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Conhecer é se auto-conhecer – da safra de 2011;

Temos a fantasia infantil que somos o que pensamos.

Me parece que somos o que nos fizeram acreditar o que somos.

E o processo de conhecimento não é para fora, mas para dentro.

Descobrir como fizeram nossa cabeça e começarmos a refletirmos sobre aquilo que achamos que somos e pensamos.

Conhecer é se auto-conhecer.

Ninguém aprende novos conhecimentos, mas simplesmente problematiza e amadurece a visão que tem de algo.

Ou passa a ter mais informação, deixando de lado uma visão mais leiga.

Ou passa a refletir sobre uma nova maneira de pensar.

Mudando a forma de ver o mundo.

Diante disso, acredito que temos três níveis, instâncias, na forma de ver a realidade.

  • As teorias – nossos modelos mentais;
  • As versões – como analisamos os fatos a partir destes modelos;
  • E os fatos – a pseudo-realidade que passa pelo nosso filtro.

As teorias se dividem em duas:

  • As teorias que reforçam o modelo vigente na sociedade – que é o senso comum, a majoritária, a dominante, a que nos ensinam na família e na escola, a conservadora;
  • E as as teorias que questionam mais ou menos o modelo vigente na sociedade – que adquirimos em famílias divergentes, ou com professores destoantes, ou que vamos lendo aqui e ali e compondo uma nova proposta de mundo.

No filme Matrix, quando Morpheu oferece à pílula para Neo, na verdade, ele está propondo que este passe a ter uma nova teoria daquele mundo – fora de Matrix.

Ou seja, que ele consiga ver Matrix de fora e possa repensar o modelo mental que ele tinha e que ele acreditava que era a realidade e que ele era aquela pessoa que vivia dentro daquela “fantasia”.

As versões reforçam as teorias e os fatos, pois se não conseguimos ver as teorias de fora, sempre vamos analisar tudo que nos chegam com o velho olhar.

Com o paradigma atual.

Portanto, as sociedades sobrevivem com um senso comum, que estimula um piloto automático, que nos leva a um conservadorismo.

Trabalhar no piloto automático economiza nossa energia física e mental.

Tudo isso se encaixa em sociedades estáveis e sem crises de produção.

“Deixa a vida me levar”, como sugere o filósófo-pagodeiro na melô do piloto automático, Zeca Pagodinho.

O pilotos automáticos – digamos – são mais úteis, quando há um certo equilíbrio mesmo que haja injustiças.

Ou em desequilíbrios, mas que são mantidos pela força (ditaduras) ou pelo poder de persuasão (pelo controle da informação, principalmente em mídias controladas).

Tais equilíbrios criados (pela força) ou (pela persuasão)  podem ser quebrados de duas maneiras:

  • Revoluções sociais – que usam a mídia atual para fazer contra-informação, de forma pontual em uma região específica, que pode se espalhar por mais países, como foi o caso da república, pós-revolução francesa, ou do comunismo;
  • Revoluções informacionais – quando uma nova tecnologia informacional cria um novo ambiente de troca de ideias, o fenômeno é global e atinge cada vez mais, mais regiões.

É o nosso caso atual com a chegada da Internet, como foi o da prensa há 500 anos.

Numa revolução informacional, as teorias do passado que davam sustentação à sociedade são questionadas no seu conjunto, por um grupo grande de pessoas, ao mesmo tempo.

E nesse momento todo mundo fica meio se perguntando: “o que é Matrix?”. “Onde estamos e para onde vamos?” “Que pílula eu tomo agora?” “A que nos leva a repetir ou criar algo novo?” “O piloto automático está me levando para um abismo que não conheço?”

E aí chega a hora de repensar nossas antigas teorias, as mais enraizadas, as mais profundas, as que foram construídas ao longo de muitos anos.

(Chamem os filósofos para nos ajudar!).

Os fatos e versões perdem o sentido, tudo fica obsoleto, pois estabelece-se uma nova lógica, é uma reconstrução completa de Matrix.

Quem quer construir um mundo pós-revolução da informação, portanto, deve criar uma teoria divergente da atual, mas terá que ter um embate sério com o modo de pensar vigente, agarrado ao modelo anterior com unhas, dentes, cabelo, barba e bigode.

O que nos leva a pensar que nunca tivemos clareza da força das revoluções da informação.

E nunca atuamos de forma conjunta – ou de forma política – para implantá-la com consciência do que de fato estamos passando.

Isso é novo na história.

A consciência desse movimento e a possibilidade de agir dentro dele.

Esse é o nosso desafio atual.

E para isso um grupo aqui no Rio de Janeiro começa a se mexer.

Falo mais sobre isso depois.

Que dizes?

One Response to “Teorias, versões e fatos”

  1. jeferson santos disse:

    repensar o as idéias, é uma boa forma de mudar o panorama, uma vez que quem muda a si mesmo, com certeza muda algo ao seu redor, as pessoas percebem a mudança, e na tentativa de descobrir, como quando e porque mudamos, mudam também…

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