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Avisa: gestão de conhecimento é um método e não uma teoria!

Versão 1.0 – 26 de março de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

 

Uma teoria eficaz é aquela que cria fórmulas sobre como diferentes variantes e forças reagem entre si em determinados contextos, estabelecendo causas e consequências, que permitem gerar métodos de ação para resolver problemas humanos.

Algo como:

  • Se houver poluição, lixo acumulado, teremos poças paradas;
  • Nestas poças podem haver mosquitos;
  • Entre eles pode haver transmissores da dengue;
  • Que podem picar pessoas;
  • Os humanos picados terão diversos sintomas: febre, dor no corpo.
  • Podendo alguns até vir a morrer, dependendo do tipo da dengue e do tratamento a ser aplicado.

Digamos que a teoria da medicina ao observar a dengue estabelece uma causa e, a partir dela, um método de ação, tal conscientizar a população para o problema, tentar evitar lixo acumulado.  poças paradas e depois descendo até os remédios e tratamentos que os pacientes devem tomar e seguir, se forem infectados.

  • A relação do lixo com mosquitos é a teoria;
  • As ações para evitar a doença fazem parte do método.

A gestão do conhecimento é um método de solução para a dengue sem a teoria do lixo e da poça de água.

Vejamos.

Percebe-se na sociedade, através da intuição de diversos autores, a maioria americanos, depois de um determinado momento da vida das organizações que há uma mudança da importância do saber na competitividade: tanto em termos do uso do conhecimento na gestão, como também, nos produtos.

Cai a importância da fábrica de tijolo e entra a fábrica dos intangíveis.

Um Google pode valer mais (e vale na bolsa) do que uma montadora de carros, por exemplo.

Assim, se a competição vai ser garantida, através de produtos e gestão que lidem melhor com o conhecimento, vamos fazer a gestão do conhecimento para lidar com esse novo ambiente competitivo.

O método tem lógica, mas não é baseado em uma teoria geral que explique e justifique por que temos hoje uma sociedade do conhecimento.

O problema de um método sem teoria que o sustente reside no fato de que se alguma coisa se modificar no cenário o método começa a ficar obsoleto, como é o que acontece agora com a gestão do conhecimento frente às mudanças trazidas pela Internet.

Um método baseado em uma teoria é mais perene, pois pensa-se sempre nas variantes maiores e se adapta o método quando uma das variantes se modificar.

Precisamos de uma teoria melhor, assim, para entender mudanças cognitivas para depois criar uma metodologia mais eficaz, baseado nessas variantes, que seja mais ampla que apenas “estamos entrando em uma sociedade de conhecimento” sem causas percebidas.

Precisamos de uma que faça o alinhamento geral e possa criar um método que amarre todas as metodologias em curso.

Note, assim, que a GC não partiu de uma fórmula ou de uma base teórica para justificar a necessidade do método: gerir conhecimento.

Para isso, será preciso explicar, estou aberto a ouvir as respostas, tais questões:

  • Por que – justo agora ou neste final de século e início de outro – entramos na sociedade do conhecimento?
  • Há alguns fatores que possam explicar esse fenômeno? Quais seriam eles? E como se relacionam a cada caso? Como estes fatores se articulam e se explicam com a chegada da Internet? E como se relacionam com ela e as redes sociais digitais, ambientes de conhecimento?
  • Que macro-mudanças sustentam uma teoria maior para que possamos, com novas alterações de cenário adaptar novos métodos?

Ou seja, a gestão do conhecimento é um método que tem um conjunto de ações relevantes (diga-se de passagem) para as organizações, mas carece de uma macro-fórmula que explique os motivos da necessidade humana, ou da taxa maior de produtos intangíveis ou de dedicação maior ao conhecimento.

O método indutivo/pragmático é típico de uma sociedade baseada em análise de cases, que avaliados criam uma meia-teoria, de baixo para cima, baseado nas soma das partes, que têm que dar em um todo. Porém, se as partes continuam a mudar a meia-teoria tem que ir junto. É um ótimo ambiente para consultores que vendem serviços e tecnologias, mas é péssimo para as organizações mais estratégicas, que acabam por  gastar muito mais por falta de uma teoria, que possa sustentar uma visão de longo prazo.

A gestão de conhecimento é um exemplo típico do resultado da maneira de pensar americana, baseada fortemente em uma filosofia pragmática muito útil em ambientes em continuidade e pouco eficaz em ambientes que mudam radicalmente, como é o nosso caso agora com a explosão da Revolução Cognitiva.

(Falarei depois mais sobre filosofias dedutivas e indutivas, os efeitos nessa maneira de pensar de uma revolução cognitiva)

A gestão de conhecimento, por causa disso, esbarra em eternos problemas, tais como o diálogo com a gestão da informação, da inovação, comunicação e agora, ganha um problema a mais, com a chegada das redes sociais digitais.

Pergunta da vez: como alinhar projetos de implantação interna e externa com os de gestão de conhecimento? A gestão na tal sociedade do conhecimento me parece algo bem complexo para ficarmos todos agarrados apenas a um método e não a uma teoria mais consistente!

Pergunta-se nessa direção: como a gestão do conhecimento lida com essa avalanche de blogs, facebooks, twitters, dentro e fora da organização:

É a GC que incorpora os métodos de implantação das  redes sociais ou as redes sociais que incorporam a GC?

(Redes sociais, é bom lembrar ajudam na inteligência competitiva, facilitam o levantamento de competências, fazem a gestão de documentos e da informação de uma nova maneira.)

O problema, assim, não é do método, que resulta em ganhos parciais, mas da frágil teoria que o sustenta, dificultando o gestor a tomar de decisões e os profissionais envolvidos modificarem práticas, a partir de mudanças de cenário.

É bom que se esclareça: não considero as ações da GC ineficazes.

Parece-me claramente que é preciso ser desenvolvida uma teoria do movimento dos ambientes cognitivos, que possa identificar as principais variantes do caminho da civilização rumo a um mundo mais complexo para que possamos prever de forma mais metódica mudanças possíveis nos ambientes de negócio e gestão para, só então, criarmos métodos mais eficazes e menos passageiros para lidar com essas alterações.

Teorias que permitam uma visão mais estratégica do todo e que possa, a partir daí, facilitar o diálogo nas várias ações das organizações rumo a um mundo mais desintermediado, complexo e inovador, que estamos entrando, tais como a gestão geral das empresas e as sub-gestões: do conhecimento, da informação, da inovação, da comunicação, do marketing, do atendimento, etc…

Porém, não estaremos indo apenas por causa da sociedade do conhecimento, mas de um mundo mais populoso que exige uma nova postura filosófica, teórica e metodológica das organizações, na qual o conhecimento é apenas um dos fatores fundamentais, mas deve ser visto dentro de um contexto maior e não isolado, integrado com outras iniciativas.

Pretendo falar mais sobre isso nos próximos posts, fique ligado.

Que dizes?

2 Responses to “A fragilidade teórica da gestão do conhecimento”

  1. […] gestão do conhecimento, como disse aqui, é uma metodologia com uma teoria não eficaz. Por quê?Por que o aumento de conhecimento, ou a […]

  2. Tainah Veras disse:

    Excelente texto; a Gestão do conhecimento faz parte de um fluxo que engloba:
    Gestão da Informação => Gestão do Conhecimento => Inteligência Competitiva
    Dessa forma, através da obtenção e organização de dados é possível gerar diferenciação de mercado. No caso da coleta desses dados, estatísticas e análises, sugiro conhecer o trabalho da K4B.

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