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Na minha tese de doutorado, defendi a necessidade da abertura de estudos urgentes nessa área para que possamos, através da comparação histórica, compreender mais profundamente a relação das mudanças cognitivas com as sociais.

Versão 1.0 – 17 de agosto de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

O I Ching,  livro chinês de cerca de 6 mil anos, estabelece a análise do mundo, a partir de ideagramas.

No alto de um ideograma se apresenta o céu, ou as forças acima da nossa capacidade de ação. E embaixo a terra, aquilo que é passível de modificação. Uma relação entre o sólido (que muda com mais dificuldade) com o líquido (mutante por natureza).

Uma força determina o cenário e a outra a possibilidade de ação e a melhor relação entre as duas.

Há, assim, desde os tempos remotos a necessidade humana de separar os acontecimentos “macros” dos “micros”.

Aqueles que nos atingem inapelavelmente, globalmente, para os quais temos que nos adaptar, pois não há nada que possa ser feito – inevitáveis. Os micros são aqueles que podemos agir para modificar seu curso, dentro daquilo que é inevitável.

Podemos, assim,  dizer que acontecimento macros são muito ligados à natureza, como terremotos, meteoros, tsunamis, secas, dilúvios, pragas, epidemias, erupções vulcânicas.

Temos ainda movimentos macros na sociedade que são consequências de um conjunto de fenômenos de massa combinados que quando surgem passam a ser incontroláveis.

(O nazismo, por exemplo, juntou, entre vários outros,  o problema macro da crise econômica alemã com a figura de Hitler, em uma química mortal.)

Para estudar tais efeitos várias Ciências tiveram a necessidade de criar macroestudos.

O mais conhecido é o da macroeconomia, que estuda forças globais em ação, a partir dos movimentos econômicos: expansão, recessão, declínio, crescimento.

  • Com a polêmica do aquecimento global, temos o estudo macroecológico;
  • Com a chegada das epidemias, dos macroepidemológicos;

E por aí vamos.

Ou seja, podemos compreender que:

  • 1) não é de hoje que precisamos criar relações dos fenômenos macros com os micros;
  • 2) crises nos fazem criar macrocampos de estudo para que possamos entender e agir;

A chegada da Internet nos trouxe muito espanto e dificuldade de compreensão justamente por causa dessa deficiência das ciências que deveriam dar respostas sobre o atual fenômeno.

Não há hoje nem na comunicação, na ciência da informação, campo do estudo do conhecimento, na área de gestão, ou na computação macroestudos mais formais e constantes sobre mudanças nos fenômenos cognitivos globais.

Por quê?

Não  havia necessidade, simples assim.

O ambiente cognitivo social se manteve estável nos últimos 500 anos, desde a chegada da prensa e da massificação do papel impresso, com algumas mudanças incrementais (rádio e televisão).

Assim, apesar de estudos de autores sobre a história, o foco nunca foi sobre rupturas, no máximo, sobre histórias das tecnologias, como do livro, do jornal, não fazendo uma relação da chegada destas com as macromudanças sociais.

Na minha tese de doutorado, defendi a necessidade da abertura de estudos urgentes nessa área para que possamos, através da comparação histórica, compreender mais profundamente a relação das mudanças cognitivas com as sociais.

Hoje na ciência, como na estratégia da sociedade (onde se incluii as organizações) o fator atribuído na fórmula do futuro à  mudança cognitiva é igual a zero.

Ou seja, faz-se a análise macroeconômica, política, social, mas não cognitiva, o que nos leva a um erro estratégico grosseiro.

O estudo macrocgnitivo é e será cada vez mais estudo filosófico-teórico com forte viés prático, no campo da estratégia e na formulação de metodologias mais eficazes para fazer o alinhamento ao macrofenômeno.

Temos que entender as causas e consequências das macrorutpuras informacionais para que possamos falar com mais propriedade e com menos achismos.

Isso exige uma visão macro, que parte da forças gerais, latências, necessidades humanas para depois ir descendo e alinhavando os fatos e não o contrário como é feito hoje – dos cases à teoria, o que nos coloca na mão de “gurus de plantão” que são muito mais profetas do que outra coisa qualquer.

Concluo com o mantra dos Alcoólatras Anônimos que fala justamente dessa relação entre o macro e o micro,  nas nossas vidas, apontando claramente a saída da sabedoria:

“Que eu tenha coragem para modificar aquilo que posso; serenidade para o que não posso – e sabedora para perceber a diferença”.

Por aí,

Que dizes?

 

 

3 Responses to “A macrocognição”

  1. Bia Martins disse:

    Oi Nepô,

    Acho esse viés de estudo histórico muito interessante porque ajuda a enxergar as mudanças atuais de outra perspectiva, de uma forma mais distanciada e, portanto, mais precisa.

    No campo da Comunicação, tem crescido o volume de pesquisas que relacionam o desenvolvimento de tecnologias cognitivas/comunicacionais com mudanças sociais.A principal referência tem sido o pensamento do McLuhan, que lançou tantos insights sobre a influência dos meios no desenvolvimento da sociedade.

    bjs

  2. […] (Sugeri no post passado a criação de um campo de estudo da macrocognição. Aqui, vai o resultado preliminar dos meus estudos nessa nova área.) […]

  3. Rosalia Rocha disse:

    Mais instigada por ler sobre suas idéias. Ainda fazendo links para poder, talvez, ingressar no mestrado.
    Um abraço
    Rosalia Rocha

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