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Ainda lendo o livro “Era da Curadoria” de Cortella e Dimenstein e logo na capa ele diz: “Educação e formação de pessoas em tempos velozes“.

A pergunta que me faço é se o que estamos vivendo hoje é apenas “tempos velozes” ou diferentes?

Quando escolhemos um adjetivo, espera-se que ele precise bem o objeto a que nos referimos.

Muito das análises sobre a Revolução Digital vão justamente nessa direção: velocidade, mobilidade, urgência e não mudanças substanciais.

Tudo isso são sintomas existentes e evidentes.

Porém, quando admitimos ou analisamos que o mundo continua igual, mas apenas mais rápido, estamos falando do mesmo mundo, da mesma lógica, que precisa apenas de um ajuste.

Um mundo mais lento que precisa de pequenos ajustes para um mundo mais rápido.

Esse erro de diagnóstico, na verdade, marca todo o diálogo dos dois autores. Eles não estão isolados, pois é o que mais salta aos olhos à maioria das pessoas.

Isso faz parte de uma visão filosófica que as tecnologias não são capazes de mudar completamente a vida do Sapiens, mas são, pois somos uma Tecno-espécie, naturalmente tecnológicos e tecnologicamente naturais.

Não é possível pensar “Educação e formação de pessoas” no novo século apenas imaginando que precisamos resolver o problema do tempo mais lento para um mais veloz.

Revoluções Cognitivas são fenômenos macro-históricos e cada uma tem características diferentes:

Ou são centralizadoras (como foi a das mídias de massa e da escrita manuscrita) ou descentralizadoras (como a da prensa e da Internet).

As centralizadoras são incrementais e conservadoras. E as descentralizadoras são radicais (como a da prensa) ou disruptivas (como a chegada da oralidade ou da Internet).

A Revolução Digital introduz na sociedade duas novidades:

  • um novo modelo de comunicação, a dos rastros digitais similar ao das formigas, que permite uma participação de massa, algo impossível, até então, é a base do Uber e similares;
  • E é essa nova comunicação de rastros, que se vê em todos os projetos inovadores, que permite a criação de novo modelo de administração da espécie mais compatível com atual complexidade.

O Sapiens cresce demograficamente e é natural que mudemos a administração de tempos em tempos. Falta isso como fator fundamental para a compreensão do novo século!

A velocidade, descrita no livro, é característica da primeira onda de uma Revolução Cognitiva, que é da descentralização, como ocorreu com a chegada da Prensa, em 1450.

Houve mudanças radicais na sociedade pós medieval, se acelerou a inovação tremendamente, mas o modelo administrativo sofreu apenas um upgrade, dos reis para os primeiros ministros, do feudalismo para o capitalismo.

Podemos dizer que foi um fenômeno meso-histórico, pois alterou muito a sociedade, mas não como estamos vendo agora. Fechamos um ciclo macro-histórico  de 70 mil anos, no qual estamos concluindo a nossa fase “mamífera” e passando para a nova “insética”, devido ao aumento demográfico de um para sete bilhões dos últimos 200 anos.

Hoje, a chegada dos rastros digitais faz do atual momento algo diferente. Não igual e mais veloz.

Hoje, é possível acabar com os antigos intermediadores, onde se inclui professores e educadores nos moldes antigos, pois o cidadão pode informar ao outro sua experiência e ajudar a se tomar decisões com uma taxa de confiança muito maior diante da complexidade.

Cortella e Dimenstein têm sacadas brilhantes e úteis, mas estão, como eu também estive nos últimos 10 anos de pesquisa, engaiolados nos limites dos paradigmas filosóficos e teóricos do século passado.

Que não conseguem enxergar o surgimento de uma nova Era não mais veloz, mas completamente diferente. Um novo Sapiens, que precisa urgentemente da Inteligência Artificial para resolver seus problemas, incluindo o da formação.

Vivemos sim a Era da Curadoria, mas Digital, fortemente baseada em Inteligência Artificial e Participação de Massa, que não é mais veloz que a anterior, é MUITO diferente.

Diferente e mais sofisticada, a única capaz de lidar com mais elegância e humanidade a Complexidade Demográfica de 7 bilhões de almas, que resolvemos adotar.

Texto do meu novo livro: Informação 3.0. Baixe aqui: http://tinyurl.com/cadcertipdfs

Vídeo complementar ao texto:

One Response to “Tempos velozes ou tempos diferentes? Crítica à visão de Cortella sobre a Era da Curadoria – Parte II”

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