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Num mundo que muda velozmente, uma empresa só se fortalece se estabelece condições de sinergia – Cortella;

Há um desespero geral das organizações por reinventar a gestão.

Uma correria doida para resolver uma macro-crise ainda mal diagnosticada pelos estrategistas de plantão, muito mais preocupados em olhar o concorrente do que as oportunidades que o novo mundo digital está abrindo.

Basicamente, vou de Cortella:

A novidade do mundo não é a mudança, que sempre existiu, mas a velocidade – Cortella;

As pessoas não se dão conta, que precisamos procurar para entender o novo mundo digital  ideias cognitivamente distantes (como definiu Giovanni Gavetti).

É preciso subir no alto da montanha para ver melhor o cenário.

Lá de cima podemos perceber as grandes alterações do ambiente, tal como o salto demográfico  de 1 bilhão de pessoas,  em 1800 para 7 bilhões, em 2011.

(Note que em 1960 éramos 3 bilhões, quando eu nasci, e só na minha geração mais do que dobramos a população.)

Tome como exemplo o Brasil, que tinham 90 milhões em ação na Copa de 70 e hoje bate na casa dos 200 milhões, quase o triplo!

A meu ver essa é a base da crise de gestão que vivemos hoje, no modelo abaixo, que relaciona a mega-crise que nos metemos:

Me parece lógico, como vemos acima, que aumentar a população nos cria um problema irreversível e que nos leva a uma crise de produção, que força a investir cada vez mais na inovação (resolver mais com menos).

Tal demanda pede  ambiente de informação mais dinâmico, que pede desintermediação da gestão, criando mais democracia interna nas organizações e na sociedade, através de desintermediação, possível agora pelas ferramentas das plataformas colaborativas.

Assim, a meu ver não temos uma sociedade da informação, nem do conhecimento, nem da inovação, mas uma sociedade de 7 bilhões de pessoas, que criam problemas grandes e complexos.

Quanto mais gente, mais a coisa vai ficando complexa.

No livro “Here Comes Everybody“, de Clay Shirky (pg 27), ele traz uma visão interessante, que tenta demonstrar que o aumento das pessoas no ambiente não cresce apenas em número, mas cada vez mais em complexidade, como vemos abaixo.

Obviamente, que parte destes 7 bilhões demanda menos do que a outra parte, mas somando o todo temos uma hiper-crise produtiva, sem planejamento que nos leva para as suas consequências: mega-cidades, poluição, fome, falta de energia, agressão ao ecosistema, etc.

Isso tudo é agravado por um modelo produtivo voltado para poucos e não para o todo.

Por isso, haverá uma mudança profunda no modelo geral, como já está aparecendo aqui e ali, tanto em termos teóricos, quanto práticos.

Teóricos falam em um novo capitalismo mais social. E as empresas procuram transformar o discurso da sustentabilidade em prática.

Ainda engatinhamos.

O modelo das organizações no sistema atual não comporta esse tamanho da população com o mesmo paradigma.

Essa complexidade, que gera aumento global de  velocidade demanda uma nova sociedade e esse é instintivamente o propósito de uma nova rede de trocas.

Vou complementar dizendo que nos organizamos em grandes redes informacionais/relacionais/comunicacionais para sobreviver e atender a essas demandas.

(Sugiro se familiarizar com teorias de Lévy aqui.)

E, da mesma maneira que tudo na vida, estas redes não mudam na continuidade, mas aos saltos, na linha do que Kuhn definiu para a Ciência, porém em espaços que demoram algumas décadas ou mesmo séculos.

Há rupturas de tempos em tempos, um movimento coletivo por redes mais dinâmicas, quando temos problemas demográficos dessa natureza a solucionar.

Pois bem, o que temos, então, é uma crise produtiva que pede uma nova rede que é a base de troca de todas as organizações.

O problema que as organizações não se vêem como redes.

Acreditam que as redes são algo externos a elas, como discuti aqui.

Diria que:

  • O modelo de rede atual é obsoleto e precisa mudar para um mais dinâmico;
  • O novo modelo já está sendo testado pelos adolescentes;
  • A forma mais dinâmica de se produzir hoje é na rede digital;
  • E que as empresas, podem demorar, mas vão aderir a esse novo modelo de troca.

Qual o problema?

Democracia.

Há uma relação do aumento de população empurrando a sociedade para algo mais democrático.

Não dá para aumentar em volume sem mudar a forma, como dizia Galileu.

Ou seja, vamos precisar desintermediar para solucionar e ganhar velocidade.

Para isso, um conjunto de privilégios, interesses, regras, controles que hoje moldam a nossa sociedade e as organizações terão que dar lugar a um outro modus-vivendi e operandi mais eficaz.

E esse é o conflito que estamos assistindo em todos os recantos do planeta, na luta contra as redes das aranhas contra as das estrelas do mar.

Portanto, quando falamos em gestão, temos que falar em conhecimento da gestão, ou da nova gestão na rede digital, que engloba em um patamar completamente diferente o que chamamos hoje de gestão do conhecimento, ou da informação ou da comunicação em redes sociais, ou marketing digital.

Tais iniciativas,  no paradigma antigo estabelecem métricas compatíveis com a visão distorcida.

Estão procurando resultados que mascaram a grande crise, que deve ser resolvida como mais inovação, mais competitividade e uma mudança na gestão, através da desintermediação para redes mais dinâmicas.

Ponto.

O que é preciso ser gerenciado é a passagem da de uma rede obsoleta para outra mais dinâmica.

Precisamos de uma nova gestão em rede digital, mais aberta e democrática, para viver num mundo de 7 bilhões de pessoas.

Que será necessariamente um mundo mais desintermediado do que a atual, o que não quer dizer com menos sofrimento para o conjunto geral.

Isso depende do que faremos com essa rede digital.

Falta nos conscientizarmos disso, colocar isso na estratégia, nos projetos em linha e ir em frente rumo ao novo século, deixando o século passado para trás.

Nesse processo, infelizmente, não há marcha ré.

Nunca uma rede humana nova voltou para trás, nem a oral, nem a escrita, nem a escrita impressa, nem a da mídia de massa e não será a digital que vai pagar esse mico.

Vide adolescentes com outra maneira de se relacionar com a informação, comunicação e entre eles.

Vamos acordar?

Concordas?

 

2 Responses to “O desafio da gestão em rede digital”

  1. Nepo,

    Adorei ler um pouco sobre a sua visão em relação a desintermediação, onde você parece acreditar que esse movimento será e deve ser impulsionado pelo uso, inovador e mais competitivo, de redes de informação/relacionamento/comunicação cada dia mais dinâmicas.

    Particularmente, em relação a empresas, eu mudaria o que você está chamando de “redes”, para “canais”, sei que quando mudamos esse termo o conceito muda um pouco, porém acredito que a idéia de canais fornece melhor a idéia de movimento, velocidade e entrega que o mundo de hoje está precisando, o termo rede considero que dentro das empresas é confuso e cria uma idéia muito estática…

    Se movermos para o discurso em relação a desintermediação dos canais de relacionamento, comunicação, informação e vendas, estaremos sim acelerando em muito a empresa, os mercados e os mundos. Em nossas consultorias, aqui na Hubee, o primeiro processo que estamos começando a fazer em nossos novos clientes é o Mapeamento de Canais, onde mapeamos como está sendo o uso dos atuais 42 canais que a empresa tem a disposição, os resultados são impressionantes para diretores e gestores.

    Com certeza Nepo, foi tudo rápido demais! Falo exclusivamente sobre isso em minha próxima coluna Web-Business da revista Wide a ser lançada em setembro, gostaria de ter lido mais sobre sua visão de desintermediação e sobre Pierre Lévy… Mas tá valendo ainda…

    Voltando a idéia de rede social, e sim, nesse caso é rede, acho sim que ela irá criar demanda em uma velocidade em que muitas empresas simplesmente não conseguiram atender, mas não vejo isso como alarme, vejo como evolução, que com certeza a cada dia mais dinossauros irão morrer e novos seres mais evoluídos e preparados para as novas demandas irão aparecer… normal… nova biosfera ou nova “midiosfera”?

    Concluindo Nepo, parabéns pela postagem, adorei, haja vista o quanto escrevi de considerações em resposta. Gosto muito de sua visão quase filosófica do momento em que a sociedade/marcados/empresas estão vivendo, entendo que sua proposta não é dar soluções, onde para gestores e consultores da área, como eu, que precisam gerar resultados e mudanças amanhã para nossas empresas e clientes: é essencial sua contribuição de idéias e visões. Obrigado.

    Abs,

    Rafael Esberard

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Rafael, os conceitos são interessantes.
    Mudar de rede para canal, ou canais, que seriam desentupir os fluxos.

    Os conceitos são ferramentas úteis ou não, o Lévy usa mídia.

    Se o termo canal tem funcionado melhor acho válido, não prejudica, talvez possamos dizer que as redes tem canais de troca e eles estavam mais entupidos e precisam ser arejados.

    Quando você diz:

    “Gosto muito de sua visão quase filosófica do momento em que a sociedade/marcados/empresas estão vivendo, entendo que sua proposta não é dar soluções, onde para gestores e consultores da área, como eu, que precisam gerar resultados e mudanças amanhã para nossas empresas e clientes: é essencial sua contribuição de idéias e visões. Obrigado.”

    O problema é que a mudança é tão grande e ampla que temo, às vezes, quando partimos para a parte sem entender o todo.

    E o desafio maior hoje é responder a pergunta:

    Como consertar o avião sem pousar? 😉

    Gostei do conceito canal, vou pensar mais sobre isso, tks,,,

    abraços,

    Nepô.

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