Início esta semana minha leitura crítica do livro “21 lições para o século XXI” de Youval Noah Harari.
Tenho feito leituras críticas de diversos livros com alguns objetivos:
- entender o que e por que faz sucesso no mercado;
- coletar para a nossa escola os conceitos e narrativas que somam;
- e entender que tipo de vertentes e encruzilhadas devemos e quais não devemos tomar.
Nessa direção fiz uma leitura exaustiva há alguns anos do livro “Sapiens” do autor, que pode ser visto aqui:
Assim, Harari não é um desconhecido para mim, ao contrário. Muito do que percebi ainda incipiente lá está florescendo agora.
Diante, entretanto, do seu retorno ao Brasil esta semana, influenciando mentes, pedidos dos meus alunos e após 12 milhões de exemplares vendidos, vale voltar a interagir com a sua narrativa.
O que podemos tirar de bom e o que podemos aprender para não cometer erros de diagnóstico?
Minha proposta aqui é sempre contra-argumentar com fatos para que possamos aproveitar ao máximo o confronto de narrativas, que nos alimenta.
Mas vamos no papo reto.
Tem livros como os de Ayn Rand, Hayek, Mises, Matt Ridley, Pierre Lévy, McLuhan, Clay Shirky, Thomas Kuhn que somam. Todos são adeptos, de alguma forma, da Ordem Espontânea.
São descendente de Aristóteles em alguma medida, que partem da sobrevivência para a existência, acreditam num destino humano aberto, sem uma rota prévia.
São descentralizadores.
E nossa Escola Bimodal já, de muito, fez a opção nessa direção. O sapiens consegue melhores resultados na jornada, fortalecendo os indivíduos e com ordens espontâneas.
E em torno dessa melhor alternativa, aprendendo com o passado, desenvolvemos uma forma de pensar o passado, o presente e o futuro.
São autores que podemos chamar de individualistas. Não acreditam em centros controladores, reguladores, determinam o que o mundo deve ser.
Todas as minhas participações no Resumocast foram comentando estes autores, que foram incorporados ao que podemos chamar hoje de Antropologia da Sobrevivência Descentralizadora.
Uma base teórica que procura explicar o digital, sob um determinado ponto de vista.
Fizemos escolhas para que possamos entender e sugerir caminhos para que pessoas, profissionais e organizações possam ser competitivas nesse novo século – a nossa missão.
Harari, entretanto, é coletivista, platônico, por isso é pessimista diante do futuro.
O futuro está reintermediando os poderes, aumentando o poder da ordem espontânea, o que vai contra a forma de sentir e pensar de Harari.
Porém, tudo poderia ser mais interessante, se Harari tivesse uma teoria, mas ele não tem.
Harari fez um estudo do passado, teve o mérito de trazer o sapiens para debate e ganhou fama.
Num mundo em que todos querem entender o que se passa, Harari se tornou rapidamente um guru.
Tem dado palpites sobre vários temas baseados naquilo que ele sente, acha, percebe, e não em cima de uma nova teoria sobre a história.
Mais, como coletivista, acredita na missão dos filósofos em conduzir os debates, em um objetivo global, em um caminho a ser traçado.
Assim, minha aposta é de que em poucas décadas Harari não terá impacto.
A narrativa de Harari é 10% oportuna e 90% oportunista.
(Note que aqui oportunista não é sinônimo de má fé, apenas de que está vendendo algo para quem quer comprar, nem sempre o que corresponde aos fatos.)
Oportunista é algo ou alguém que faz sucesso imediato, mas não sobrevive no tempo. É o que acho do Harari.
Harari escreve rápido, vende muito, atende a uma demanda imediata por explicações superficiais.
Os livros de Harari promovem um encontro entre a demanda compulsiva da espécie por entender o futuro e alguém que acha que o entende completamente.
Vejamos uma síntese:
- Harari é oportuno, pois fala das questões que preocupam a todos;
- Harari é oportunista, pois não responde adequadamente as questões que levanta – não tem uma nova teoria, mas requenta as existentes.
Harari não é um autor que nos ajuda na crise, ao contrário, é sintoma da própria crise.
Digo mais: na crise de paradigmas que estamos passando, dificilmente autores que fazem muito sucesso hoje sobreviverão no tempo.
Enfim, Harari sobrevive e vende, pois temos crise generalizada do pensamento e quem coloca boas perguntas, mesmo com respostas vazias, ajuda.
Harari, assim, pode ser definido como um palpiteiro, com conceitos antigos, com novas e adequadas perguntas.
A leitura crítica em áudio do “21 lições” já começou e será exclusiva para os assinantes Masters da Escola.
Convido-o a todos que venham participar, me mande um zap para saber das condições: 21-99608-6422.
Te apresento as alternativas para ter acesso não só aos áudios, mas também aos debates.
É isso, que dizes?