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Cabeça de PDF

  • Primeiro, veio o software livre, depois a música, agora o livro, daqui um pouco – quem sabe  – a sociedade – do meu e-book de frases;

O que mais me irritou na produção da minha tese (que se tudo der certo é defendida em março) foram os PDFs.

Todo mundo acredita que está protegendo suas ideias publicando textos em PDFs.

Doce ilusão pré-moderna.

Uns colocam embaixo de senhas, só pagando.

Nem pensar!

Quem tem dinheiro para isso?

E como vai se saber o que tem ali serve?

Vai-se no que está mais na mão, disponível.

A maioria está em PDF.

Alguns são mais “abertos”, pois permitem copiar e colar, outros, nem isso.

Você quer copiar um trecho para citar, uma expressão para fazer busca, o nome do autor, etc…e tem que fazer uma ginástica enorme.

Baixei um programa que converte qualquer PDF para DOC.

Acabou a proteção e ficou apenas o trabalho, a dificuldade.

Tão desnecessária, tão pré-Internet, tão Século XX.

Nós todos, autores, pesquisadores,  indústria do software, da música, do livro e, aos poucos, a sociedade temos que furar um problema mental, cognitivo grave.

Nós fomos criados em um mundo da distribuição de ideias controlado por um ambiente informacional consolidado nos últimos 550 anos, que começou descontrolado pelo papel impresso e foi sendo cada vez mais controlado pela indústria da mídia e se burocratizando.


Muitos dos problemas que temos hoje é pela nossa capacidade de inovar, por causa da burocracia da circulação de ideias.

É o ponto final daquela civilização do papel.

Entre nós e as ideias existia (e ainda quer se manter a todo custo) uma rede de intermediários, que lucra com o controle e finge garantir  o “direito do autor”, “o direito autoral”.

Eles foram a vanguarda da sociedade, agora estão na retarguada!

Foram progressistas, hoje são conservadores.

Na verdade, esse modelo de distribuição e de concepção do direito só é possível em um modelo do controle.

As leis autorais  têm relação direta com o modelo da distribuição de ideias.

Você só tem uma lei que vinga, se consegue punir e achar culpados.

Quando não consegue mais, tem que mudar a lei.

As revoltas são assim.

Os negros americanos não quiseram sentar mais na parte detrás do ônibus.

Quando muitos deles se recusaram a isso, faltou polícia.

E reformularam a lei.

Muda-se a forma de distribuir, é preciso mudar as leis.

Não se deve misturar o cidadão que tem bom  senso com o ladrão.

O cidadão de bom senso é o consumidor do futuro.

O ladrão sempre será ladrão.

Chamar seu consumidor de ladrão é um risco sério para quem tem meia dúzia de ticos e  tecos na cabeça.

Assim, defendo a ideia, como fiz no meu novo livro, Civilização 2.0,  de que o autor deve eliminar intermediários, não por que é legal, mas gera mais valor para ele e a sociedade.

É preciso garantir o trabalho dos autores, mas não mais protegendo a sua obra passada, que deve ser um canal de divulgação, mas a sua obra presente, estimulando e incentivando o que pode oferecer no presente.

São autores desburocratizados, que têm valor pelo que conseguem produzir ao vivo e a cores.

O resto perde o valor rapidamente, pois por mais que se queira, é impossível impedir a cópia.

Quem quer chegar no século XXI deve escrever no Google Doc aberto, para que todos leiam, desde a primeira linha e ajudem na formulação, revisão, etc.

Publicar ali e deixar que todos possam copiar à vontade.

A citação é pedida e, pasmem, como é fácil, gentil, interessante, todos atendem.

E até citam e linkam.

E se sobe no ranking do Google.

E se ganha reputação.

E se tranforma reputação em palestra, em cursos, em consultoria.

E se gera valor.

Falta ainda indústrias  competentes para ajudar os autores a viver disso.

Que se habilita?

Que dizes?

15 Responses to “Cabeça de PDF”

  1. Positivo… e o atravessado´r se tornou o dono da mídia. Mídia, podemos dizer, é médio, meio, inter-meio, intermediário. São hoje os grandes banqueiros e intermediários. Veja quanto ganaha o produtor de tomates, que precisa do atravessador (intermediário, meio, dono da mídia), do cara que faz de tudo pra chegar ao produtor de tomates, não interessa se tem estrada ou não, mas ele tem o meio de transporte que o produtor não consegue adquirir, senão o próprio produtor levaria o tomate até o consumidor final, como não pode, o dono da mídia vai até o produtor, compra a preço de banana o tomate, leva até o consumidor ou distribuidor (centrais de abastecimentos0 que distribui aos grandes comércios (supermercados e congêneres) que disponibiliza o produto pro consumidor adquirir o tomate e levar pra cas e comer. Olhe só a forma tão retrógrada de mercado: paga o produtor, o dono do meio (mídia), o dono das centrais de abastecimento, o dono da distribuidora, o dono do supermercado e o consumidor final. Todos pagam caro, por que a cada fase incide impostos mil, com efeito cascata e tudo. O que dizes?

  2. Sou suporte de informática, fui atender usuários, por isso demorei a chegar de novo, mas vamos ao que quero colocar.

    Uma coisa que não entendo. Um DVD vendido nas lojas e comercializado pela internet possui o mesmo valor R$ 80,00. Tudo bem, continua existindo para a comercialização do DVD a mesma infra, mesmos endo ofertado pela internet. Mas poxa um DVD a R$ 80,00, de um filme nacional. falei com o diretor, Paulo Beth (acho que é assim que se escreve) e ele disse que não pode fazer nada a mídia é que determina tudo.

    Mais uma coisa que não entendo: o Lobão é dono de um produto dele, a música, mas tudo oq eu foi feito na época anterior ao desligamento dele com a gravadora e que fisicamente (cd´s e dvd´s) estão no domínio da gravadora é da gravadora, e ele só terá direito aos sireitos autorais do que a gravador dispor ao mercado (isso significa hoje no máximo 2% do preço final, um valor irrisório).

    Toda essa discussão Nepô, nos remete ao famigerado direito autoral. O mundo se tornou pequeno por que a forma de relacionamento aproximou as pessoas, juntamente com a velocidade que essse mundo evolui e se relaciona. Se o que escrevo agora, em minutos ficará como um legado á posteridade, o direito de apenas fazer refer~encia ao que digo, por que então o direito autoral? E se o direito autoral no final das contas não é o vilão (veja os 2% do músico), então por que ainda se encontram preços tão exorbitantes (à partir dessa deflação de valores em função da nova forma de mercado e relacionamento)?

    Passo a palavra.

  3. Thiago Mouço disse:

    Fala Nepo,
    muito boa essa questão que você levantou.
    É complicado quando não se enxerga o grande propósito desta gigante e “nova” ferramenta que é a internet.
    Como foi dito, a informação que fica protegida pelos direitos ou não pode ser atualizada, passa a ter prazo de validade (que é curto) e assim acaba sendo esquecida, deixando de ser aproveitada, assim como o seu autor. Não gera valor, não interage, não ajuda a construir.
    Penso que este é um processo de mudança sociocultural e muitas pessoas ainda estão acorrentadas a conceitos passados, de uma era pré-internet. O estranho é que muitos utilizam a internet para fazer suas pesquisas e posteriormente, ao concluí-las, guarda, protege e isola. Não entendem que as buscas realizadas para a criação de seu trabalho é, na verdfade, o conteudo compartilhado por um outro alguem e enriquecido por ele.
    Eles tem medo de expor e compartilhar seu capital intelectual e não entendem que este capital é o seu valor, é que diz quem ele realmente é na sociedade. Isso me lembra bastante o conceito do hipertexto.
    E vale lembrar que a web é um ambiente do “muitos para muitos” e é feita de conteúdos compartilhados. Quem não se adaptar, vai ficar para trás. Isso remete a exemplos citados por você mesmo em sala como o caso Blockbuster e algumas gravadoras que não se adaptaram ou demoraram muito para se adaptar a esse novo modelo de mercado.
    É isso Nepô.
    Abcs.

  4. Bia Martins disse:

    Oi Nepô,

    Esse assunto me interessa bastante. Tem muito a ver com o que estou pesquisando para a minha tese sobre a autoria colaborativa.

    Não há dúvida de que a dinâmica da produção e distribuição dos bens imateriais mudou com a disseminação da comunicação digital. E a lei, como você diz, tem que acompanhar essa mudança. Não dá mais para ficar criminalizando a simples prática de compartilhar informação e conhecimento.

    Eu postei um artigo bem legal sobre esse tema do Guilherme Carboni, que é especialista no assunto e participa das discussões do fórum que está trabalhando na reformulação da Lei de Direito Autoral brasileira. Vc lê aqui – http://tiny.cc/4d7f9

    Bom, por último, queria fazer uma provocação: já que você defende a livre circulação de ideias para incentivar a criação e a inovação, por que nesse link que você colocou para Civilização 2.0 – Frases 2.0, o texto está sob uma licença que não permite a criação de obras derivadas??

    bjs

    Bia

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    João e Thiago, fechado!

    Bia,

    interessante isso que você coloca:

    “Bom, por último, queria fazer uma provocação: já que você defende a livre circulação de ideias para incentivar a criação e a inovação, por que nesse link que você colocou para Civilização 2.0 – Frases 2.0, o texto está sob uma licença que não permite a criação de obras derivadas??”

    Bom, tenho como norma deixar que todos possam utilizar meu material, seja do blog ou os outros textos, gratuitamente, pedindo apenas que façam link para cá.

    O que seriam obras derivadas?

    Fiquei curioso.

    Por enquanto, peço para ter o controle do meu material, para saber por onde ele está se espalhando…mas estaria aberto a pensar mais sobre o tema…

    O que você acha que seria mais 2,0 do que isso?

    Devolvendo a provocação..rs

    abraços,

    Nepô.

  6. Acabei de falar uma coisa aqui no trabalho que tem tudo haver. Estão surgindo alguns sites do tipo TUDO Urbano, ALGO Rural e afins. O que acontece: divulgam produtos ou serviços por um período, a um preço bastante reduzido, até que se alcance uma cota, certo? Beleza. Encontramos aqui um caso para discutir, meu amigo e eu. Estavam oferecendo um serviço de depilação por 300 reais, podendo dividir em até 3 vexes. A mulher tá com a agenda lotada por tr~es meses. A questão é: ela cobrava pelo serviço 900 reais. Pô, desculpe Nepô, mas…pô, por que ela não cobra menos? Por que foi preciso ela esperar resultado num site? As vezes é que o preço é muito além do seu real valor. Em 1900, ela até poderia cobrar isso por que não tinha quase nenhum profissional (ou tinha?) com essa qualificação, mas hoje, em pleno século XXI. Não e ser muito ignorante.

    Quanto à questão do direito altoral colocado pela Bia, eu vou mais além. Pô, adoro frases, e a tua coletânia é maravilhosa, muito boa mesmo (desde que mantenha a minha junto, rsrsrsrs). Em que você me impediria se eu resolvesse (não vou fazer isso, pode deixar elas aí que eu adoro ir lá sempre) pegá-las, desenvolver um formato em cima das questões que elas colocam, gerar um documento estático (pdf, pps) ou animado (flash) e quisesse vendê-lo por um preço que eu achasse cobrir o trabalho que eu tive para montar. Pergunto pelo seguinte: livros didáticos, de física por exemplo. Por que se paga ainda direito autoral por um conteúdo que aidna remonta o século passado no mínimo. Abraços,

  7. Bia Martins disse:

    Oi Nepô,

    Obras derivadas seria simplesmente poder criar algo a partir do seu trabalho original ou poder usá-lo junto com outras fontes.

    Um software derivado de outro – quando você cria algum tipo de aperfeiçoamento ou funcionalidade a mais ou mesmo usa parte do código e cria algo diferente. Na música, o remix e o sampler são exemplos de que como uma obra pode derivar em outra.

    Com o texto as possibilidades são também infinitas. No caso das suas frases 2.0, por exemplo, poder acrescentar algo a cada uma delas, incorporando um novo sentido àquele que você propôs originalmente. O que o João propõe também é um tipo de obra derivada, só que ele está falando em vender, aí já entra em conflito com a outra diretriz da sua licença – para fins não comerciais.

    Bom, pelo que você escreveu, parece que você já gostaria de permitir isso, apenas não tinha certeza do que significava “obras derivadas”. E, a meuver, o critério de atribuição previsto na sua licença já contempla isso de você poder mais ou menos acompanhar por onde é que ela andou e no que se transformou.

    Como sempre, muito bom debater com você.

    bjs
    Bia

  8. Carlos Nepomuceno disse:

    João e Bia,

    vamos tentar definir o que imagino até para depois, se for o caso, colocar outra imagem lá embaixo, que copiei de uma revista que eu gosto bastante bem aberta.

    Vejo uma diferença entre um software de autor de outro feito por um coletivo, como de um texto de autor de outro feito por um coletivo, ou vários autores.

    Há um esforço que foi feito.

    E aí há dois caminhos de quem produziu.

    Vai oferecer de graça, ou vai cobrar?

    Aí já tem uma discussão grande.

    Quem oferece de graça (um ou muitos) está dentro de um espírito, que acho contemporâneo, de que as coisas copiáveis perdem rapidamente o valor, por falta completa de controle.

    O que não se controla, não se pode legislar.

    Assim, não acho que seja uma opção, mas quase uma imposição, que se bem pensada, passa a ser uma divulgação para se gerar valor de outra maneira.

    Valor aí entendido de remuneração do trabalho do produtor para continuar produzindo, sobrevivendo, etc…

    Assim, o esforço que é feito tem uma intenção de valor: gerar reputação.

    Com a reputação, espera-se o credenciamento para vender outros produtos e serviços.

    Essa é a base, a meu ver, econômica de toda a indústria do software livre. Dá-se o que não se controla e vende-se o que se controla: serviços e mão de obra.

    Pois bem, permitir mexer na obra, derivando, sem consentimento do autor, retira dele a possibilidade de reputação.

    Não digo que não seja possível em vários casos, por exemplo, obras financiadas por terceiros, no qual o autor é remunerado.

    Assim, o grande barato das licenças novas é de que deve se ajustar para cada caso.

    No meu, preciso acompanhar o que está lá, pois é dessa reputação que vem o sustento. Sem ela, perde-se o sentido original.

    O que não quer dizer que – sendo conversado – não se chegue a um entendimento até de não aparecer o nome, em caso de projetos gratuitos e que gere valor social.

    Acredito que é uma nova economia que surge com suas regras e interesses, no qual o “grátis” é intencional e politicamente simpático.

    Não sou bonzinho, sou apenas atual, como acredito que é toda essa nova economia, pois é preciso que seja sustentável, na qual os defensores de um novo modelo, possam chegar em casa com o leitinho das crianças debaixo do braço.

    Que dizem?

    Valeram visitas e comentários.

  9. Bia Martins disse:

    Oi Nepô,

    Entendi melhor agora a sua posição. Na verdade você abre o acesso mas quer ter o controle sobre o uso para poder, quando for o caso, cobrar por ele. Perfeito.

    Só não concordo com o que você diz sobre a reputação, porque o fato de você distribuir de graça mas exigir que sua atribuição de autoria seja sempre registrada nas obras derivadas vai gerar, sim, reputação. Pois seu nome estará sempre lá, como o autor original. Acho que o Linus Torvald, criador do Linux, não me deixa mentir.

    Outra coisa que se faz confusão é que o software livre nem sempre é de graça. Em inglês, é free de livre – código aberto – e não free de grátis, como diz o Stallman. Existem vários softwares na rede assim. A maioria você pode baixar pra experimentar, mas depois de um tempo tem que pagar ou ele trava.

    De toda maneira, essa questão da remuneração ainda está sendo construída nesse novo contexto contemporâneo. Me parece que para o software e para a música (veja que interessante esse gráfico que mostra como o negócio da música mudou – http://ht.ly/2Z300) já apareceram soluções de novos negócios. Mas para a escrita/livros ainda está se buscando.

    Valeu o papo!

    bjs

  10. Carlos Nepomuceno disse:

    Bia, na verdade, não.

    “Na verdade você abre o acesso mas quer ter o controle sobre o uso para poder, quando for o caso, cobrar por ele. Perfeito.”

    Não imagino cobrar pelos textos que produzo no blog ou das minhas reflexões, mas distribuí-lo o mais que puder para atrair pessoas para meus serviços.

    A única possibilidade de cobrar se dá quando se pede algo especial, específico que tenho que produzir para alguém.

    Como já ocorreu e aí cobro.

    Ou seja, cobra-se o personalizado.

    Numa padaria se faz panfletos ou cartazes.

    No mundo 2.0, fazemos produtos copiáveis e replicáveis para difundir o nosso potencial, como out-doors, que fazem parte do negócio.

    Ainda mais que serve também para alongar o cérebro e melhorar o desempenho, como é o caso de um blog, por exemplo.

    Não entendi seu questionamento:

    “Só não concordo com o que você diz sobre a reputação”

    Quanto aos softwares livres não serem de graça, isso é fato.

    São vários modelos, mas os que vejo que têm se tornado mais viável são os inteiramente gratuitos com outros modelos de remuneração, do tipo venda de serviços.

    Ótimo gráfico, bem ilustrativo e mostra o aumento da “venda de shows” (serviço).

    É isso,

    bjs,

    valeu visita!

  11. Bia Martins disse:

    O papo tá ficando comprido 😉 Mas só pra esclarecer sobre a reputação.

    O que questionei foi por conta dessa sua frase aqui: “Pois bem, permitir mexer na obra, derivando, sem consentimento do autor, retira dele a possibilidade de reputação.”

    Não sei se entendi direito, mas achei que você estava afirmando que permitir obras derivadas tiraria a reputação. Mas se houver a atribuição ao autor original, ao contrário, ela aumentaria.

    Bjs

  12. Carlos Nepomuceno disse:

    Bia, sim, derivação com consentimento…tudo certo.

    Ou seja, tudo pode mudar, desde que o autor seja consultado.

    A regra vale para um uso geral, as pessoas ficam com receio de usar, eu sempre digo, usa e dá crédito…

    É isso.

    The End?

    Nepô.

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