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Versão 1.0 – 24/07/2013
Se houver erros no texto, ajude, comentando. Este blog é apenas um rascunho compartilhado.

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Não haverá na espécie humana uma sociedade sem autoridade.

Do Wikipédia (pai dos burros digitais):

Autoridade é um gênero ou uma simples fonte de poder. É a base de qualquer tipo de organização hierarquizada, sobretudo no sistema político. É uma espécie de poder continuativo no tempo, estabilizado, podendo ser caracterizado como institucionalizado, ou não, em que os subordinados prestam uma obediência incondicional, ao indivíduo ou a instituição detentores da Autoridade. Ou seja, a Autoridade transmite a mensagem fps 24 de ordem sem dar razões ou algum argumento de justificação e os indivíduos subordinados a esta autoridade aceitam e obedecem sem questionar.

Eu mudaria este texto para o seguinte:

Autoridade é um gênero ou uma simples fonte de poder. É a base de qualquer tipo de organização seja ela qual for.  É uma espécie de poder continuativo no tempo, que se estabiliza, podendo ser caracterizado como institucionalizado em que os subordinados prestam algum tipo de obediência  ao indivíduo ou a instituição detentores da Autoridade. 

Note que a definição do Wikipédia na fase final, seja lá quem escreveu, é de um tipo de autoridade, talvez característica do Brasil, uma autoridade impositiva, com baixa qualidade narrativa, veja abaixo:

Ou seja, a Autoridade transmite a mensagem fps 24 de ordem sem dar razões ou algum argumento de justificação e os indivíduos subordinados a esta autoridade aceitam e obedecem sem questionar.

Chama a atenção também de que se sugere que autoridade só existe em organizações hierarquizadas, o que nem sempre se dá desse jeito, pois em organizações mais horizontais há também autoridades, mas são aquelas que ficam menos tempo no “cargo” e são autoridades que se mantêm como tal pela qualidade da narrativa e prática e e não apenas pelo aprendizado das manhas do uso do poder.

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A ideia negativa da autoridade é tipica de uma sociedade com autoridades de baixo prestígio.

Gosto muito quando se define autoridade como aquela que é constitutiva no tempo, pois uma sociedade mais aberta e eficaz terá autoridades mais mutantes e isso nos leva a algo interessante, das eras das autoridades versus as tecnologias cognitivas. Podemos dividir as autoridades da seguinte forma:

Autoridades orais – note que no mundo oral, as autoridades eram hereditárias, escolhidas por Deus, sem margem de narrativa, pois se Deus escolheu aquela autoridade, não havia ninguém na terra que fosse tirá-la do cargo. Era a autoridade com poderes divinos, baseado em textos pseudo-psicografados que as garantiam e também a seus herdeiros. Eram autoridades perenes e de pouca rotatividade, que sobreviveu ao mundo escrito manuscrito. Todo o movimento do papel impresso, dos filósofos modernos foi o de questionar esse modelo de autoridade permanente, através do fortalecimento da razão e da força do indivíduo para tomada de decisões baseada nos fatos. 

Autoridades escritas impressas/mídias de massa  – note que no mundo escrito impresso, as autoridades hereditárias foram perdendo a vez para autoridades mais rotativas, escolhidas pelo cidadão, que ganhou racionalidade, não era mais assim Deus que a escolhia, mas o próprio humano que amadureceu. Criou-se um certo rodízio de poder, ainda mais depois das Revoluções Inglesa, Americana Francesa. Era a autoridade com poderes terrenos, baseado em uma narrativa das escolhas. Eram autoridades com maior rotatividade. Todo o movimento do mundo digital, dos filósofos digitais, tal como Lévy é o de de questionar esse modelo de autoridade atual, através do surgimento de novo modelo, para  nos guiar para um mundo hipercomplexo: a inteligência coletiva, que passa a ser o novo personagem dessa trama;

Autoridades digitais  – note que no novo mundo digital, o rodízio das autoridades ganha velocidade ficando ainda mais rotativo, através dos cliques e estrelas. A nova geração, já acostumada com este novo modelo de criação de autoridade, passa a definir muito rapidamente o que considera relevante e eficaz (curte/cinco estrelas) do que não é (não curte/menos estrelas). O modelo é similar, apenas mais rápido e dinâmico, estabelecendo uma nova forma de escolher. As autoridades digitais precisam estar o tempo todo atentas para se manter no seu posto, pois o sobe e desce é muito mais participativo e dinâmico. Este é a base do modelo da democracia digital que vai invadir todas as organizações.

Note que o objetivo das autoridades, do ponto de vista do que interessa para a sociedade, é que elas sejam as mais eficazes possíveis e que pensem o mais coletivamente possível no exercício do cargo. Procura-se, assim, uma meritocracia para garantir que isso ocorra o tempo todo.

Não acredito nem em meritocracia absoluta e nem em altruísmo, o que vai garantir uma melhor taxa (sempre teremos taxas) é a capacidade de criar ambientes de trans-aparência para que essa cobrança permanente seja possível, reduzindo a margem da narrativa/ação de baixa qualidade.

A necessidade de novas autoridades, por fim, é pautada pelo aumento populacional, que gera um novo volume de demandas e mais e mais necessidade de autoridades mais eficazes obriga que se migre do modelo “a” para o “b”, o que ocorreu na chegada da escrita manuscrita e depois com a impressa. E agora ocorre o mesmo com o mundo digital.

Queremos autoridades mais qualificadas para enfrentar problemas mais dinâmicos e complexos!

Há com a chegada desses novos ambientes um empoderamento do cidadão, não só pela trans-aparência das narrativas e atos das autoridades, mas um maior poder de articulação e de pertencimento na sociedade, aumentando a estima geral, o que é péssimo para autoridades com baixa qualidade.

O jovem já pratica essa nova forma de criação de respeito e de liberdade de seguir quem diz algo de relevante, o que torna as antigas autoridades algo completamente obsoleto, de onde vem o grito claro: “você não me representa, a sua narrativa não me representa”.

Essa passagem da autoridade da escrita/mídia de massa para as digitais é o estopim de todas as crises que viveremos nas próximas décadas, necessitado renovar ou revolucionar todas as organizações.

Muitos dizem e se perguntam se estamos diante de uma revolução, sim, estamos mas ela já ocorreu quando os jovens perderam, em função do novo ambiente cognitivo, o respeito pelas atuais autoridades, base para a manutenção do sistema atual.

O que veremos a seguir é a capacidade disso que está dentro deles, ganhar forma e sair para fora, criando um novo modelo de autoridades, baseada no digital e na gestão pela inteligência coletiva.

Por aí…

Que dizes?

 

One Response to “A nova autoridade digital”

  1. Teresa Mafra disse:

    Explicação clara e representativa sobre os novos paradigmas de novos tipos de autoridades e da possibilidade da democracia digital na era da revolução cognitiva. Gostei muito, obrigada, Carlos Nepomuceno.

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