Você precisa dos corações das pessoas – e as empresas só contratam braços – Marco Antunes – da coleção;
Na palestra, sobre Mídias Sociais da Aberje semana passada, com a presença do @claudioterra e @fabiocipriani, comigo coordenando os debates, fiz uma pergunta aos dois.
Acreditam que estamos, ou não, entrando em uma nova civilização?
A íntegra do debate pode ser ouvida toda aqui:
Terra acredita que a hipótese de uma nova civilização é radical, mas considera que estamos subindo o nível do que chamou (e eu gostei bastante) de “licença social para produção” (0u algo do tipo).
Ou seja, as mídias sociais elevaram a exigência da sociedade de uma patamar “a” para um patamar “b” ao pensar sobre o direito destas de produzir para o consumo geral.
Há um acordo tácito e temos, então, a partir de mais transparência, uma licença nova que precisa ser atualizada.
Tenho trabalhado com a lógica de que novos ambientes informacionais mais abertos criam novos espaços de transparência e obrigam, por causa disso, mudanças de atitudes das pessoas, grupos e, por consequência, nas empresas.
Esse debate do que será essa licença nova é algo bem interessante e que vale muita discussão mais adiante. Gostei do conceito.
É um conceito bom, pois é simples e viável!
Cipriani considera que o novo fator social é mais um ingrediente, entre outros três, (ouçam o áudio, ele disse isso durante os debates) para gerar valor na sociedade pelas empresas, um valor social, que não pode mais ser relegado a segundo plano.
O que fiquei me perguntando é o seguinte.
Não podemos afirmar que estamos entrando em uma nova civilização, pois tudo ainda é especulação, hipóteses.
Demonstra-se com comparativos históricos, com dados, mas ainda é algo incipiente, que estamos ainda tabulando, formando, teorizando.
Ok, é plausível, ficar razoavelmente de pé atrás.
Mas também é plausível questionar o fato de afirmar que não estamos, ou que tal visão seria radical.
Tanto uma hipótese quanto outra estão abertas.
E o me pergunto é o seguinte:
Pode qualquer empresa de grande porte com muito a perder, ignorar tantos autores que afirmam o fato de estarmos numa mudança radical de época, como afirma Lévy, Castells, Anderson e tantos outros?
No mínimo, devem destacar um grupo de estudos, com alguns estrategistas – com mais bagagem – para averiguar, concordam?
Não é todo dia que temos uma revolução da informação desse tamanho.
O problema é que esse tipo de debate, digamos, teórico não faz parte do radar estruturante das empresas para olhar o futuro.
Acaba ficando um papo de dia-a-dia, de modismo, sem estratégia, como apontou a pesquisa da Deloitte, que o Cipriani distribuiu no encontro e que vou comentar no próximo programa de tevê web Mundo 2.0.
Estamos intoxicados do modelo americano, do “vai por mim” e do “segue a minha cartilha“. Temos pouco o “eu cheguei a conclusão por causa disso” e “é preciso aprofundar mais o tema, antes de tomar decisões macro-estratégicas“.
O modelo pragmático americano do “vai fazendo” não é viável com a Internet, que é uma ruptura radical.
Pragmatismo é bom quando há estabilidade!
Raramente, temos uma mudança dessa grandeza no ambiente informacional, que está muito além do rádio, da tevê, do jornal.
É algo grande e exige novos caminhos, sem velhos mapas. (Tks, Giardelli).
Ou seja, teorias abrangentes, ferramentas teóricas que nunca foram do dia a dia dos negócios, agora são, por causa dos fatos.
E aí?
Momento spam –
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Reinvente-se!
Olá Nepô,
Vou grifar:
“O modelo pragmático americano do “vai fazendo” não é viável com a Internet, que é uma ruptura radical.”
Acho que entendi o seu ponto, mas é uma afirmação perigosa, pois tem outro sentido. Quando li associei isso a uma prática que está na essência da web 2.0 conhecida como “beta permanente”. Que é puro pragmatismo, é sair fazendo, usando, corrigindo e melhorando, continuamente.
O problema está justamente em não fazer.
Muitas empresas pensam demais, olham apenas (ou muito mais para) os riscos, e não cogitam simplesmente fazer. Tentar.
Grandes empresas deveriam se formatadas em cima de ambientes híbridos. Todos os processos estáveis numa plataforma controlada. E uma plataforma livre para criar, testar, errar, voltar, melhorar.
Pragmatismo não é o problema!
Olhar míope é!
Leandro, super interessante esse ponto.
Lembro a você o Kuhn que fala das Revoluções Científicas.
Ele diz que quando uma Ciência consegue ver um problema de outra maneira, cria uma crise paradigmática. E tudo que veio antes perde o sentido.
A Internet coloca para sociedade essa crise.
Ser pragmático não é o problema, mas em cima do que está sendo.
Se da visão pré-novo paradigma ou depois.
Se for no depois, o beta permanente é tudo de bom.
Mas se for no antes, é tudo de ruim, pois, como você diz, se for míope, vai ficar rodando e rodando e por mais que beta permanente que seja, não vai sair do lugar.
Que dizes?
abraços, valeu, como sempre, a instigada,
Nepô.
Talvez estejamos sim entrando em um novo estágio da civilização. Uma época em que a produção cultural não ficará exposta a conveniências comerciais e que possa ser compartilhada de forma rápida e barata, possibilitando assim a integração de todos os membros da sociedade.