Estamos vivendo a migração de organizações piramidais com lideranças mais fixas para um modelo de organizações em rede colaborativas, com lideranças muito mais rotativas.
Vamos precisar trabalhar com dois alicerces que constituem uma Governança para entender os modelos e possíveis crises futuras
- – o operacional – que define como as decisões são tomadas no dia-a-dia;
- – o da propriedade – como e com quem fica o valor gerado na operação.
O modelo operacional que acho que vai vingar de maneira é o da Estante Virtual e alhures, que podemos chamar de Governança Digital por mérito descentralizada com auto-gestão dos usuários.
Rede de sebos que são auto-gerenciadas pela relação direta com a sociedade, via algoritmos colaborativos, no qual cada transação é registrada, avaliada por quem participou dela, publicada e serve de parâmetro para a tomada de decisões do próximo comprador/vendedor.
É uma governança barata e bem compatível com a atual complexidade demográfica.
Quem tem mérito, sobe e quem não tem desce.
Até aí tudo certo, mas o modelo operacional pede uma mudança também na distribuição da geração de valor, pois os interesses do conjunto começará a esbarrar com o do centro.
Note que a rede é criada em torno de um centro que tem um dono, que nem sempre está muito afeito a dividir o que ganha com a sua rede.
Ou seja, o modelo de organização é descentralizado, auto gerido pelo mérito.
Mas o dono da plataforma estabelece as regras e se torna uma figura pouco meritocrática e toma um conjunto de decisões de forma isolada. Há uma incompatibilidade entre a Governança operacional da de propriedade.
Há um incompatibilidade entre o ambiente que está sendo criado fora e a governança pratica dentro.
O modelo que mais me chama a atenção é do Youtube, agora do Google.
A Govenança operacional é Digital Algorítmica, mas a tomada de decisão, os critérios, a posse da plataforma é ainda do antigo modelo. Tem um dono que mudou parcialmente a sua cabeça.
Os investidores chegaram, investidores no estilo antigo, lucro rápido e sem conceito.
Assim, o Youtube ao invés de incentivar uma indústria de novos produtores de vídeo e compartilhar o ganho com todos.
Tem optado pela centralização de alguns canais, remunerando apenas estes, apesar de colocar anúncio em todos e lucrar.
Ou seja, o Youtube só aceita a cauda longa, ganhar de todos aos poucos na hora de anunciar, mas não de remunerar.
Assim, não consegue transformar o reconhecimento afetivo de missa, que muitos canais têm de seu público cativo e de nicho em reconhecimento financeiro de missa.
Repete, assim, a lógica do reconhecimento afetivo e remunerado de massa.
Um dos pontos centrais que acho que vai gerar uma boa crise mais adiante, mexendo com a estrutura básica do capitalismo é a questão da propriedade, pois haverá cada vez mais uma incompatibilidade entre a Governança da operação com a Governança da propriedade.
A Governança da propriedade hoje é a antiga, com seus vícios, dentro de uma Governança operacional que tem outra lógica.
É isso, que dizes?