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Versão 1.0 – 17/08/12

(Depois de um papo com Ricardo Ribas)

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A epistemologia estuda a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento, motivo pelo qual também é conhecida como teoria do conhecimento (tirei daqui.)

Existem várias polaridades nessa discussão e vou destacar algumas.

  • Dos fatos/experiências para as ideias ou das ideias para os  fatos/experiências?
  • A ciência é feita de continuidade ou rupturas?

Se aplicarmos as novas indagações/formulações da tecno-antropologia cognitiva (começando a gostar dessa nova designação) podemos analisar que a maneira de pensar do ser humano varia conforme o ambiente cognitivo que ele tem disponível, pois todo o pensamento é produzido, a partir de um dado canal, que precisa de um dado suporte.

Este canal  e este suporte não são fixos e variam na história com a chegada e massificação de uma dada tecnologia cognitiva (fala, escrita, alfabeto, escrita impressa, computador, internet…). Sou um dos seguidores da Escola de Toronto.

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Se há variação na plataforma de produção do conhecimento, obviamente que há algum tipo de influência no que é produzido.

Como temos visto, e estamos avançando nesse estudo, é de que os ambientes cognitivos na história tem dois movimentos:

  • De expansão – quando as ideias se descontrolam;
  • De retração – quando as ideias são de novo recontroladas.

No primeiro movimento, temos uma expansão do cérebro, uma mutação que o torna mais capaz para lidar com mais complexidade. No de retração, há uma consolidação dessa expansão e, de novo, uma estabilidade.

Ou podemos dizer a criação de uma nova plástica cerebral que se torna mais sofisticada para lidar com mais complexidade – tendo uma relação direta com o aumento demográfico. Tema que trabalhei também no meu livro impresso.

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Nestes dois movimentos teremos ciências ou modelos de ciência que serão mais hegemônicos, principalmente em se tratando na área de ciências sociais e as aplicações das mesmas na sociedade.

  • Na expansão, haverá necessidade e mais vitalidade no enfoque das ideias para os fatos/experiências, da filosofia/teoria para metodologias, pois a expansão vai criar movimentos de renovação e criação de novos modelos da gestão da espécie. Aqui teremos mais ênfase na dedução, descontinuidade, ciência extraordinária.
  • Na retração, quando vamos consolidar o momento passado, haverá necessidade de ter mais vitalidade nas metodologias, que vão adequar o novo ambiente, invertendo das metodologias/teorias, como pouco movimento na filosofia. Aqui teremos mais ênfase na indução, continuidade, ciência normal.

Assim, há uma nova luz na discussão entre os empiristas x racionalistas, pois, a meu ver, cada um ocupa o espaço em um dado tempo, nos movimentos de expansão ou retração do ambiente cognitivo.

  • Podemos dizer que na expansão estamos grávidos do que o Kuhn chamou de ciência extraordinária.
  • E que no momento de retração vamos caminhar para a ciência normal.

A descontinuidade da ciência levantada por Bachelard e depois trabalhada em Kuhn e vários outros nos leva para a visão de que há ciclos longos de expansão e retração, no qual partimos dos conceitos para os fatos ou dos fatos para os conceitos com mais ou menos intensidade, se estamos em processo de revisão geral ou de consolidação.

Se aplicarmos na história, podemos especular que no mundo ocidental:

  • Da Grécia, surgimento do alfabeto grego, Jesus/apóstolos, até a consolidação da Igreja – tivemos um ciclo de expansão;
  • Da consolidação da Igreja até 1450, surgimento da prensa – um ciclo de retração e de controle, ao longo da Idade Média, que muitos chamam idades das trevas;
  • Do surgimento da prensa até a revolução francesa – um ciclo de expansão;
  • E da revolução francesa até hoje – um ciclo de retração, que muitos chamam Idade Mídia, ou da semi-treva. 😉

Muitos dirão que a ciência avançou muito da revolução francesa para cá isso é inegável, mas podemos dizer que do ponto de vista da maneira como vemos o ser humano e a forma como organizamos a sociedade, vivemos um movimento de consolidação e de controle. E isso se espelha em uma redução radical da expansão da taxa de uso e prática da filosofia na/pela sociedade.

Tivemos avanços em todos os outros campos, mas o modelo foi sempre reforçado e consolidado.

Bom, esta é a primeira abordagem desse tema novo.

Por enquanto, é isso.

Que dizes?

2 Responses to “A releitura da epistemologia das ciências”

  1. Ribas disse:

    Vou pegar a minha bike para seguir a van de vocês…assim, humildemente poderei dizer que – de alguma forma – eu também sigo a Escola de Toronto.

  2. […] Lévy já consegue ser mais amplo, adota novos instrumentos e já inaugura na forma e no conteúdo um novo modelo de ciência e filosofia mais apropriada para as fases de reforma/expansão pós revoluções cognitivas (ver mais sobre uma nova epistemologia aqui.) […]

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