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Apresento o quadro abaixo, que, na verdade, não tem muita coisa de nova, mas é importante definir uma visão de como as relações de interdependência funcionam em uma dada sociedade, a partir da nova visão antropológica tecno-cognitiva sempre com graus, níveis e taxas e como variam, a partir do controle das ideias e do tempo de continuidade de uso de um dado ambiente tecno-cognitivo:

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O cidadão/consumidor estabelece uma relação dialética com as organizações, sem as quais não vive. Ele precisa prestar serviços e consumir, com taxas de qualidade distintas. Não podemos prescindir das organizações, pois precisamos dela para sobreviver e trabalhar.

Há no centro do quadro uma relação de taxas de verdades (mais fatos) e mentiras (mais aparências). Estabelece-se  verdades e mentiras mais ou menos aceitas pela sociedade, a partir do controle de ideias pelas organizações.

Quanto maior o controle, maior serão as aparências e menores serão os fatos comprovados. Tende-se na continuidade do controle cada vez mais termos um discurso de mais e mais autoridades que ganham fama pela sua aparência/cargo que ocupam e não pelo que, de fato dizem, ou fazem.

Há uma tentativa de tentar criar uma aura de eternização da autoridade no cargo.

Tudo isso varia por vários fatores econômicos, sociais, políticos e culturais.

O que temos de novo é a percepção que o tempo de controle de ideias (que podemos chamar de ditadura tecno-cognitiva) de um mesmo ambiente tecno-cognitivo controlador provoca  um efeito geral nas taxas de qualidade de vida do cidadão/consumidor e de perfil das organizações sociais.

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Quanto mais um determinado ambiente tecno-cognitivo é apreendido e dominado pelas organizações de plantão mais teremos, pela ordem e vice-versa:

  • Baixa taxa de capacidade crítica do cidadão/consumidor, com uma plástica cerebral mais estática, pré-determinada pelo modelo das autoridades de plantão;
  • Baixa qualidade de oferta de prestação de serviços, pois teremos baixa taxa de projetos pessoais e coletivos, com relativa perda de espaço para questões filosóficas, com aprofundamento do material sobre o espiritual (pensando espiritual como princípios);
  • De organizações mais voltadas para os propósitos/interesses/demandas de suas autoridades (com alta taxa de materialidade) para se manter e se perpetuar e não mais sujeita aos interesses do cidadão/consumidor;
  • Baixa taxa de qualidade de consumo, pois aceita-se as regras impostas do jogo das aparências pelas autoridades de baixa representação de princípios;
  • Um aumento da taxa de mentira (aparência), o que podemos entender de que as aparências/versões estarão mais consolidadas como critério de verificação do que os fatos.

Muitos dirão que isso funciona apenas para um tipo de organização ou em um dado sistema político/econômico, mas isso se estabelece e se estabelecerá, a meu ver, em todas as organizações humanas, pois quando a sociedade deixa de controlá-las a sua tendência é criar cada vez mais um muro entre seus interesses imperiais/corporativos e os do cidadão/consumidor.

Lutas sociais ocorrem o tempo todo e há organizações que se deixam mais ou menos se levar por esse espaço vazio deixado pelo descontrole social sobre elas, bem como há autoridades e autoridades, que têm mais incorporada em si critérios de mais ou menos princípios.

Há fatores de perfil humano que criam variações, o que nos impede de ver tudo no preto e no branco.

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Porém, se pudéssemos colocar um medidor em toda a sociedade, perceberemos que as taxas gerais de qualidade da sociedade (prestação de serviço/consumo) vão caindo mais e mais, criando crises que se tornam cada vez mais agudas se, paralelo ao controle tecno-cognitivo, há o aumento populacional, pois as demandas crescem em quantidade e qualidade.

Pode-se notar um forte movimento hoje em vários segmentos de questionamento social, em todos os campos, contra esse modelo material-auto-centrado das organizações de costas para a sociedade.

Um exemplo claro é o questionamento do lucro sem princípios como fator fundamental para o sucesso de uma organização, que espelha bem o modelo pós-ditadura cognitiva, que começa a ser fortemente questionado nos movimentos que saem para a ruas em todo o mundo.

A meu ver, não é o capitalismo que está na berlinda, mas o que o capitalismo acabou criando ou se transformando com o forte controle das ideias que fomos submetidos no último século.

Bom, por enquanto é isso.

Que dizes?

 

3 Responses to “#1.1 – Uma visão tecno-cognitiva da sociedade”

  1. […] É uma fase típica do final de um período de Ditadura Cognitiva e consolidação de um modelo hegemônico tecno-cognitivo, como pode ser mais detalhado aqui. […]

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