Os dois têm funções distintas: o palpite é algo que alguém tem sobre um determinado fenômeno, a partir da sua experiência, seja agindo, pensando, sentido. Uma teoria é algo que alguém tem, a partir do estudo em uma bancada de laboratório, no qual um determinado fenômeno é “dissecado”.
Podemos até dizer que o tempo para se formular um palpite pode até ser igual ao de formular uma teoria, não é uma questão de tempo, mas de abordagem.
Um fenômeno analisado por uma teoria deve ter:
- – uma maior precisão do escopo do fenômeno, através de classificações, através de uma lógica que separe o joio do trigo e melancia de tomate;
- – uma aplicação do escopo e suas diferentes classificações em contextos distintos (local, tempo), ou seja, onde e quando isso já aconteceu antes, pois nada é inusitado, apenas não foi bem percebido;
- – uma procura de similaridade do fenômeno em diferentes contextos, que é a base de toda teoria, o sentido de repetição, de ordem diante do caos;
- – e, por fim, o registro de normas e leis mais eficazes que regem aquele dado fenômeno, o objetivo sinal de toda teoria, que vai guiar, a partir daí, a construção de metodologias para agir em cima do dado fenômeno.
Quando vejo análises sobre o mundo digital, de maneira geral, noto logo quando é palpite ou o esboço de uma teoria, pois os elementos acima não aparecem ou aparecem ainda de forma embrionária.
A pessoa não se preocupa em situar o escopo do fenômeno, colocá-lo em outros contextos, incluindo o passado, não procura similaridade e não procura normas e leis.
Apenas tem palpites vagos, a partir da sua experiência e sensibilidade, o que pode ser útil em problemas mais simples, mas JAMAIS em problemas sofisticados, desconhecidos e complexos, o que seria um crime!
Isso não quer dizer que toda teoria é mais consistente do que palpites, vai depender dos palpites e das teorias e dos problemas a serem disssecados.
Mas não se pode comparar quando se tem uma teoria mais consistente, quando se tem palpites consistentes, as teorias são as ferramentas humanas para se entender e agir sobre problemas complexos e inusitados.
E os palpites para algo rápido e já bem conhecido.
No fundo, os palpites são sugestões em cima de velhas teorias, sem que a pessoa se dê conta disso.
Não utilizar métodos teóricos, quando necessários, pode ser considerado um crime contra a inteligência humana, com consequências perigosas, pois toda teoria (e palpite) gera uma ação, mais ou menos consistente.
É isso, que dizes?
[…] Fonte: http://nepo.com.br/2014/05/06/qual-a-diferenca-entre-uma-teoria-e-um-palpite/ […]