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O problema é que, como não conseguimos ver as metodologias como algo construído, a partir de determinados parâmetros, vemos a metodologia como uma verdade, como uma teoria completa ou uma filosofia, nos abraçamos a um, digamos, martelo, mesmo que ele não consiga mais bater nos pregos.

Versão 1.0 – 29 de agosto de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Muito difícil perceber um tripé de percepção humana que se divide em três níveis:

  • Filosofia – que lida com as impotências e as onipotências humanas;
  • Teoria – que estuda, a partir das limitações humanas, as forças atuantes e em conflito em dado contexto;
  • Metodologia – que é, a partir das limitações humanas, das forças em dado contexto, o que podemos fazer para viver com mais qualidade. Neste campo se situa a gestão de qualquer coisa.

O ser humano lida sempre, maior parte das vezes, com metodologias, que têm em si incorporadas uma dada teoria e uma dada filosofia.

Almoçando com um adepto da Gestão do Conhecimento, por exemplo, uma metodologia, ele me disse que considerava a GC uma filosofia.

Claro que há uma filosofia embutida, mas todas as propostas de gestão partem de uma visão maior de alinhamento necessário do ser humano a determinado contexto, mudança.

No caso da GC, parte-se do princípio de que estamos na sociedade do conhecimento e precisamos gerir esse novo recurso.

(Critico essa visão neste post.)

Assim, se nos agarramos à metodologia como uma filosofia, caímos no dogmatismo, pois não conseguiremos nos afastar dela quando o contexto externo se modifica.

Está tudo embolado!

Achamos que é uma filosofia, quando, na verdade, não é.

Todo o modelo de gestão de qualquer coisa está no mesmo patamar. E esse é o principal problema ao lidarmos com a Revolução Cognitiva em curso.

Acabamos por adorar as imagens e não os princípios que estão ali embutidos.

(Note que as religiões adoram contar como seus profetas destruíram imagens, santos – Jesus e Moisés – em função da perda dos princípios que eles evocavam. O apego a algo que é transitório é uma humanice bem comum. Confundimos fim e meio, corpo e alma, ter e ser, etc….)

Existem diversos impasses metodológicos possíveis de serem resolvidos sob o mesmo paradigma, sem a necessidade de uma nova teoria ou filosofia. Ou ela não está  sendo bem empregada por desconhecimento, falta de flexibilidade, não contextualização, etc.

Porém, há momentos quando há uma ruptura maior no ambiente que entramos em crises mais amplas, que nos levam à crises teóricas e filosóficas, pois o problema não está na metodologia, mas naquilo que ela tem de filosofia e teoria embutidos, que ficou obsoleto.

A metodologia, assim, perde o prazo de validade!

É o que chamamos de problema complexo, que nossa vã intuição pode perceber o, mas não acha a saída, a não ser com forte trabalho de reflexão e estudo, principalmente em crises similares do passado!

A crise metodológica vai ficando mais grave, pois quanto mais tentarmos seguir adiante, sem uma revisão filosófica-teórica, mais vamos afundar na areia movediça.

Há algo acima da metodologia que precisa ser revisto.

Sem essa revisão a adoração da metodologia não nos permite enxergar com clareza as mudanças do mundo. Metodologias que funcionaram (com teorias e filosofias embutidas) bem para um determinado momento do mundo, se mostram obsoletas no momento seguinte.

O problema é que, como não conseguimos ver as metodologias como algo construído, a partir de determinados parâmetros, vemos a metodologia como uma verdade, como uma teoria completa ou uma filosofia, nos abraçamos a um, digamos, martelo, mesmo que ele não consiga mais bater nos pregos.

A chegada da Internet e o que ela provoca derruba as metodologias de plantão no mercado, principalmente as de gestão e isso é o principal problema ao tentarmos fazer o alinhamento.

Ou seja, a mudança é tão poderosa que não é a Internet que vai se adaptar à gestão, mas justamente o contrário, pois o ambiente cognitivo é mais determinante para o ser humano do que os métodos que criamos para gerir a sociedade.

Assim, precisamos revisar…

  • Filosoficamente – começamos a perceber que o ser humano é muito mais condicionado pelos ambientes cognitivos do que imaginávamos. Ou seja, o “meio é realmente a mensagem”, modificando nosso cérebro e alterando o modo como estamos no planeta. Esse modo novo de estar no mundo vai resultar em outra civilização, pois as pessoas que aderem ao novo meio são “abduzidas” por ele e querem ver esse novo modo de ser no mundo exterior;
  • Teoricamente – temos que nos render a força de rupturas nos ambientes cognitivos, que ocorrem a partir de uma dado contexto que altera os modelos sociais, políticos e econômicos. Ou seja, mais do que a  força da economia, existe uma força ainda maior que é a das mudanças de ambientes cognitivos, que condiciona as demais;
  • Por fim, metodologicamente, precisamos colocar no epicentro do ajuste a ser feito, a força principal, que é a chegada de um novo ambiente cognitivo para nos adaptarmos a ele. Assim, o que precisamos é de uma gestão da ruptura informacional, através de novos modelos de intermediação ou de reintermediação, que fundam uma nova gestão social, incluindo a gestão de dentro das organizações, que precisa ser revista sob esse novo ambiente.

Como na figura que vemos abaixo:

 

Assim, o que temos diante de nós é um momento atípico.

Nossas metodologias de gestão da sociedade (qualquer uma) estão caindo por terra.

Para aceitar isso, precisamos rever o ser humano (filosofia) e as forças que regem a sociedade (teoria) para construir uma nova metodologia (alinhamento) para continuarmos a gerir nossas ofertas e demandas.

Sem isso, vamos bater cabeça e não sair do lugar.

Que dizes?

 

4 Responses to “Não é a Internet que vai se adaptar à gestão, mas a gestão à Internet!”

  1. EinsteinL. de Aguiar disse:

    Nobre CNepomuceno.

    Parabéns pelos textos que nos disponibiliza, e saibas que sou leitor assíduo do que publicas. O que descrevo são inquietações filosóficas sobre o assunto.

    Há de se concordar que o termo Gestão é muito genérico e etimologicamente seu escopo é muito abrangente, pois Gestão é: governar, administrar, conduzir, regular-se, encaminhar-se, imperar sobre, dominar, exercer autoridade, entre outros.

    A palavra ‘gestão’ tem em seu cerne: a filosofia (argumentação expansiva)+ metodologia (argumentação direcionada) + teoria (fatos e regras), sendo aceitável que o termo tenha em si a composição desta ‘tríade’, mas pode ser caracterizado por um só termo, a FILOSOFIA, que necessita de argumentos da axiologia para ser compreendida + metodologia como recursos procedimental para ser esclarecida + teoria como ‘baluarte’ de um visão de mundo absoluta ou relativa (que pode ser aceita ou refutada a qualquer momento em que haja a necessidade de se estabelecer uma possível verdade).
    Desta forma vejo que não há uma ruptura no termo ‘Gestão do Conhecimento (GC)’ devido as nossas limitações de compreenssão, e consequentemente alguma crise simples ou complexa, devido a metodologia, pois o termo Gestão, sob a ótica da filosofia, traz em seu cerne a dinamicidade em nos fazer compreender a simplicidade ou complexidade do mundo que nos expomos, e o que pensamos deve estar sempre em questionamento, pois assim a ‘mente evolui’ e é possível contestar o status quo como condição para ‘imortalizar o futuro’.

    A ‘chegada da Internet’ não necessariamente ‘derruba as metodologias’, sejam ou não de plantão, e mesmo que esta ‘mudança’ seja considerada ‘tão poderosa’, a relação ‘Internet (TICs) x Gestão’, são atualmente termos resilientes sob o ponto de vista ‘cognitivo’ e pragmático quando aplicáveis.

    È passível que o relato possa seja factível:
    Para aceitar isso, precisamos rever o ser humano (filosofia) e as forças que regem a sociedade (teoria) para construir uma nova metodologia (alinhamento) para continuarmos a gerir nossas ofertas e demandas.Sem isso, vamos bater cabeça e não sair do lugar.

    É possível que tenhamos uma complementação desta visão:

    a. O ser humano vive em plena revisão cognitiva, sustentado por todos os ramos do saber que o faz compreender e ser compreendido, transformando e disponibilizando o seu conhecimento rumo a uma possível imortalidade.

    b.As metodologias existem como norteadoras para se ter uma ‘visão de mundo’, mas que podem ser refutadas ou alteradas no decorrer do tempo. E, o surgimento de novos recursos metodológicos serão sempre ‘procedimentos resilientes’ para se lidar com os fatos / regras que dominamos ou não. Ou seja, a sua existência, como norteadora do mundo o qual compartilhamos, já é por si mutável.

    c. A gestão de nossas ‘ofertas e demandas’ são factíveis, mas não é preocupante, pois nos adaptamos as novas investidas e moldamos as nossas formas de sentir-pensar e agir. É necessário que se deva ‘bater as cabeças’ para que tenhamos forçar para lidar com nossas indiossicrasias.

    Não se deve considerar as metodologias como vilãs de algo que altera dinamicamente: Internet x Gestão. A questão é não ignorar a dinamicidade das forças políticas e econômicas que tentam estabelecer uma verdade eclética, pois o conhecimento (poder humano) pode ‘metodologizar’ qualquer mecanismo cognitivo existente, suas combinações e fazer surgir alternativas inovadoras criativas ou creativas. E, sob a ótica da ‘Gestão do Conhecimento’ pode-se fortalecer autonomamente a relação ‘Internet x Gestão’, devido a sua característica de resiliência, por meio das tecnologias informacionais que são seu maior suporte.

    Reforço que a metodologia é sustentada por teorias que se alimentam de: argumentos axiológicos; a natureza de sua beleza frasal (estética); compreensão das propriedades do que existe (metafísica); a perspectiva e diversidade – biológica, social, cultural e humanística (antropologia); aspectos da comunidade humana, origem social e formas de poder (política); origens , validade e limites do que se conhece (epistemologia); entre outros. Assim, as metodologias existem e sempre serão suportes de aceite da realidade e ou refutamento de dogmas, já que é um ‘braço da filosofia’.

    É possível que se deva ter uma ‘gestão de ruptura informacional’ sustentada por novos modelos de intermediação ou de reintermediação, mas esta construção já está ocorrendo naturalmente (gestão da inteligência coletiva; gestão da organização inventiva; gestão dos e-conflitos; gestão da e-motivação; gestão das e-oportunidaes; entre outros) devido aos mecanismos coletivo existentes (Internet) que norteiam o surgimento do ‘e-indivíduo’, cuja capacidade de lidar com oportunidades oriundas da sociedade do conhecimento o torna capaz de gerir qualquer situação existente ou que venha surgir.

    Surgem novos modelos de gestão, mas embutidos de alguma teoria e, ou procedimentos metodológicos combinados, como:

    a. Teoria da Consciência Coletiva de Émile Durkheim.

    b. Teoria da Memória Coletiva de Maurice Halbwachs.

    c. Teoria do Conflito Social de Karl Marx e John Stuart Mil.

    d. Teoria da Harmonia e do Equilíbrio Social de Dahrendorf:
    d.1 A sociedade é uma estrutura (“relativamente”) estável e duradoura de elementos (hipótese da estabilidade).
    d.2 A sociedade é uma estrutura bem equilibrada de elementos (hipótese do equilíbrio);
    d.3 O indivíduo na sociedade tem como função contribuir para o seu funcionamento (hipótese da funcionalidade).
    d.4 A sociedade se conserva graças ao consenso de todos os seus membros em determinados valores comuns (hipótese do consenso).

    e. Teoria das Atividades Cotidianas ou Teoria da Oportunidade de Lawrence Cohen e Marcus Felson.

    f. Teoria da Complexidade de Edgar Morin.

    g. Teoria do Caos de Edward Lorentz

    h. Entre outras teorias.

    È salutar que surjam novas formas para se gerir algo, mas o momento será sempre atípico (esta é uma das utopias humanas) e cair ou não cair ‘metodologias de gestão da sociedade’ é uma questão da plasticidade de nossas evolução natural.

    As alternativas de solução serão sempre uma novidade ‘penteada’ do conhecimento do que existe ou que venha a existir, para que mantenhamos as nossas ofertas e demandas ávidas por soluções criativas e inovadoras.

    Ao finalizar, espero que ao argumentar sobre o texto eu tenha contribuído a expandir a compreensão o ‘Diálogo da relação: Internet x Gestão’.

  2. […] Por fim, os projetos de Redes Sociais Corporativos deveriam se espalhar da seguinte forma nas zonas, pois eles vêm para mudar o modelo de gestão e controle e não se adaptar a eles (desenvolvi mais essa ideia aqui): […]

  3. […] âmago dessa discussão, voltamos ao tema principal, colocado neste post. É a rede social digital que vai se adaptar ao atual jornalismo ou é o jornalismo que vai se […]

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