Não estamos numa época de mudanças, mas em uma mudança de época – Chris Anderson – da coleção;
Resumo: texto aborda a diferença entre os conceitos de plataforma e mídia. A plataforma roda por baixo, códigos, e a mídia por cima, mensagens por cima de dado código. Passamos da plataforma escrita e oral (incluindo rádio e tevê) para a digital. Essa confusão entre mídia e plataforma chamo de tomatismo comparar fenômenos distintos, tomate com laranja, por exemplo.
Para twittar:
- Texto: Internet não foi e nunca será uma mídia – é plataforma cognitiva, na qual as mídias digitais rodam: http://bit.ly/feCnRa
- Tomatismo (comparar coisas incomparáveis) mídia com plataforma: http://bit.ly/feCnRa
- Um dos maiores enganos ao se estudar Internet, achar que ela é uma mídia e não plataforma: http://bit.ly/feCnRa
Texto:
Lendo a entrevista de Wolton, que comentei aqui, me caiu a ficha.
Ele comete um tomatismo (comparar coisas não comparáveis): plataforma e mídia e isso me ajudou bastante a definir melhor estes dois conceitos.
Uma plataforma cognitiva é algo maior, amplo, na qual há um código distinto de troca de informações na sociedade.
Uma plataforma permite ter um conjunto de mídias em torno delas, mas as mídias só rodam sobre uma dada plataforma.
Estamos vivendo uma mudança de plataformas e não apenas de mídias!
Passamos da plataforma escrita e oral (incluindo rádio e tevê) para a digital.
Por isso temos tantas mudanças ao mesmo tempo.
Uma mídia é uma variante que atua em cima da plataforma, que é uma alteração mais profunda, nos códigos-fontes, na base da sociedade, no átomo pelo qual a informação circula, por isso tão poderosa é a mudança.
Uma plataforma é assim um conjunto de códigos (sons, letras, dígitos) que estabelece uma parâmetro de comunicação e informação, construída de forma coletiva, a partir do esforço de toda a sociedade.
As mídias “rodam” em cima dessa plataforma, com os novos potenciais que oferecem.
Assim, não podemos comparar a Internet com o rádio e a tevê, pois a Internet é o lado tangível da nova plataforma digital.
A expressão mais clara, que tem como características, o código básico digital (0-1), diferentes das letras da plataforma passada ou dos sons da plataforma oral ainda anterior.
A plataforma cognitiva digital roda sobre um suporte e mineral (silício) diferente do passado que era (vegetal) papel ou nas ondas do ar (voz, rádio e tevê).
Essa mudança é gigantesca, revolucionária, rara e potencialmente transformadora.
Assim, confundir mídia com plataforma, talvez seja um dos principais equívocos que estamos cometendo ao analisar a Internet e suas consequências.
E isso nos leva a essa dificuldade de compreender o fenômeno.
Vide tabela abaixo:
Sob esse ponto de vista, vemos que as mídias digitais, que rodam na nova plataforma, têm como característica, algo que é interente a nova plataforma e não tinha na anterior:
- Alteração rápida, constante e barata das mensagens;
- A possibilidade de alteração do conteúdo a distância, inclusive por quem o acessa;
- O acesso ao mesmo conteúdo por várias pessoas ao mesmo tempo;
- A produção coletiva barata, on-line e on-time;
- O muito-para-muitos a distância;
- Os rastros deixados e passíveis de acompanhamento da relação usuário-mensagem.
Nessa nova plataforma cognitiva digital, na qual as novas mídias rodam, temos aplicações, vertentes de uso, que são exemplos, do tipo, blogs, facebooks, chats, twitters, etc.
Assim teríamos:
Exemplificando:
É isso, que dizes?
[…] A Internet não é uma mídia […]
Grande Nepomuceno!
Tenho acompanhado muito o seu trabalho de uns tempos pra cá, seus posts, pensamentos, enfim, seus rascunhos. Sou estudante de Comunicação e pesquiso e estudo muito sobre redes. Comecei com simples oficinas na faculdade porque dizim “Ah! Ele sabe tudo sobre Redes Sociais!” – imagina. Hoje, procuro me desvencilhar da questão mercadológica – eu sei, fiz o caminho inverso! – e mergulho nos conceitos. Não à toa, apresentei um Seminário numa sobre Redes Sociais e citei nomes como o seu, Eduardo de Franco, Pierre Levy, Bourdieu, entre outros.
Fato é que, ao pesquisar sobre tudo isso, eu também já venho batendo nessa tecla de que a Internet é uma grande plataforma, ao contrário do que muitos falam. Claro, books como o Civilização 2.0 me ajudaram a perceber e afirmar essa condição.
Certezas como essa – convergência das ideias – me deixam feliz! Penso que estou no caminho – ou seguindo o rastro, no mínimo! – de grandes pessoas como você.
Parabéns pelas organizações dos projetos (blog, books, frases, vídeo MUNDO 2.0, podcats, etc.)!
Tenho os meus também agora iniciando e, se quiser e puder, conversaremos mais sobre.
Grande abraço!
Rafael, legal saber que você está indo pelo caminho dos conceitos, que é por onde está escrito “Porta de saída” 😉
Talvez, você possa aproveitar um dos meus grupos de estudos para se aprofundar mais, valeu o incentivo!
abraços,
Nepomuceno.
Nepomuceno,
Gosto muito do seu trabalho e acompanho a algum tempo. Estive refletindo sobre o que escreveu e gostaria de discutir um pouco alguns pontos.
– No texto você afirma que a plataforma na TV/Rádio é a Oral e no Jornal é a Escrita. O correto então não seria afirmar que a plataforma para as redes sociais é o digital: bit e byte?
– A Internet conceitualmente falando é uma rede de computadores criada para trafegar dados. Fazendo uma analogia com a TV, a internet funciona como o mecanismo de transmissão da TV (as antenas, ondas de rádio, etc). Não estaríamos chamando este mecanismo de mídia?
– Considerando a mídia sendo a TV X com seus programas que rodam sobre esta infraestrutura e geram os conteúdos, poderíamos afirmar que a revolução da internet é fazer com que qualquer um possa ser mídia? Tomando os blogs como exemplo. O blog é o “programa” onde os conteúdos são veiculados então as pessoas que os escrevem são mídias. Hoje “qualquer pessoa” pode desenvolver um site e hospedá-lo na internet.
São algumas perguntas que surgiram ao refletir sobre o conteúdo postado. Parabéns pelo trabalho!
Um grande abraço.
Carlos, respondendo:
Sim, é uma plataforma tão poderosa que está envolvendo todas as outras, digitalizando o mundo informacional...
Carlos, se pegarmos a história, primeiro desenvolvemos os grunhidos, que eram sons, depois os articulamos em palavras, depois criamos símbolos para estes sons (escrita) e agora estamos nos códigos (0e1) digitais, note que é em cima desse novo código-baixo que roda a plataforma e as mídias são aplicativos destas, ficam subordinadas a lógica do novo código. Por isso, temos que lidar como coisas separadas, pois as mídias migram de uma plataforma para outra e mudam a sua estrutura base, pois o novo código permite coisas que o passado não permitia.
“- Considerando a mídia sendo a TV X com seus programas que rodam sobre esta infraestrutura e geram os conteúdos, poderíamos afirmar que a revolução da internet é fazer com que qualquer um possa ser mídia?”
Se considerarmos que a voz é uma mídia e o texto idem, todos sempre pudemos usar as mídias para nos expressar. Isso é um fato.
O que ocorre agora é que todos podem divulgar melhor as suas ideias, como ocorreu no papel impresso, houve um barateamento da divulgação de ideias, através de uma mídia digital.
O Silvio Santos usava a voz para fazer o seu programa, mas o programa dele era fechado para outras pessoas.
Acho que é preciso separar três coisas:
– Pessoas geram ideias, sentimentos, energias, etc…
– Precisam de canais para se expressar, portanto, mídias;
– As mídias rodam sobre plataformas em um código fonte específico, que muda muito raramente na história, vivemos um momento destes em particular, por isso é tão difícil nos darmos conta da dimensão da mudança, com nossas cabeças rotineiras.
Seria inviável, a meu ver, pensar em pessoas como mídias, mas é possível imaginar que as pessoas hoje podem se expressar, potencialmente, mais do que antes, porém, como todos se expressam, saímos do problema da escassez, para o da atenção.
(Se quisermos pensar pessoas como mídias, assim, elas sempre foram, mas hoje têm mais canais disponíveis.)
O que nos leva para a frase do Mario Quintana, que postei hoje:
Agora que está tudo à mostra, ninguém nota – Mário Quintana;
Ou seja, a seleção continua a existir, mas não mais por falta de canais, mas pelo seu excesso.
Que dizes?
Abraços,
Nepô.