanta-se com o cisne tecnológico livro/Ipod/computador, perdendo-se qualidade das relações no presencial (no restaurante, na escola, no trabalho, etc).
Assim, precisamos da tecnologia (I/C) para nos comunicar a distância, mas precisamos fazer um esforço contrário, um contra-ponto, que é subir escada rolante que desce, na direção (voluntário/consciente/afetivo) para que evitemos as perdas inevitáveis que tais tecnologias terão na relação presencial.
Nessa linha, já escrevi que a escrita promoveu o divórcio entre a informação e a comunicação.
O livro/tevê/rádio/jornal reforçaram um modelo patriarcal de comunicação/informação do pai absoluto, você escuta e fica calado, eu sei e você não sabe, eu filtro e você aceita, etc….
Tal modelo se reflete no presencial.
Ou seja, os encontros presenciais refletem a ecologia informacional, o micro está no macro, assim, como o macro no micro.
É essa fase patriarcal autoritária a distância que estamos concluindo com a chegada da Internet, procurando um novo modelo cooperativo/afetivo vital para nossa sobrevivência e para sair das crises (produtivas/inovativas/filosóficas/humanas) que essa ecologia nos levou.
E isso deve ser o norte da nova sociedade e, principalmente, da nova escola: o macro (diálogo/distância) deve se refletir no micro (diálogo/presencial).
O retorno do diálogo pré-escrita, no qual o afeto comunicacional/reflexivo/coletivo será resgatado frente a uma sociedade que estamos vivendo intensamente egóica/informacional/vertical.
O ego informacional vertical, que não compartilha coisas, desculpem os adeptos, é muito lento, pouco produtivo, para um mundo super-povoado.
Estamos indo na direção inversa, com os problemas que isso vai nos trazer também.
Esse é o novo dilema filosófico universal.
Precisamos inventar um novo ego mais compatível.
Assim, o professor deixa de ser um patriarca do conhecimento único do certo e do errado (e quem não souber o certo do conhecimento único não passa), para promover o conhecimento dinâmico, coletivo e desconsolidado, compatível com a necessidade de inovação que estamos vivendo.
A passagem de um falso conhecimento sólido para um conhecimento mais líquido, muito mais próximo do que sempre foi, mutante.
Agora isso é mais claro e menos turvo.
Assim, o computador/celular/tablets devem ser ferramentas fundamentais dos estudantes quando eles estão longe um dos outros, mas deve ser desligado, deixado de lado, quando estão perto, pois o que se quer é construir um conhecimento na hora, juntos.
Ou seja, transformamos o computador em rede no ambiente presencial em mais uma ferramenta de opressão e não de transformação!
É um despropósito deixar que 100 mil anos de desenvolvimento da fala sejam jogados pelo ralo, em nome da falta de clareza do momento histórico e do papel que os educadores têm nesse processo.
Seria a sociedade da burrice coletiva se propormos e acreditarmos nisso.
Isso é uma modernidade perversa.
A escola muda no que é a sua base mais autoritária: o professor como patriarca de um conhecimento falsamente sólido, impondo uma visão única de um mundo estático e não mutante e multi-facetado.
Querem colocar tecnologia exatamente para evitar que essa relação de poder anacrônica mude.
O computador passa a ser uma fumaça para não vermos o que, de fato, é preciso ser alterado!
Não existe nada mais poderoso – e nunca terá – na humanidade do que a capacidade que um grupo tem de conversar presencialmente.
É um 3D, com cheiro, possibilidade de toque….
E é isso basicamente que a humanidade está precisando agora, espaços de troca seja no presencial ou a distância, mas cada lugar com a tecnologia adequada (fala/presencial) (Internet/distância).
Só dessa maneira conseguimos lidar melhor com o paradoxo da comunicação (quanto mais tecnologia, menos qualidade nos encontros presenciais), que me parece ainda bastante turvo para quem lida com o futuro.
E está desesperadamente agarrado no passado, querendo manter as coisas como estão, em nome de uma falsa modernidade.
Que dizes?
Parabéns, mais um ótimo texto! Concordo com a maioria dos argumentos. A escola deveria evoluir, assim como o todo.
Ramon, aparece e colabore sempre, abraços, Nepô.
Valeu a força, Ramon!
Acredito que parte das pessoas estão presas aos seus velhos conceitos e não se deixam envolver pelo novo; onde o inverso também é verdadeiro, ou seja, o outro lado da moeda, em especial a chamada geração Y, só tem olhos para o novo, abstraindo por completo “o velho”.
Pior que não olhar para velhas e boas práticas, é ter acesso as novas tecnologias e não saber absorver e desfrutar do que há de melhor.
Entendo que agregar o “velho” ao “novo” seria o ideal.
Na sua primeira “aula”, na turma de pós de estratégias de marketing digital, você demonstrou a importância do encontro presencial, da troca de informações, da colaboração e da desconstrução e reconstrução de novos conceitos. Conseguimos discutir marketing digital, inovações tecnológicas, quebra de paradigmas e muitos outros assuntos apenas com ideias, papel e caneta.
Silvy, o desafio é separar o velho joio do novo trigo.;)
E continuar fazendo pão….adelante, valeu visita e comentário, Nepô.
Concordo, Nepo! Temos que tentar estreitar as presenças. Vejo qu hoje muitas vezes as pessoas só querem o online, mesmo estando no mesmo ambiente. As trocas pessoais estão se perdendo. Refletir sobre isso nos faz pensar o que podemos fazer para mudar.
Muito bom!
É verdade, as pessoas tem utilizado as tecnologias para “diminuir” certas distâncias físicas, em casos que a tecnologia realmente ajuda pessoas que estão em ambientes diferentes ou que estão realmente a quilometros de distância. Mas estão se perdendo no quesito qualidade com as pessoas que estão ao lado, pois acabam foca no virtual e não no real.
Muitas vezes as pessoas estão juntas fisicamente, mas separadas virtualmente, e isso deixa um enorme abismo nas relações presenciais.
Falo isso, mas eu mesma sofro deste “mal” da sociedade pós-moderna. Muito bom texto 😉