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No mundo 2.0, estamos sofisticando os intermediários e não eliminando-os – Nepô da safra de frases 2011;

Muita gente fala em desintermediação com a chegada da rede digital.

Andei falando nisso um tempo, mas já passou.

O fenômeno informacional precisa de intermediários.

Não existe informação sem intermediários.

Um pássaro voando não é informação, até que alguém transforme-o na dita cuja.

Veja a fábula do boi no pasto que fiz aqui.

O que está acontecendo é uma mudança radical na intermediação da informação em:

  • Quem faz;
  • E como faz;

No mundo 1.0 (antes da rede digital) haviam profissionais que detinham o poder de selecionar os documentos, disponibilizá-los em dado local, de difícil acesso, permitiam pessoas a acessá-los e eram o “rei do documento preto“. 😉

(Assim como depois da Idade Média os padres perderam a vez para as editoras, que se transmutaram em rádio, tevê….)

Eram eles que tinha a função de selecionar, representar, disponibilizar os documentos para os usuários, que ficavam a mercê destes talentos para achar no tempo devido o que procuravam.

Essa intermediação que foi um sucesso inegável nos últimos séculos ficou lenta demais para o tamanho da nossa população.

A base da informação de qualidade é uma harmonia entre volume/tempo/custo.

TRINGULOQUALIDADEINFORMACAO

Nenhum destes fatores pode sair de uma taxa razoável.

O mundo 1.0 passou a fornecer uma informação cara, demorada num volume cada vez maior.

Deu zebra!

A rede digital vem corrigir o macroambiente informacional, aumentando o volume cada vez mais, mas reduzindo o tempo e baixando o custo.

Como?

Hoje está tudo a um clique.

Economizamos para chegar na informação que queremos.

Entram as ferramentas de buscas, que dão relevância a partir da procura dos usuários.

O usuário passa a participar de forma mais efetiva na qualificação, inclusão, representação da informação.

O profissional de informação deixa de ser o “dono da representação” e da chave do cofre e passa a ser um administrador da plataforma para ajudar a comunidade a incluir e representar, preservando um passado arquivístico importante.

Facilita a cópia e a alteração dos documentos, transformando-os de sólidos em líquidos.

O mundo 2.0 precisa assim ser mais rápido e mais barato ao lidar com tanta informação.

Não há mais espaço para um intermediário 1.0, que ficava censurando, protegendo, guardando a informação.

Porém, não se perde o papel de uma intermediação mais sofisticada que possa ampliar o significado, pois, ao mesmo tempo que barateamos o custo e aumentamos a velocidade, também, com a rede, multiplicamos, em muito, o volume.

Assim, um intermediário 2.0 salta de um produtor de informação para um gestor de comunidades produtoras/consumidoras de informação.

Passamos trabalhar um degrau acima.

Um médico é também um gestor das informações que seus usuários obtém no Google.

Um jornalista tem também que aprender a fazer seu trabalho, absorvendo o material dos leitores, bem como, seus comentários.

É um novo intermediário mais sofisticado.

O profissional da informação, pelo seu lado, passa a ser o responsável por criar e administrar as plataformas que a interação dessas comunidades digitais em rede.

A forma como elas vão ser estruturadas e concebidas ajudam ou atrapalham a relação dos intermediários.

Peguemos o caso do Facebook.

O usuário troca o que quer, desde que seja no molde que o pessoal de informação do Facebook definiu.

Ou seja, o Facebook é a plataforma 2.0, assim como o Twitter, é uma plataforma que define como as trocas vão se dar entre os novos intermediários.

Os grandes seguidos e a massa de seguidores, criando uma ecologia mais democrática, mais meritocrática e mais compatível com as demandas informacionais em curso.

Porém, é uma ilusão falar em mundo desintermediado informacional, mas em um novo tipo de indermediação.

Pode-se até dizer que pulverizamos mais a intermediação.

Mas ela sempre existirá.

Que dizes?

5 Responses to “Intermediários 2.0”

  1. Matheus disse:

    Um grande veículo intermedia 1.0, enquanto outro grande veículo intermedia 2.0: quem ganha público é o outro.

    Um grande veículo intermedia 2.0, enquanto outros pequenos veículos não intermediam: qual a tendência nesse caso?

    Historicamente, a intermediação causou trauma no ser humano. Nós podemos ver isso quando descemos o sarrafo no programa do Faustão, Domingo Legal, e tratamos blogueiros como herois da resistência.

    Também é clara a movimentação das pessoas quando, por exemplo, um moderador barra comentários que um outro moderador não barraria.

  2. […] This post was mentioned on Twitter by cnepomuceno, Verônica Solti. Verônica Solti said: RT @cnepomuceno Nepôsts – Rascunhos Compartilhados » Blog Archive » Intermediários 2.0 http://bvolu.me/gSh0zJ […]

  3. Katia Paim Peixoto disse:

    Interessante vc falar no controle da informação. Na internet, temos à disposição o acesso a muitos dados que só se tornam informação depois de analisados. Antigamente, alguns poucos tinham acesso aos dados e ganhavam certo poder e prestígio analisando-os e vendendo-os ou compartilhando-os em troca de benefícios. Atualmente, muitos são os que tem acesso aos dados e os interpretam, dão-lhes sentido e contextualizam-nos. Isso é função do intermediário. No meio de um mundo de possibilidades, em que qualquer um pode desempenhar a função de intermediário, o sujeito tem que se esmerar em ser melhor, em dizer o que o seu público quer ouvir. Aqueles que obtém audiência de sucesso ganham um prestígio ainda maior do que os centralizadores da informação no passado, visto que o volume de informação disponível e, consequentemente, a competição hoje é também muito maior. Esse sucesso de audiência faz inflar o ego do cara, igualzinho inflava o ego do cara que, no passado, era dos poucos que detinha a informação. O que ainda nos leva a um velho problema, a confusão entre interesse público e interesse do público, pq nem sempre a informação que é produzida que prende a atenção do público é a mesma informação que faz diferença na vida do público conhecer. Por isso, jornalista de verdade é aquele que faz da informação de interesse público da sua audiência uma informação que o seu público vai se interessar em obter. Atender os desejos da audiência pode ser o papel de um mediador, mas atender os desejos e as necessidades da audiência, esse é o papel do jornalista e, na minha humilde opinião, vai ser sempre, seja no mundo 1.0 ou 2.0.

  4. Carlos Nepomuceno disse:

    Mateus, quem criar ambientes + dinâmicos tende a crescer…Valeu a visita.

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Kátia, vamos lá, demorei para responder:

    Você aponta como problemas, basicamente:


    1) qualquer um pode desempenhar a função de intermediário;
    2) o sujeito tem que se esmerar em ser melhor, em dizer o que o seu público quer ouvir;
    3) Esse sucesso de audiência faz inflar o ego do cara, igualzinho inflava o ego do cara que, no passado, era dos poucos que detinha a informação;
    4) a confusão entre interesse público e interesse do público;
    (nem sempre a informação que é produzida que prende a atenção do público é a mesma informação que faz diferença na vida do público conhecer.)
    5) Por isso, jornalista de verdade é aquele que faz da informação de interesse público da sua audiência uma informação que o seu público vai se interessar em obter.
    6) Atender os desejos da audiência pode ser o papel de um mediador, mas atender os desejos e as necessidades da audiência, esse é o papel do jornalista e, na minha humilde opinião, vai ser sempre, seja no mundo 1.0 ou 2.0.”

    Acredito que você toca em várias questões que me inquietam também.

    Não acho, entretanto, que a questão de egos inflados se separam pelo “jornalista de verdade” e o “novo intermediário”.

    A não ser que você pudesse falar da “boa fé” ou de uma ética da pessoa que passa a informação. E essa ética estivesse ligada a capacidade de:

    – se relacionar com o ego para que ele não tome conta;
    – e tentar, ao máximo, pois às vezes se quer e não consegue, tentar passar o que é de interesse público.

    Mas note que “o interesse público” é um conceito que em uma roda de botequim, cada um vai achar algo diferente.

    E vamos ter também a variante da capacidade de cada um de lidar com o seu ego.

    O que se pode propor, ao máximo, são linhas de preocupação para tentar evitar desequilíbrios sem a devida consciência disso.

    E nem que o jornalista de verdade vai defender o interesse do público e público, que você coloca de forma interessante.

    Note que o jornalismo atual 1.0, lendo, vendo e ouvindo, não se vê o interesse público representado, pois vai-se para a superficialidade (por dificuldade do próprio jornalista que não tem tempo de estudar pelo ritmo que é obrigado a ter e necessidade de audiência, anúncios, etc).

    E aí entra o ambiente da produção de informação na grande mídia.

    Tem gente na mídia também que está com o ego a flor da pele e só falar para seu umbigo, ou não tem?

    Se o “jornalismo de verdade” seria uma procura de:

    – relação melhor com o ego;
    – tentativa honesta de procurar sempre a informação relevante, independente ficar olhando audiência ou seguidores.

    Acho que é uma boa bandeira, que deve ser levada, sabendo-se que há aquela separação do ser com o sobreviver.

    O segundo, geralmente, fala mais alto.

    que dizes?

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