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O jeito como nos informamos  e nos comunicamos condiciona a sociedade – Nepôda safra 2011;

Depois da rica experiência na última turma de mkt digital na Facha (Dig8),  fiquei a pensar.

Será que uma aula tipo como vemos no cinema – professor inquieto, levando várias problematizações aos alunos – é algo contemporâneo, uma tendência a se espalhar como método de ensino ou um modismo de dado professor?

Lembro-me de uma cena daquele filme “Escritores da liberdade” que a professora muda radicalmente a relação com alunos considerados problemáticos.

O coordenador do Estado, depois dos ótimos resultados,  pergunta para ela: é possível expandir seu método ou ele está restrito a você?

Ela responde: não sei!

Ou seja, perguntou-se:

É uma macrotendência possível ou um micromodismo de um professor?

Aposto hoje na macrotendência e explico.

O mundo 2.0 é uma guinada civilizacional.

Saímos do mundo da repetição, de uma inovação pingada e arrastada,  para o da inovação acelerada em tsunamis.

Temos 7 bilhões de almas espalhadas em todo o globo a alimentar e precisamos dar uma verdadeira guinada produtiva, tendo como base a inovação.

Esta é a palavra de ordem nas empresas, conforme detalho neste post.

Obviamente, que se vamos caminhar na direção da inovação acelerada – que a meu ver é a base dessa nova sociedade – é preciso repensar a escola.

E não me venham falar em computador!!!

O que muda basicamente é a relação de todos (professor e alunos) com o conhecimento.

O conhecimento está se desprendendo do papel e isso tem vários significados profundos para a sociedade, pois está mais, entre outras características:

  • – ágil;
  • – líquido;
  • – mutante;
  • – coletivo;
  • – acessível.

E o nosso cérebro é influenciado por essa guinada, nossos neurônios, aos poucos, estão se relacionando de forma diferente para serem mais adaptados a esse novo ritmo – e isso é permanente.

Nosso cérebro está ficando mais ágil, líquido, mutante, coletivo e acessível, justamente compatível para funcionar em outro patamar informacional.

Ou seja:

É a nova cognição do século XXI numa escola do século XVII.

É, portanto fato: estamos todos migrando de um conhecimento/cognição mais sólida/o para um/uma mais líquida/o (falei mais sobre isso aqui).

E isso tem se dado aos poucos na rede, mas não na escola, que é um campo de reação à mudança em curso, do maternal ao pós-doutorado, passando principlamente pela academia produtora da dita Ciência, que deveria ser uma ferramenta de inovação.

Estamos resolvendo um problema de sobrevivência da espécie, na qual a inovação constante passou a ser necessidade fundamental e, por isso, a escola terá que formar novo tipo de aluno!

Precisamos de pensadores e de inovadores e não mais de repetidores!

Não há lugar para impor um conhecimento sólido, fechado e transmitido de forma vertical, pois este tem sentido em um mundo com uma taxa de abuso alta e fruto de um controle informacional elevado.

Com respectivo ritmo de inovação bem mais lento, dependente fortemente de autoridades centralizadas, que controlam o fluxo da informação para manter seus privilégios.

Uma coisa leva a outra.

No novo ritmo e isso é inapelável, pois é uma mudança cognitiva irreversível, é preciso, basicamente, criar essa nova relação aluno-professor – aluno-aluno.

Porém, estamos olhando para a escola pelo retrovisor e não, através do para-brisa para a linha do horizonte.

É necessário criar espaço mais respeitoso, mais humano, de um conhecimento mais líquido, aberto e transmitido de forma horizontal, no qual o aluno será preparado para exercer seu pensamento.

E poderá expandir essa prática na sociedade de forma mais livre.

É disso que se trata a mudança!

Diálogo!

Em algo basicamente afetivo, entre iguais, na busca do conhecimento aberto.

E ninguém vai inovar sendo abusado e oprimido na sociedade e, principalmente na sala de aula, quando nunca lhe perguntam o que acha da lógica do conteúdo que está sendo apresentado.

O conteúdo é de papel.

(Marcha soldado!)

É para ser engolido sem discutir.

E pronto!

Pior: se não decorou, leva zero na prova!!!

Isso é que é, a meu ver,  o verdadeiro bullying a ser combatido na escola!

Assim, a tendência na formação 2.0 é procurar uma nova escola bem diferente da que estamos acostumados.

Na qual, o conhecimento passa a ser cada vez mais líquido e as relações afetivas – estas sim –  mais sólidas.

(Inverte-se o que é hoje, conhecimento sólido e relações líquidas.)

É o espaço de encontros de diálogo e conversa.

E não mais monólogos.

É desse tipo de aluno que o mercado estará demandando aqui e ali no presente e estará fortemente sendo demando num futuro breve.

Vamos esperar sermos atropelados pela necessidade urgente como bons brasileiros do passado, ou podemos nos planejar melhor apostando em um novo país?

Se quisermos ser competitivos a lógica que consigo ver no momento aponta nessa direção.

Que dizes?

14 Responses to “Formação 2.0”

  1. Digo que já estou com saudades das nossas aulas. Ou melhor, aulas não; encontros. Pois em nossos encontros, compartilhamos muitas experiências e informações. Como você mesmo disse, todos saímos diferentes de quando entramos. E não vejo, felizmente, esse tipo de encontro como modismo. É um tendência, mas suportada apenas por poucos. É preciso uma relação de interesse mútuo entre alunos e professor. Por isso, não acho que possa se tornar um modelo ou padrão. Isso requer, primeiramente, uma sensibilidade do professor em saber se é ou não aplicável em tal turma. Para nossa sorte, de nós – alunos, houve esse interesse.

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Allan, não sei.

    Veja que Paulo Freire desenvolveu um método de aprendizado em que o professor era apenas um incentivador e foi algo que se multiplicou.

    A ideia de colocar a ignorância como a grande vilã e todos tentarem evoluir determinado tema, acredito ser possível de multiplicação.

    O que pode variar é a eficiência de cada professor no método, pois quanto mais ele se envolve está presente, tem a dizer, questiona, mais interessante fica.

    Mas o método pode ser multiplicado, vide, como disse, P.Freire.

    Concordas?

  3. José Eugênio Grillo disse:

    Alô, Nepô.
    Este texto explicita bem meus pensamentos e daí te seguir e interagir. Há 5 anos atrás fiz uma pós diferenciada com mediadores e não professores e na área de Gestão do Conhecimento que me abriu minha cabeça. Busquei e busco sempre inspiradores, os que olham para o futuro – sim, o futuro brasilbrasileiro – e que não ficam presos tal qua à lei da gravidade, nos puxando para o centro da Terra, a dogmas do passado e a mentalidades limitadas. Considero esse um dos papéis da educação (pessoas compartilhando saberes com pessoas, respeitando as pessoas como elas são, suas bagagens, seus sonhos). tks por ler.
    abs,
    @grillojotae

  4. Nepô,

    Sim, concordo. Pode ser “responsabilidade” do professor persuadir a grande massa da turma. Mas acredito que existam alunos que realmente não estão interessados. Aí, por mais “freiriano” que seja o professor, não haverá o “encontro”.

  5. Tássia Braga disse:

    Oi, Nepô!

    Hoje, tantos foram os assuntos aqui colocados, que me aterei apenas a um. =)

    Quando estava em sala de aula, no último encontro, lembrei-me do filme ‘Ao mestre com carinho’, um clássico! Apesar de toda dificuldade encontrada pelo mestre em relação aos alunos completamente desinteressados (não foi o nosso caso!) e à coordenação da escola, ele conseguiu despertar nos jovens uma grande mudança interna.

    E mais: ele deixou de lado uma “ótima” proposta de trabalho na área de engenharia, na qual era formado, para se dedicar somente à educação. O que me fez lembrar também daquela nossa aula em que você falou da importância de sermos, de buscarmos o autoconhecimento.

    No caso do professor do filme, o retorno foi tão especial, que não teve como voltar atrás, pois o afeto já estava preso a ele. Um belíssimo filme! =) E tudo a ver com os nossos encontros, né?!

    Beijão!

  6. Carlos Nepomuceno disse:

    Tássia,

    legal, gosto nessa linha desse escritores da liberdade e aquele do Robin Willians.. sociedade dos poetas mortos,

    valeu Tássia.

  7. Carlos Nepomuceno disse:

    Allan, pode ser, mas quando se dá a palavra, todo mundo, por mais tímido que seja, acaba e (gosta) de falar.
    abraços,
    Nepô.

  8. Carlos Nepomuceno disse:

    Grillo, gostei disso:

    Considero esse um dos papéis da educação (pessoas compartilhando saberes com pessoas, respeitando as pessoas como elas são, suas bagagens, seus sonhos)

    Valeu visita e comentário!

  9. Júlia Linhares disse:

    Vou dar um RT no Allan! já estou com saudades do nossos encontros e do que eles promoviam internamente. Eles permitiam e incitavam a nossa mente a raciocinar, linkar conteúdos falados agora, com outras coisas que aprendemos ao longo da vida. Espero não perder isso, e pelo contrário continuar estimulando a minha mente!

  10. Sandro Barretto disse:

    Ótimo post, Mestre. Esse é um assunto que tem me despertado cada vez mais interesse. Talvez por trabalhar dentro de uma Universidade e ver de perto o quanto as nossas instituições acadêmicas (mesmo as de ensino superior) ainda não estão preparadas para lidar com o tal “conteúdo líquido”. Ou talvez por me preocupar com o tipo de educação 1.0 que minha filha poderá ter em um futuro breve.

    Um cara que tem me deixado ainda mais fascinado pelo tema é o inglês Ken Robinson. O discurso dele é tentador e abre um leque de temas para discussão. Vale conferir esse vídeo pra entender perfeitamente a linha de raciocínio dele: http://youtu.be/zDZFcDGpL4U

    Espero que vc volte a abordar o tema aqui.

    Grande abraço
    Sandro

  11. heraldo hb disse:

    Bem, não é sobre o post… Mas, quero deixar registrado a felicidade de encontrá-lo no twitter e chegar a esse blog.
    Não sei por que caminhos, mas eu recebia seus textos via email há muitos anos atrás, antes da web 2.0 🙂
    Me acenderam várias luzes na mente, pequenos clarões importantes naquela seara sobria que era a Internet em seus primeiros anos no país.
    Acompanherei.
    Abraço,
    @heraldohb

  12. Carlos Nepomuceno disse:

    Sandro, valeu a dica, é a segunda pessoa em pouco tempo que fala dele, tenho que aprofundar, já tive contato com ele, mas agora vou aprofundar.

    Heraldo, que bom, então era você..rs.

    Julia, quando você começar a dar aula desse jeito, quem sabe?, estarei na sala para te aplaudir rs

    bola para frente.

    Valeram comentários e visitas,

    Nepô.

  13. Sylvi Faustino disse:

    Nepô,

    Depois de todos os acontecimentos de ontem, de tantas reflexões, voltei para reler esse post, que me passa uma ponta de esperança.
    Ainda que pareça mais uma sonhadora, acredito que pode haver mudanças positivas.
    Minha humilde contribuição para esse movimento de rupturas é compartilhar ideias e atitudes como estas aqui.
    Saudades das suas aulas.
    Abraços.

  14. Carlos Nepomuceno disse:

    Sylvi,

    sim, todos abalados.

    Saudades da turma…

    Nepô.

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