O primeiro passo é separar um blog científico de um blog que faz divulgação científica.
- Um blog que faz divulgação científica publica em alguma lugar formal da atual academia e divulga no blog.
- Um blog que faz ciência publica no blog a sua pesquisa.
O blog passa a ser o espaço de produção científica.
Junta produção e divulgação no mesmo lugar.
Abandona-se assim de forma parcial ou total o espaço tradicional de produção da academia.
Estamos falando aqui do segundo caso, um blog em que o pesquisador fará dele o seu espaço de reflexão e publicação.
Nesse momento podemos nos perguntar o que podemos chamar de científico?
Científico é um método de análise de um dado problema ou fenômeno, que visa ampliar o conhecimento de um dado pesquisador sobre ele. O fato de ser feito fora da academia não torna a produção mais ou menos científica, vai depender da contribuição que a produção do blog e o resultado de seu método de análise terá para a sociedade.
Um blog qualquer não-científico:
- – não tem um foco definido;
- – se tem, não procura ter um método científico de análise.
Como eu definiria um método científico de análise:
- – identificação de conceitos;
- – relação entre conceitos;
- – separação entre filosofia, teoria e metodologia.
Há na narrativa científica a procura de classificação e identificação dos objetos de estudos e as relações entre eles, através de padrões. Quando se procura realizar isso, temos a tentativa de um método científico, que pode produzir resultados eficazes, ou não, dependendo do mérito do pesquisador.
O blog, portanto, definirá um problema (que procurará reduzir a angústia do sofrimento) ou de um fenômeno (que irá reduzir a angústia da curiosidade) e procurará avançar para ver melhor e sugerir agir melhor sobre ele.
Um blog científica, assim, terá um foco de estudo.
No meu caso:
- O que é a Revolução Cognitiva?
- Por que surge?
- Para onde vai?
- Como podemos lidar melhor com ela, reduzindo sofrimentos?
Um blog científico passa, assim, a ser uma “pesquisa viva”, na qual o pesquisador não tem um caderno de rascunho privado, mas passa a tê-lo de forma pública, compartilhando com quem desejar, o seu avanço intelectual, recebendo criticas e sugestões.
Um blog científico terá as seguintes divisões:
- Categorias – as diferente classificações das ideias produzidas;
- Posts – os diferentes rascunhos produzidos;
- Links – os diferentes lugares que ele considera relevante para a sua pesquisa;
- Conceitos – um post que reúne os conceitos como referência;
- Slides – que reúne os slides de apresentação e dos desenhos explicativos do modelo mental que vem sendo trabalhado (uso o slide share como armazenamento);
- Áudios e/ou vídeos – que reúne os áudios e vídeos de palestras, aulas, apresentações, reflexões do autor (uso o Youtube para isso).
Como o blog é um espaço de reflexão aberta do pesquisador, ele trará para cá as suas dúvidas. A cada post, procurará retratar o que percebeu, o que poderia ser melhorado no que vinha pensando.
Um blog científico é a expressão tangível do que chamo de Conhecimento Líquido.
Só faz sentido produzir um blog científico aquele pesquisador que faz de sua pesquisa um trabalho significativo, reduzindo o lado formal do mesmo. Ele está ali tentando avançar na sua visão e ação diante do foco escolhido.
É algo para se deixar um legado, o que reduz a importância de público, pois é feito para o próprio pesquisador avançar. Se tiver público (que acaba vindo devido a originalidade) melhor, mas não é o foco, é consequência.
O blog científico é a expressão clara e a afirmação da necessidade de construir a Ciência 3.0, um novo modelo de fazer científico aberto e compartilhado, que deve mais e mais ganhar corpo ao longo do tempo, incluindo grandes plataformas de blogueiros.
É isso, que dizes?
[…] Texto original disponível aqui. […]