O uso de dois pesos e duas medidas também costuma ser chamado de hipocrisia – Rodrigo Constantino – da coleção;
Segundo Houaiss, Hipocrisia é o ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade.
A hipocrisia é a cortina social entre o que falamos para todos e o que fazemos, no particular ou até no público, mas não queremos que joguem luz.
Gandhi propunha menos hipocrisia na ação do mundo ao defender que:
“Você tem que ser a mudança que você quer para o mundo”
Nesse buraco está a diferença entre a intenção e, de fato, o que se pretende.
A hipocrisia da sociedade é maior ou menor, conforme o controle dos filtros de informação.
Quanto mais controlada for a informação, mais hipocrisia, por tendência, teremos, pois se dirão coisas que não se poderá comprovar, na prática, se estão coerentes com o discurso.
Todo regime autoritário nos leva a fechar a mídia para esconder os fatos.
Já vi gente defender a volta da ditadura, pois adoram hipocrisia.
É melhor não saber, ou pensar, vamos fingir que não existe.
A Internet é uma revolução da informação que vai refazer a nossa civilização justamente rever a hipocrisia 1.0 e criando a hipocrisia 2.0. 😉
A 1.0 era baseada na escassez.
A 2.0 no excesso!
Vamos construir uma nova sociedade, com novos valores, sendo que a hipocrisia atual ficará velha e criaremos uma nova, verdinha, que aos poucos vai amadurecer, pois os hipócritas são espertos.
Antes escondia-se atrás de pouca e agora de muita informação.
“Deixa falar, ninguém vai ler”.
A diferença é que pode bombar, e aí.
É mais avançada, sem dúvida.
A informação está lá, mas há que se ter um esforço para ser difundida, pois a vida em sociedade é essa eterna luta para reduzir (mas nunca acabar, pois é impossível) o espaço contra os abusadores do bem comum.
Uma sociedade saudável é aquela que recicla sua hipocrisia em menos tempo e vice versa.
Sobre esse assunto a Ombudsman da Folha, Suzana Singer, reclamou domingo passado da cobertura do seu jornal nas eleições. Concordo com ela, não só a Folha como os demais estão acomodados. É bem mais barato cobrir tudo pela Web e não correr atrás de fatos…
Diz ela:
“Até agora, a cobertura eleitoral tem se concentrado na campanha, no diz-que-diz de cada candidato, no que se vê na TV (…) A “missão impossível” é romper os limites impostos pelos candidatos e enveredar por terrenos ainda inexplorados (…) como financiamento de campanha (…) É preciso ainda avaliar profundamente as políticas adotadas pelos principais candidatos e discutir programa de governo, se os partidos se dignarem a produzir algo que mereça esse nome”.
O problema é que nossa imprensa é viciada no release.
O jornalismo de hoje é o da cadeira e do computador.
E não da apuração.
É o salto que precisa ser dado!
Um dos impasses da mídia é que ela quer continuar a ser aquilo que a sociedade não precisa mais.
(Assim como as editoras de livros.)
Questionar qualquer autoridade baseada em discursos, análises, etc, qualquer blogueiro até faz e, talvez, melhor.
Só um jornalista pode ter tempo, já que é pago para isso , de posse de uma carteira de imprensa, que lhe dá o direito de ter acesso a lugares e documentos que o cidadão comum não tem.
E perguntar o que deve ser perguntado para as autoridades.
É isso que precisa ser incentivado, é a sombra que está ainda sem luz, mesmo com a Internet.
Aquilo que não vem para a rede deve ser forçado que venha.
E jogada luz para se destacar no palheiro.
Estamos no início da batalha de saber usar melhor as verdades na rede escondidas no excesso, tanto do que já está on-line, como o que vai estar e ainda nos aproveitarmos das denúncias do cidadão comum.
Esse é o novo cenário da luta contra a já nascente hipocrisia 2.0.