Feed on
Posts
Comments
Os homens não acreditarão no que não se encaixa em seus planos ou em seus pré-arranjos – Bárbara Tuchman;
(Texto que faz parte do E-book free – em elaboração –> Como fazer o alinhamento estratégico das redes sociais ao negócio? Texto completo –>  Quem comentar aqui, ajudar a revisar será citado na publicação, desde já agradeço –> Clique aqui. O texto atual já sofreu modificações não copie ou revise daqui só do e-book que é mais atual))

Muitos acreditam que as Redes Sociais são fenômenos isolados e tendem a ser inseridos dentro do ambiente organizacional atual com alguns ajustes. Vêem na rede mais uma mudança de mídia. Um fenômeno de comunicação, de marketing ou tecnológico sem grandes consequências para a sociedade e com poucas consequências para o negócio.

Tendemos a  isolar o problema “Redes Sociais”  em um departamento específico, dando a ele um peso irrelevante para os rumos da organização.

Não conheço ainda empresa no Brasil que tenha colocado de forma séria e consistente as Redes Sociais no seu cenário futuro e feito um alinhamento mais sóbrio em relação a sua estratégia.

(Quem tiver exemplos, por favor, me enviem para complementar o livro.)

Como vimos antes, de maneira geral, a construção de cenários  precisa medir forças relevantes da sociedade. Faz-se uma fórmula, na qual cada agente transformador (economia, política, concorrentes, matérias primas, legislação, demografia, migração, etc)  é avaliado no seu potencial de interferência no cenário.

Esta fórmula, de maneira geral, por tradição, se baseia em elementos econômicos, desde cotação das moedas, inflação, velhos e novos mercados, matérias primas. Entra um tempero de política: legislações, novas visões e começamos a montar um quadro no qual as organizações montam a sua estratégia para atuar no próximo ano e algumas nas próximas décadas.

Certo?

Diante de mudanças na sociedade é preciso inovar no item dos cenários e é esse um pouco o exercício que tenho feito no meu trabalho, que será refletido nesse e-book.

Podemos dizer, assim, que a fórmula para compor cenários organizacionais até aqui é mais ou menos esta.

Economia (peso 6) + política (peso 2) + mudanças diferenciadas do tipo (tecnologias, clima, mentalidades (peso 2).

Uma fórmula que varia de empresa para empresa, mas que mantêm um peso que se aproxima do visto nesta fórmula.

O que tentarei argumentar é que esta fórmula, com a chegada das Redes Sociais, precisa ser readequada.

E que se não for feita  uma correção a estratégia da sua empresa tenderá a não estar alinhada com a realidade no futuro. Pode parecer estranho, mas gostaria que analisasse os argumentos a seguir.

Diria que uma fórmula mais adequada atualmente seria:

Tecnologias cognitivas (peso 6) + economia (peso 2) + mudanças diferenciadas do tipo (outras tecnologias, clima, mentalidades (peso 2).

A primeira reação que podemos ter é de um total estranhamento. E talvez essa seja o grande desafio da nossa percepção da realidade.

Hoje, pesquisadores dos mais diferentes campos têm afirmado que mudanças cognitivas têm a capacidade de alterar nossos cérebros, mudar a forma como nos relacionamos e serem elas causas para mudanças profundas na sociedade.

Um fator que não levamos em conta até aqui.

É preciso, no mínimo, analisar argumentos para questioná-los, pois já exemplos, sérios e graves, de organizações (indústria da música) que rejeitaram tal pressuposto e estão pagando um preço alto por isso.

Poderão dizer que cada especialista “puxa a sardinha para a sua brasa” e que se fosse uma pessoa de meio-ambiente iria aumentar o peso do clima, por exemplo, idem para os demógrafos, ou os economistas.

Antes de contra-argumentar gostaria de defender o meu ponto de vista, através de uma lógica que tenho desenvolvido, através da conversa e encontros que hoje já somam mais de 1000 alunos de diferentes faixas etárias, de formações e de empresas de todos os tipos.

Não vou basear o meu discurso em algo que você tem que acreditar em mim, pois não sou um guru, apenas um pesquisador, que fiz meu doutorado e me especializei nesse campo de estratégia e nas macro-consequências da Internet na sociedade, a partir de estudos históricos.

Ninguém vai mudar de forma tão radical a maneira de analisar a sociedade sem argumentos consistentes, certo?

Pois bem, acredito que precisamos atualmente trabalhar com argumentos lógicos e convincentes.

Não pretendo convencê-lo, mas coo-vencê-lo de que há um grave erro na fórmula ao projetarmos o futuro e você precisará corrigi-la para alinhar os negócios ao que virá.

Considero que estamos diante de um fenômeno raro e incomum da humanidade com forte impacto na nossa história.

Vivemos o início do que vou chamar de Revolução Cognitiva, na qual a nossa forma de se informar, comunicar, conhecer e se relacionar está mudando, o que leva a sociedade a alterar todo o resto, passando pelos campos da Economia, Política e Sociedade, e os negócios, na sequência.

E isso tem que ser incorporado de forma madura e consistente no seu cenário para o alinhamento posterior!

A pergunta mais comum é: pode, como apresentei na fórmula acima, que tecnologias cognitivas tenham mais peso nas mudanças da sociedade do que a economia, a política e o meio ambiente?

Essa é a questão que vale muitos milhões.

E que muitas empresas como o Google ou a Amazon, que apostaram suas fichas nisso, perceberam há algum tempo.

Vamos detalhá-la.

A construção de um cenário é feita a partir de determinadas forças atuantes.

Para que possamos analisar forças precisamos analisar o passado.

  • Como uma determinada força vem agindo ou agiu na sociedade?
  • Quais as consequências que teve na sociedade e nos negócios?

A partir dessa lógica, podemos adaptar o cenário passado e aplicá-lo no presente e futuro para compor um  mais exato, certo?

Muito bem como podemos aplicar e avaliar a força da chegada de uma nova tecnologia cognitiva na sociedade, em uma Revolução Cognitiva?

  • O que de fato é uma tecnologia cognitiva?
  • O que é uma Revolução Cognitiva?
  • Qual período da história podemos dizer que tivemos a chegada de uma tecnologia cognitiva como a das Redes Sociais?
  • Como podemos compará-la para chegar ao peso adequado, que justifique a fórmula que apresento?
  • Por fim, qual o peso das tecnologias cognitivas para compor um cenário futuro e como alinhar todo o resto à Organização?
Bom, comecemos.
O que podemos entender como tecnologias cognitivas?

São ferramentas que usamos para expandir nosso cérebro.

Note que muitas vezes confundimos mudanças nas tecnologias, em todas elas,  e colocamos todas  em um mesmo pacote.

Atribuímos a mesma força de mudança a diferentes tecnologias que têm pesos específicos, uma capacidade de influência diferente,  ao se analisar um cenário futuro.

Podemos separar as tecnologias, assim, em duas categorias:

As tecnologias fins – são aquelas criadas pelos nossos cérebros e nos ajudam a expandir nossa capacidade física – viajar mais longe (transporte), ver no escuro (luz), carregar mais peso (guindaste, macaco, alavancas), gerar energia para colocar estas ferramentas para funcionar de forma automática (energia).

As tecnologias meios (ou cognitivas)  – são aquelas criadas pelos nossos cérebros para ampliar nossa capacidade de nos informar, comunicar, aprender, conhecer, se relacionar e, com isso, sofisticar e melhorar a produção de tecnologias fins. São exemplos de tecnologias cognitivas: a fala (que é uma tecnologia biológica), a escrita, a calculadora, o rádio, a tevê, o computador e, finalmente, o computador em rede, que potencializa todas as demais. Podem ainda determinar o fluxo de ideias e, assim, influenciar na maneira de se exercer o controle e o poder de uma dada sociedade. Por esse conjunto de fatores devem receber um peso maior no cenário.

Assim, se melhoramos tecnologias fins melhoramos (e muito) as tecnologias meios e abrimos, em alguns casos, um momento de ruptura geral do poder.

Podemos dizer, então, a procura de pesos de influência do futuro, que uma tecnologia meio, como é a cognitiva, tem um peso maior em termos de influências nas mudanças futuras do que mudanças nas tecnologias fins. E reflexos na maneira que o poder da sociedade é exercido.

Concordaria? Tem lógica? Vamos detalhar.

As  tecnologias cognitivas, além de exercerem um papel importante na sociedade, do ponto de vista de alavancar outras tecnologias, têm um elemento fundamental na influência do futuro.

Com elas, podemos ou não podemos permitir, a circulação de ideias.

São as tecnologias cognitivas ferramentas do exercício de poder de uma dada sociedade, pois se exerce o poder, principalmente, controlando o fluxo de ideias.

Quando, por exemplo, se estabelece uma ditadura, vide nosso exemplo em 1964, os primeiros até é impedir reuniões, circulação livre de ideias, através da censura.

No sentido inverso, quando há uma abertura, como temos agora, começamos a observar movimentos políticos ganharem espaços inimagináveis, o que justifica a primavera árabe, a revolução espanhola, a eleição de Obama, entre outros.

É um fator de fundo, que, alinhado a outros, causa movimentos, antes impensáveis.

Essa característica nos leva a tornar esse tipo de tecnologia mais relevante para pensar o futuro, ainda mais quando temos rupturas.

Podemos dizer que com a chegada do papel impresso, em 1450, na Europa, a sociedade pode desenvolver um conjunto de novas tecnologias, que culminou, por exemplo, com a Revolução Industrial.

E, ao mesmo tempo, permitiu um descontrole social, que culminou com a chegada, 200 anos depois de uma nova ordem política, que foi o surgimento da República e do conceito de democracia que temos hoje, através, pela ordem, da Revolução Francesa, seguida da Americana.

Assim, para colocar a tecnologia cognitiva em seu devido lugar, é preciso dar  graduações distintas a elas, pois existem duas, as que alteram mais e menos o controle do poder.

Tecnologias cognitivas incrementais – são aquelas que alteram pouco a forma do controle da circulação de ideias, pois apesar de novas e relevantes para a sociedade ficam restritas a um determinado grupo que controla e se mantém no poder da sociedade. São exemplos de tecnologias cognitivas incrementais: os grandes jornais, o rádio, a televisão, o computador sem estar na rede.

Tecnologias cognitivas disruptivas –   são aquelas que alteram de forma radical as tecnologias cognitivas existente, rompendo principalmente o controle da circulação de ideias restrita a um determinado grupo que controla a sociedade. Há uma desintermediação gradual e inevitável. São exemplos de tecnologias cognitivas disruptivas: a fala, a escrita, o papel impresso e a Internet, principalmente, a partir dos fenômenos das Redes Sociais.

Ou seja, recapitulando, podemos dizer que as tecnologias cognitivas influenciam a sociedade mais do que outras, pois são meio e não fim para a construção de novas tecnologias. E que permitem mais ou menos controle da circulação de ideias, conforme sua característica de intermediação/desintermediação social.

Portanto, as tecnologias cognitivas disruptivas quando chegam não só permitem muito mais inovação para a criação de novas tecnologias, mas causam também descontrole do poder, pois abrem o espaço para a livre troca de ideias.

Não é sempre que temos na sociedade a chegada de tecnologias cognitivas disruptivas. São movimentos que duram séculos para se repetirem e isso nos coloca nesse momento especial de difícil previsão e de montagem de estratégia organizacional.

Temos trabalhado cada vez mais no curto prazo, mas o modelo que construímos de montagem de cenário tem um erro, pois precisa lidar com um modelo cognitivamente mais distante e aprofundar melhor o impacto de uma Revolução Cognitiva para a sociedade e os negócios.

Para fazermos algo consistente, precisamos, então, para avaliar melhor o cenário comparar mudanças que ocorreram com tecnologias disruptivas no passado para saber que peso podemos dar na fórmula de cenários para as organizações, certo?

Até aqui me parece que há uma certa lógica na construção, concordas?

Pois bem, quando no passado tivemos a chegada de uma tecnologia disruptiva igual à Internet e Redes Sociais?

Vemos que o jornal, o rádio e a televisão eram tecnologias cognitivas, mas mantiveram um certo controle da circulação de ideias, pois quem detinha o poder podia de alguma forma controlar o fluxo.

Jornal, rádio e tevê têm em comum o custo de produção de ideias, o que limitavam e limitam que mais gente pudesse utilizar de seus benefícios. Permitem ainda um certo controle e repressão para aqueles que se utilizam destes meios para publicar sem autorização, o caso mais conhecido é o das rádio piratas, que podem ser rastreadas e reprimidas com facilidade.

Assim, o erro de comparar a chegada da Internet e das Redes Sociais a mais uma mudança de mídia não se sustenta, pois a de massa tem como característica uma continuidade de fluxo de ideias, não estabelecendo uma ruptura de descontrole como vemos na Internet.

São tecnologias cognitivas mais incrementais e não disruptivas.

Para analisarmos, uma tecnologia cognitiva disruptiva temos que ir mais para trás e fixar um momento similar ao da Internet para conseguirmos dar o peso adequado para a construção do cenário.

Apesar de ser incomum, mas necessário, temos que ir a 1450 quando Gutenberg cria a prensa de tipos móveis na Alemanha e reduz de maneira drástica o custo de circulação de ideias.

Gutenberg estava longe de ser um revolucionário, se aproxima muito mais a um Steve Jobs ou a um Bill Gates da época, que queria vender indulgências na porta da igreja com um custo menor.

O que, entretanto, a chegada do papel impresso traz para a sociedade?

O controle das ideias era feito através do discurso oral (padres na missa) e pelo fechamento do acesso aos livros manuscritos que eram de difícil mobilidade, fechados em bibliotecas invioláveis (lembre do filme “O Nome da Rosa”).

A sociedade estava com seu fluxo de ideias limitado por essa tecnologia cognitiva.

O surgimento do papel impresso descentralizou a produção de ideias, em função da redução de custo e permitiu que um conjunto de ideias latentes na sociedade passassem a circular livremente, criando um fenômeno que vou chamar de “Revolução Cognitiva”.

Uma Revolução Cognitiva se caracteriza pela chegada de uma tecnologia cognitiva disruptiva que permite que em um dado momento da civilização, a partir de uma região, que se espalha para todo o globo, os indivíduos passam a contar com uma nova forma de circulação de ideias sem o controle da tecnologia cognitiva anterior.

Esse fenômeno tem um impacto muito forte na sociedade, pois as pessoas passam a criar canais de informação e comunicação novos, têm mais espaço para expor, organizar e articular suas latências e começam a querer modificar o mundo, a partir de uma nova lógica.

Ou seja, quando começamos a falar e a escrever toda a sociedade foi influenciada por essas duas redes cognitivas mais sofisticadas, que nos permitiram crescer enquanto tamanho de espécie e realizar tarefas mais sofisticadas, bem como, criar espaços de vida mais e mais complexos, vilas, cidades, países.

Assim, se estamos hoje diante de uma ruptura similar à chegada da fala e da escrita, através da troca, podemos aferir que há uma ruptura no ambiente cognitivo de toda a humanidade e essa mudança tem que receber  um fator “X” ao montar o futuro, pois de uma vez só estamos movendo com todas as outras forças.

Essa é a nova lição que uma Revolução Cognitiva traz para a sociedade. É capaz em um pequeno movimento movimentar todas as outras forças, o que justifica aumentar em muito o seu pese na fórmula de montagem do cenário das organizações.

Ao comparar a chegada das Redes Sociais na Internet com a chegada das Redes Sociais do papel impresso um conjunto de pesquisadores acreditam que toda a nossa sociedade pode ser compreendida pelo poder da circulação de ideias, via papel impresso.

Essa Rede Social do papel impresso permitiu a redução do custo de circulação de ideias, desdobrando a partir de 1450 com a chegada de várias mudanças, tal como, pela ordem, uma nova Igreja, um novo conceito de Deus (menos presente e mais abstrato, já que o rei era indicação de Deus e coroado pelo Papa), do capitalismo, da república, com o modelo atual de democracia, com o surgimento das organizações que concebemos hoje, a escola, a academia, através de um longo processo de tecnologias que avançam, conceitos que mudam, revoluções que ocorrem e consolidações do modelo.

Estes autores consideram que estamos agora terminado uma fase de nossa civilização e iniciando outra que será regida pelas novas tecnologias cognitivas.

Ou seja, que a chegada de um novo ambiente cognitivo molda toda a civilização, criando um novo ambiente social, político e econômico.

Somos uma civilização que estaria concluindo uma etapa de forma influência do papel impresso e pelas mídias de massa, mas não nos demos conta disso, pois são movimentos que durou vários séculos.

Porém, para sermos consistentes na montagem de cenário futuro,  não podemos comparar o momento atual com nada parecido, a não ser se imaginarmos que estamos vivendo outra ruptura radical nas tecnologias cognitivas que usamos e temos que procurar o peso adequado, a partir da comparação com o momento similar.

Tem lógica até aqui?

Quando ouvimos a expressão “precisamos entrar nas redes sociais”, ou precisamos ter “uma política nas redes sociais” estamos apenas usando esse processo como uma tática geral dentro de uma estratégia previamente definida, de um cenário conhecido, marcada por tecnologias cognitivas que estão sendo, aos poucos, alteradas e substituídas, que compuseram um ambiente que está ficando para trás!

Não dar o peso adequado às tecnologias cognitivas disruptivas é o erro principal na visão de cenário, estratégia e  implantação de projetos de maneira geral das organizações, que está desalinhada com o mundo que estamos entrando!

De fato, o cenário futuro com a chegada de uma revolução cognitiva disruptiva é bastante incerto, mas será muito mais, se não pudermos comparar com fenômenos similares no passado e apontar algumas mega-tendências que ocorrem quando a sociedade vive momento similar.

Tais mudanças  deveriam estar sendo refletidas no cenário e nas estratégia das organizações e nos projetos subsequentes.

E, infelizmente,  não estão.

E esse é o erro principal que deve ser corrigido, através de um novo alinhamento o que nos leva para o próximo capítulo “Quais são as consequências prováveis de uma Revolução Cognitiva para a sociedade e os negócios?”.

Com isso, podemos começar a corrigir o erro do cenário.

Que dizes?

Leave a Reply