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Hoje, caminhei ouvindo a entrevista de Augusto de Franco sobre educação, aqui neste link (http://www.youtube.com/watch?v=tuPvOifsXqI).

A conversa acabou rolando, “ao vivo”, no Facebook.

Várias coisas me passam pela cabeça.

O primeiro ponto é perceber que podemos separar o joio do trigo do ponto de vista epistemológico (da análise do conhecimento) de diferentes pensadores sobre o mundo digital.

Perguntei-me:  por que o Augusto é tão preciso na sua análise sobre educação e em vários outros aspectos?

Minha hipótese é de que Augusto tomou, lá atrás, na encruzilhada epistemológica do século XXI o caminho da sociedade em rede ao invés de pegar o da sociedade do conhecimento.

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Este caminho diz não para:

  • – ignorar o papel das tecnologias (como uma força a ser considerada) em grandes mudanças humanas;
  • – questionar o peso da economia, das forças produtivas, em todas as mudanças da sociedade.

Este caminho diz sim para:

  • – analisar as topologias das organizações, sua estrutura e poder coloca-las como o ponto focal principal das mudanças.

A clareza de Augusto de Franco está nessa opção pelo sim (rede) e pelo não (sociedade do conhecimento/economicismo).

 

É o que chamamos de corte epistemológico de análise e, a meu ver, podemos separar os pensadores hoje que procuram analisar os novos fenômenos sociais entre os que ainda não pegaram a encruzilhada da sociedade em rede daqueles que já o pegaram.

Muitos dirão que isso foge da “pós-modernidade”, pois dentro do conceito pós-moderno todo mundo pode pensar o que quiser, quando quiser e onde quiser. Sim, sou completamente aberto a esse raciocínio, desde que encaremos a ciência como arte.

A ciência, meus amigos, não vem passear e nem brincar de gangorra na sociedade.

O objetivo de um pensador que se preze é ser um farol para quem precisa tomar decisões práticas.

Assim, cabe ao teórico analisar fenômenos, forças, relação entre as forças para poder ajudar a organizar o pensamento e possibilitar ações. Se é apenas para bater papo e tomar cerveja depois, não é ciência é outra coisa.

Se estivermos em uma sociedade em rede em uma guinada civilizacional, como defende Augusto de Franco, Pierre Lévy, em certa media Castells precisamos agir e pensar o futuro para preparar as pessoas para esse novo cenário,  que nos leva para um determinado tipo de mudança topológica das organizações na sua forma de tomar decisões, produzir verdades, produtos e serviços.

É algo profundo que exige um grande fôlego.

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Se estivermos, por sua vez, em uma sociedade do conhecimento como vários pensadores defendem o caminho a ser percorrido é outro, bem mais light, com outras metodologias, capacitação, etc.

Seriam mudanças cosméticas na mesma topologia atual.

Ou seja, não se trata de dois quadros na parede em que vamos degustar com os olhos no fim de semana, mas de visões filosófico-teóricas que nos levam para metodologias distintas.

São pontos de inflexão mais profundos, tais como foram a visão de Darwin sobre evolução e Freud sobre o inconsciente, ou ainda Galileu sobre a terra girar em torno do sol, ou não.

São encruzilhadas fundantes, definitiva, profundas, que marcam uma mudança de como o ser humano olha a si próprio. Por isso, não estamos aqui falando de digressões, mas de algo que muda completamente a análise do cenário futuro.

É disso que se trata.

Grande parte das organizações, por exemplo, não problematizaram essa questão.

E no piloto automático já decidiram pela estratégia menos dolorosa da sociedade do conhecimento, mudanças pontuais na comunicação, que não exigem grandes mudanças na maneira de tomada de decisões ou da produção da verdade.

O pensamento de Augusto de Franco nesse vídeo, que é tão límpido, em vários aspectos (depois falarei de pontuais discordâncias) vem justamente colocar a chegada de uma nova topologia de rede como o fator principal da mudança.

O resto depois vai ficando mais fácil, pois o caminho tomado é profícuo, lhe dando mais e mais margem para passear pelos fatos, pois vai se mostrando coerente.

Quem estuda o fenômeno e adora o vídeo,  nem sempre percebe por que é tão claro.

Digo-lhes: para ele chegar lá teve que jogar na lata do lixo algumas ideias circulantes que não faziam mais sentido. É o que todos nós precisamos fazer para dar o salto que ele já deu.

Ele é um dos surfistas teóricos brasileiros que já está do outro lado da rebentação.

Que dizes?

 

 

 

One Response to “A encruzilhada epistemológica do século XXI – Dialogando com Augusto de Franco”

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