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Versão 1.0 – 29/07/2013

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Na guinada de pensamento provocado pela antropologia cognitiva, percebemos que a história humana é feita de rupturas de ambientes de circulação de ideias.

Há um movimento de controle e descontrole das ideias, em função do surgimento de uma nova tecnologia cognitiva reintermediadora e o não conhecimento da mesma pelas autoridades de plantão.

Veja na figura abaixo:

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As bolas em azuis marcam a chegada de novas tecnologias cognitivas reintermediadoras, tal como a fala, a escrita, o alfabeto, o papel impresso, a Internet.

Há um movimento de descontrole das ideias, na qual as falsas narrativas e práticas das autoridades vigentes – intoxicadas pelo período de controle –  perdem o sentido é há um amadurecimento do uso do novo ambiente cognitivo primeiro por quem está de fora do sistema.

As organizações/autoridades no ambiente de controle passado vão ficando conservadores e deixam que os “de fora” se utilizem primeiro da novidade, o que vai criando um movimento de narrativa alternativa, com novos atores, que passam a questionar a falsa narrativa e as falsas organizações. Cria-se, assim, um novo modelo de validação das novas autoridades que vem de fora do sistema, empoderados pelo novo ambiente cognitivo muito mais meritocrático. O novo ambiente expressa e valida cada vez mais quem diz/faz algo interessante, diferente e não mais pela posição ocupada na sociedade pelas falsas autoridades.

A vivência nos ambientes de mídias sociais, que muitos consideram alienantes e só com “abobrinhas” é algo, ao contrário, revolucionário, como ocorreu com a chegada de todas as outras mídias descontroladoras, pois:

  • a) cria um elo antes não existente entre os cidadãos;
  • b) começa-se a receber novas percepções fora das falsas narrativas;
  • c) começa-se a “muscular” as percepções;
  • d) cria-se um fortalecimento da auto-estima, pois vê-se que não se está só nas angústias.

Libertação

Toda a estrutura de falsas autoridades é montada na baixa taxa de percepção e de baixa auto-estima, que mantém a falsa narrativa com certo poder de controle, mesmo em ambiente pseudo-abertos e democráticos.

A quebra da ditadura cognitiva se expressa em movimentos autônomos, nos quais há principalmente, mais do que uma nova ideologia, ou uma nova concepção do mundo, uma percepção clara e evidente da falsa autoridade e sua respectiva falsa narrativa.

Não se sabe para onde se vai, mas se sabe claramente que o falso respeito pelas autoridades de plantão não se sustenta mais, que é a base para que uma sociedade possa caminhar para um mundo pós-ditadura cognitiva.

Ou se volta para um regime de força, como está acontecendo em alguns países árabes, ou se procura uma alternativa política para se recriar o modelo democrático, que é o que se tentou com certo êxito na Islândia, procura-se algo assim na Itália, Espanha e Estados Unidos. E agora também intensamente, talvez na vanguarda, o Brasil.

(Aqui temos um modelo pré-revolução francesa de exploração dos pobres analfabetos versus a consciência de um empoderada juventude digital, o que nos faz um caso único em todo mundo, pois vivemos um modelo de governo pós-revolução francesa, diferente de certa forma aos países árabes)

Efeitos

Ao lidar diretamente com meus alunos, percebo que há um grande gap de percepção da falsa narrativa.

Todo poder, seja onde for, que tem continuidade no tempo dentro de um mesmo ambiente cognitivo, tende a cria uma ditadura cognitiva e, por sua vez, um discurso mais unificado, criando cada vez mais uma transparência e invisibilidade do transmissor do canal.

Se crê que o seu discurso da falsa autoridade é o meu discurso.

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O que se pensa, se diz, se ouve é a verdade, a minha verdade, que eu passo a aceitar e reproduzir, como se fosse minha, pois há uma baixa taxa de percepção da realidade. Não percebo que a verdade foi construída por alguém, com determinado interesse específico para manter seu posto de autoridade com suas defesas para se manter no cargo com os benefícios cada vez mais voltados para si.

Não importa muito, na verdade, a discussão filosófica se a realidade existe ou não existe, se é finita, ou não, se é de Deus ou não, apenas que toda a realidade é interpretada por alguém que não é a pessoa que a reproduz.

O fundamental é empoderar as pessoas com baixa taxa de percepção a sua capacidade de começar a enxergar os códigos que são construídos pela falsa narrativa.

O filme Matrix é perfeito nessa direção, pois todo o ambiente é construído para que não se perceba a exploração das autoridades sobre a sociedade.

Neo e seus comparsas conseguem compreender e entender os códigos, mas não conseguem superá-los afetivamente, tanto que morrem se forem baleados, pois apesar da superação mental, precisam acreditar/confiar em uma nova ordem e em uma nova autoridade.

Por isso, Neo é o escolhido, pois é o único que pode superar afetivamente as autoridades, ser baleado e não morrer!

É isso que ocorre em uma das últimas cenas quando Neo é baleado e renasce, conseguindo ver o código e não mais sendo atingido pelo antigo modelo.

neo

É um neo-filósofo que já não acredita mais PARA VALER nas novas autoridades.

Houve uma superação afetiva-cognitiva completa e não parcial, como os seus comparsas. Por isso ele é o escolhido, aquele que tem capacidade para essa superação.

A partir dali, tudo que as autoridades tentam fazer com ele é inofensivo, pois ele superou a dominação tanto afetiva quanto cognitiva.

É essa tentativa de acreditar/confiar no novo modelo de geração de autoridades, via digital, o grande desafio da nossa época.

Podemos até usar estrelas, curtir, colaboração de massa algorítimos para muitas coisas sem grande repercussão na sociedade –   o grande desafio porém é acreditar que tudo isso pode ser usado para algo mais sofisticado tal como criar empresas, eleger políticos ou governar cidades.

É esse o desafio que precisamos superar.

Conseguir ver os falsos-códigos, não acreditar mais neles.

E acreditar naqueles que criamos.

Por aí, que dizes?

2 Responses to “A ditadura cognitiva e seus efeitos”

  1. […] – apesar de estarmos em pleno século XXI – resultado do que estamos chamando de “ditadura cognitiva e seus efeitos“. Diferente do que achava antes, não vivemos evoluções filosóficas, mas períodos de […]

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