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A compreensão do século XXI exige que incorporemos uma nova força, antes apagada, não estudada, secundarizada: a força cognitiva, ou melhor, das tecnologias cognitivas, principalmente as desintermediadoras.

Versão 1.0 – 30 de abril de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

O principal problema para lidarmos com o novo mundo que temos pela frente é uma questão basicamente de troca óculos.

Os principais teóricos, ao longo dos últimos séculos, estudaram as principais variantes que impactam ou condicionam mudanças nas sociedades humanas.

Podemos dizer que foram estudados a fundo os efeitos na sociedade de mudanças políticas, sociais e, principalmente, econômicas.

A compreensão do século XXI, entretanto, exige que incorporemos uma nova força, antes apagada, não estudada, secundarizada: a força cognitiva, ou melhor, das tecnologias cognitivas, principalmente as desintermediadoras.

O grande desafio filosófico-teórico que está colocado é aceitar e compreender que mudanças em tecnologias cognitivas têm, de forma inusitada e inesperada, um forte impacto no futuro da sociedade.

E ainda mais quando essas tecnologias cognitivas são desintermediadoras.

A Internet, parecida com o livro impresso, e diferente do rádio e da televisão baixa radicalmente o custo de circulação de ideias, sem que as instituições estabelecidas possam controlar, o que causa um fenômeno raro e incomum: de uma revolução cognitiva.

Tal fato consegue ter uma força de condicionamento social, com forte mudança na economia, na política e no social.

  • Ou seja, como vamos sair de algo que tinha valor igual a zero para os pensadores da sociedade e admitir que existem algo entre nós que tem um valor maior com forte efeito nas mudança, contrariando tudo que estudamos?
  • E mais: como as ciências são compartimentadas, como introduzir essa variante em cada ciência e como, talvez, criar uma nova ciência que possa compreender o fenômeno?
  • Que ciência seria essa? (Uma ciência das redes (mais) colaborativas?)

É bom perceber que quando temos algo desse tipo, uma mudança de paradigma radical, significa que a maneira que olhamos para a sociedade se torna obsoleta, o que nos leva para novos problemas teóricos e, por sua vez, a revisão de metodologias inadequadas, com práticas que não funcionam mais e não geram mais valor para a sociedade.

É preciso para que um grupo social consiga ir adiante alinhar de forma eficaz: filosofia, teoria, metodologia e implantação desta para que possa se alinhar ao futuro. E identificarmos o problema de ineficiência da concepção.

O problema atual é de ordem filosófica, da filosofia da ciência, a maneira que víamos a sociedade, de como diagnosticamos as forças que a modificam. Estas devem incorporar uma nova “tsumami cognitiva”. Sem ela, a visão fica turva e confusa!

Podemos dizer que essa força cognitiva, a aceitação de que a sociedade muda de forma radical por causa de mudanças nas tecnologias cognitivas, principalmente as desintermediadoras, trazidas principalmente por Pierre Lévy tem para nós uma forte mudança de paradigma para compreender a sociedade humana.

Tal concepção, tem o mesmo impacto nos teóricos e depois na sociedade de outras quebras de paradigma relevantes, tais como:

  • Darwin – evoluímos dos macacos;
  • Freud – temos um inconsciente que não controlamos;
  • Galileu – não somos o centro do universo.

Tais teorias, como agora a percepção da força da cognição em nosso destino, quebra, como fizeram as outras, com a onipotência humana, pois saber que não foi Deus que criou Adão e Eva, o inconsciente faz coisa que não sabemos ou mesmo queremos e que o ser humano não é o centro do mundo, incomoda muito e nos tira da nossa ilusão estabelecida, geralmente egocêntrica.

Vivemos agora a dor e a dificuldade da aceitação de que o mundo é condicionado, sem muita alternativa, por tecnologia cognitivas desintemediadoras e que estas estão, por mais que rejeitemos essa ideia, acima das mudanças econômicas, sociais e políticas.

É uma nova mão invisível que nos leva a aceitar que controlamos ainda menos do que achávamos que era o estabelecido.

Pedra e fogo nos hereges!!!

Pesquisadores sociais têm que passar por esse debate, pois ele é uma guinada radical na maneira de ver o mundo. Antes era uma coisa, agora é outra!

Quando leio abordagens sobre o futuro e que não vejo esse fator cognitivo incorporado, acredito piamente se tratar de teorias obsoletas, que não se alinharão ao que virá e tenderão a serem, gradualmente, deixadas de lado.

A vida não se encaixa nas teorias, mas o contrário!

Teorias obsoletas, é bom lembrar, nos levam a metodologias obsoletas, que nos levam a maneira de gerar valor de forma obsoleta. Que nos levam a não estar mais no futuro de forma efetiva.

Ou seja, essa não é uma questão teórica-filosófica eunuca, acadêmica perdida, mas algo extremamente prático para quem quer continuar competindo no século XXI e que deve estar incorporada nos cenários das organizações que querem mudar o mundo e não ser mudadas por ele.

Quem procura compreender melhor o mundo que estamos entrando, precisa se aprofundar nas teorias da mudança radical das tecnologias cognitivas desintermediadoras.

Estudar Lévy é um primeiro passo.

Mudar a forma de pensar e agir, o segundo.

É isso!

Que dizes?

3 Responses to “A tsumani cognitiva”

  1. Excelnete Post. Destaco quando diz: “tecnologias cognitivas desintemediadoras e que estas estão, por mais que rejeitemos essa ideia, acima das mudanças econômicas, sociais e políticas.”
    Elas estariam acima ou já seriam a própria mudança?
    Não se trata mais de organizações/grupos que queiram mudar o mundo. O mundo muda independente dos instituídos até então estabelecidos. Aqui está a Revolução no seu sentido histórico. O busilis é a mudança da Política:- como nos organizaremos nesta nova sociedade que se instala inexoravelmente diante das novas bases técnicas?
    Não consigo me desligar do velho Marx quando afirma que a cada base técnica um determinado Modo Social de Porodução. Efetivamente tem sido assim na História humana.
    É claro que a instituição Partido já era. E será nas redes distribuídas que a mudança da gestão social irá se estruturar.
    É preciso ir fundo nestas novas “propriedades” das redes distribuídas, onde o caráter desintermediador que estabelecem é decisivo.
    Aparece aqui um problema filosófico instigante: o comportamento pós-moderno em muitas manifestações em rede. Digo sempre que o pós –moderno está aí para o bem e para o mal.
    O que importa é vivermos intensamente as novas possibilidades e o emponderamento que as redes propiciam, desmistificando cada vez mais o velho e arrogante Poder Constituído.

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Raulino, temos duas questões aí, em cima do seu comentário:

    “Elas estariam acima ou já seriam a própria mudança?”

    Temos que ver e agir de forma diferente.

    O ver é teórico.

    As teorias são organizações de diferentes forças em diferentes contextos.

    Quando digo acima, quero dizer que a taxa de impacto de uma mudança em uma tecnologia cognitiva desintermediadora é tão alta e importante que as outras forças são condicionadas por essa….

    Ou seja, ela seria um fator mais macro do que os demais, que resulta em uma nova percepção quando formos fazer o cálculo do futuro.

    Do ponto de vista prático, sim o novo ambiente cognitivo é a mudança, mas tem que ser contextualizado em cada lugar, tendo fatores econômicos, sociais e políticos que interferem, tendo aí uma conversa com as teorias que estão aí.

    Note que os movimentos fortes políticos o fator econômico desemprego é relevante, principalmente dos jovens conectados (Egito, Espanha, EUA).

    É isso, que dizes?

  3. Nepô desculpa o abuso. Arrisco que é isto o que estamos dizendo. Falei na mudança como processo já em movimento, sendo um pouco netweaver em seu agradável e consistente Blog. Abraço

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