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Conceitos são a células onde estão embutidos os códigos genéticos da teorias e das filosofias.

Tivemos uma boa discussão no laboratório de inovação colaborativa digital da IplanRio esta semana.

O debate girou em torno de dois conceitos.

Linguagem na Internet e mundo virtual.

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Muitos dirão que discutir conceitos é perda de tempo, pois não tem nenhum resultado prático.

Sim e não. E aí teríamos a criação de um conceito sobre a discussão dos conceitos. 🙂

  • Debate relevante sobre conceitos – que é aquele no qual o conceito interfere e/ou impede que problemas que causam sofrimento sejam melhor trabalhados;
  • Debate irrelevante sobre conceitos – que é aquela na qual o conceito NÃO interfere e/ou impede que problemas que causam sofrimento sejam melhor trabalhados.

(Obviamente, que o que você considera que causa mais ou menos sofrimento é o seu ponto de vista de como está vendo o cenário e, para isso, foi criado argumentos lógicos e comprovações no campo.)

No termo virtual, que discuti aqui, não me incomoda o uso, por exemplo, que Silvio Meira deu ao conceito virtual. Ele usou “suporte virtual” e todo o discurso que teve em torno do tema era de que a Internet veio para mudar e ajudar o mundo a ir adiante. O uso virtual era um sinônimo ao digital, indolor. Numa mesa de bar poderia discutir com ele que digital, a meu ver, era mais preciso, mas nada grave.

Não incomodou aos MEUS ouvidos, a partir das problematizações que já fiz sobre o conceito Virtual, que tem história e inclusive livros (vide Pierre Lévy).

O que analisamos da realidade é algo parecido, os conceitos são quase sinônimos.

Post 12

Discutir com Silvio Meira seria algo de egos, um debate irrelevante sobre conceitos, pois a estrada em que se caminha está indo na mesma direção, com, digamos, gostos diferentes.

Não é um conceito que me incomoda, pois não tenho nada a colaborar em uma possível problematização.

No uso do termo virtual, entretanto, usado por Marilena Chauí é diferente. Ela usa o virtual, como algo irreal, como algo que vem de forma anti-natural prejudicar o ser humano. É uma abordagem nostálgica, do tipo, bons tempos aqueles antes da Internet. A problematização do virtual com ela é um debate relevante, pois o conceito virtual tem uma conotação negativa, de algo que não conhecemos e devemos ter medo.

Na discussão da linguagem da Internet tivemos algo interessante também.

Minha defesa é diferente, pois com Chauí eu rejeito o uso do virtual.

Acho que é inadequado para falar de efeitos de tecnologias cognitivas.

Já no da linguagem e das técnicas de comunicação sugiro uma atualização e chamo a atenção para a ênfase de importância que atribuímos a ele antes e o cuidado que devemos ter agora.

Procurei demonstrar que os dois conceitos se referiam a algo que foi marcado por um ambiente midiático mais fixo e pré-determinado e que precisam ser revistos no novo ambiente digital, pois não se pode mais saber como o receptor recebe a mensagem, além de todo o potencial que ele tem agora de lidar com ela de formas distintas, parando, baixando, pulando, etc. Há uma mudança significativa entre o velho conceito de emissor-receptor que moldou o conceito linguagem de comunicação e técnicas de comunicação.

abisso

Ao defender a atualização destes dois conceitos e a relativização hoje do peso excessivo (que teve no passado) das técnicas e da linguagem, quero libertar os novos donos de canais de algumas amarras recorrentes hoje na Internet, do tipo:

  • um vídeo se faz assim, com tanto tempo, pois é isso que o povo gosta;
  • ou um blog deve ter textos curtos, assim, assado, com frases assim ou assado.

Além disso, quero chamar a atenção para um autoritarismo que existe do atual receptor de querer impor ao emissor, dono independente do seu canal, uma norma como se fosse feito para ele. É um pouco, mas é muito mais para quem é dono do canal, que deve aceitar com cuidado sugestões, que podem ser danosas para a sua singularidade.

Claro que há algumas cascas de banana para que uma mensagem seja melhor vista por mais gente, mas o que ser quer ao questionar e procurar problematizar os conceitos de técnicas de comunicação e linguagem é justamente tirar o peso que tiveram no passado para que as pessoas possam se sentir mais livres para procurar o seu próprio caminho.

Muitas vezes ao problematizar um conceito é necessário radicalizar a crítica para tirar aquele conceito de uma zona de conforto de uso para que as pessoas lembrem, de algo do tipo: “eu já discuti sobre isso”, “tem gente que não gosta deste termo por causa disso e daquilo” o que acaba por criar uma ponta de reflexão, impactando na prática, pois se traz à luz o DNA filosófico-teórico do que está por trás.

Vai se usar o conceito, mas com cuidado de ver se a prática continua, tirando uma dada conotação do uso.

Discutir conceitos que provocam práticas pouco eficazes, que causa sofrimento, é, a meu ver,  um dos papéis dos teóricos e dos filósofos, no fazer da ciência.

Por aí,

que dizes?

Versão 1.0 – 17/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.

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