Livros em uma estante são apenas literatura em potencial – C.S.Lewis – da coleção;
Recebo de um amigo virtual a seguinte mensagem depois de ter postado isso no Twitter:
Existe algo + s/ sentido do q “Bienal do Livro”? Ñ seria “Bienal das ideias presas nos livros”? Protesto:”Libertem as ideias!”. Concordas?
Ele me manda:
Nepô,
Eu entendo tua posição sobre o “formato”. Mas livro é uma relação de
cumplicidade, de intimidade que é difícil desqualificar. Claro que
hoje eu sou adepto do debate, do aprender observando as idéias livres
ao vento, compartilhamento, etc. Mas nem por isso deixo de lado o
êxtase sensorial que é ler um livro sentado na cadeira enquanto tomo
sol no quintal.Vamos dizer que eu sou como o cara que coleciona disco de vinil mas não deixa de ouvir MP3, rs. Grande abraço – Rodrigo Leme, que fez a ode ao livro no blog dele.
Temos que separar algo bem importante que é o fetiche pelo livro para o que ele representa, tanto quanto opressão ou libertação.
O livro é o condutor de ideias.
Serviu a seu propósito como suporte durante muitos séculos e mais diretamente nos últimos 550 anos com o livro impresso, em torno dele se fez uma indústria, que, a meu ver, é nociva hoje aos interesses das pessoas.
Hoje, com o suporte digital, deve-se ver o livro como algo opcional e não obrigatório. Devo poder ler tudo que quiser na rede e se quiser ter o fetiche do papel, pagar por ele.
Porém, um deve independer do outro.
As editoras, hoje, são fortes elementos conservadores na sociedade, assim como foram as Igrejas e a Monarquia na Idade Média.
Evitar que um ser humano tenha acesso às ideias de outros, a meu ver, é um disparate que deve ser combatido!
Ganha-se dinheiro escondendo conhecimento!
No fundo, é isso!
Antes, tinha-se a desculpa do custo, ok.
Porém hoje todo livro é digitalizado para ser produzido e opta-se por não divulgá-lo em nome do lucro, do mercado, do negócio.
É insano isso.
Não vou saber algo que pode melhorar minha vida, pois não tenho dinheiro para pagar.
Pense bem nisso, de maneira geral, sem estar envolvido com o que estamos acostumados….
As editoras devem, ao contrário, sair da postura reacionária de impedir o conhecimento para ganhar dinheiro na difusão maior do conhecimento.
Quanto mais ideias de qualidade, melhor para todos!
Tipo, ao invés de “vender” o autor em formato de livro, “vender” suas ideias em qualquer formato, mas sempre garantindo que um básico esteja para todos.
Quanto mais as pessoas absorverem novas ideias, mas vão querer consumir novas, quanto menos, menos.
Fecha-se o mercado, quem tem interesse de abrir, pois estão fechadas na venda do suporte e não do miolo.
Problema cognitivo, baby!
Estamos tão aprisionados nesse conceito livro, como fetiche, que não vemos o quanto eles são autoritários, anti-ecológicos e excludentes socialmente.
O tempo deles passou, invente-se outra coisa.
Abaixo a ditadura dos livros, que aprisionam ideias!!!
Feito o protesto…
Que dizes?
Nossa! Realmente polêmico…difícil se posicionar nesta questão…
Eu sou um leitor voraz e amo ler livros (ainda não me acostumei ainda a ler digitalmente) mas sei de todo o problema relativo a indústria…(quantos livro eu queria ler, mas a preços exorbitantes que me impedem ou me fazem buscar os mais sinistros e longinquos sebos da cidade, e cá entre nós: se o livro for fantástico mesmo ninguém se desfaz assim).
Eu sei que não é a solução, mas um bom começo para desestruturação da indústria e favorecimento do coletivo são iniciativas de compartilhamento como o http://www.trocandolivros.com.br
Vou pensar seriamente se sou contra ou a favor do fim dos livros…rsrsrs…se bem que o mais importante não é se vamos continuar imprimindo livro ou compartilhando arquivos no futuro, mas se vamos continuar a escrevendo e lendo, isso é a essência que move a mola do conhecimento!
Abs
Nepô, é como te disse no post-resposta lá no meu blog: a mudança necessária é no sistema econômico que serve o livro. Logo, acho que a questão mora em um andar superior ao formato.
Não vejo o livro como opcional: o que é opcional é você publicá-lo por uma editora ou por seus próprios meios, isso sim uma opção nova e sensacional: a exemplo do movimento na música, com bandas independentes conquistando espaço fora do ambiente de gravadoras, uma geração de autores apoiada na impressão on demand, e que suporta suas obras com ajuda a rede (comunidades, redes, etc.) garante longa vida ao livro ainda.
Chegamos em um ponto onde o autor pode dar o livro de graça e capitalizar por outros meios (palestras, promovendo sua empresa, ganhando status cmo acadêmico): não havendo uma editora no meio que só vive de especular preço de livros, o livro jamais vai aprisionar informação.
Filipe,
“mas se vamos continuar a escrevendo e lendo, isso é a essência que move a mola do conhecimento!”
Não há se, a meu ver, pois somos dependentes de ideias, sem elas não funcionamos, o que temos que lutar agora é para democratizar o conhecimento…e me parece que a industria do livro no modelo atual, não está ajudando…
Rodrigo,
justamente o que eu estou dizendo temos que:
“a mudança necessária é no sistema econômico que serve o livro.”
Acho que o problema é esse..me diga o que você entende por essa mudança para entendermos as partes para se chegar ao consenso criativo ou ao não-consenso, não menos criativo 😉
Nepô.
A mudança é simples: tirar o intermediário. O objetivo da informação é proporcionar interação com o mínimo de interferência, e as editoras são uma interferência. Há muito não agem como agente promotores da informação, virando especuladores de papel e impressão.
Perdendo o intermediário, teríamos no mercado literário uma economia do indivíduo, mais em sintonia com o que eu acho o ideal, e onde o autor é dependente do seu talento e pode se comunicar diretamente ao seu público, inclusive praticando o preço em sua obra que achar justo, sem especulações ou explorações.
Imagine você uma Bienal do Livro onde tivéssemos, ao invés de grandes editoras transformando o ponto em supermercado, autores interagindo diretamente com seu público, debatendo sem intermediários, sem estar sujeito à agenda da editora. Eu organzaria uma dessas, fácil.
Rodrigo, você pisou ainda mais fundo no acelerador.
Não acredito no mundo de massa no autor sozinho..
É preciso profissionalização, mas que esse contato direto possa ser feito, não com intermediários, mas com agentes de encontros, ou de ideias, que seriam as novas editoras de ideias, fazendo desse encontro um negócio bom para todos, tendo sempre a ideia do conhecimento aberto.
O que vale são as ideias criadas na hora e isso se paga.
O que foi criado, registra-se e coloca-se para consumo grátis.
Quem quiser ficar aliando livro 😉 paga caro por isso.
Que dizes?
Acho que indenpendente da sintonia fina, já concordamos que o intermediário deve ser eliminado. Já é algo. 🙂
Acho que o ponto importante é que a decisão sobre a obra deve ser de quem a produz, não de um terceiro que vive de especular sobre a obra, sem o envolvimento de leitor ou autor.
Eu tenho um projeto de livro em andamento, e já tenho um modelo definido, que envolve vender o papel e dar o eletrônico. Acho que é confortável para mim, mas não sei da perspectiva de um autor que vive desse autoral.
É uma discussão complicada, que se torna mais complicada porque diálogos desse tipo são sempre travados com editoras.
Caro Nepomuceno,
Acho que em nenhum momento do desenvolvimento da sua ideia você lembrou das bibliotecas. Livros não são somente produtos. Diferentemente de canetas, xampus e joias, livros são oferecidos em bibliotecas públicas ao redor do mundo. Não há nada mais democrático que as ideias “aprisionadas” nos livros.
O que não é democrático é o acesso ao ensino, à educação, à saúde, infelizmente.
Acho que você colocou as editoras em um lugar de vilões, inimigos, equivocadamente.
Abraços,
Rebeca
Pensei em outra coisa: E a posteridade? Se Platão não tivesse escrito o que Sócrates ensinou, como saberíamos até hoje? E Arquimedes? Shakespeare? Até mesmo a Bíblia?
Com essa sua ideia de acabar com os livros, como as ideias serão passadas para as próximas gerações?
Rodrigo, tirando uns 2% o resto dos autores ganha muito pouco com uma editora. Uma palestra bem dada paga todos os direitos autorais de 2 mil livros publicados. Falo por experiência própria.
Rebeca, talvez não tenha sido claro.
O livro pode ser um desdobramento, tal como imprimir alguns para bibliotecas, não sou contra o suporte que seria algo insano da minha parte.
Só acho que o suporte tem um custo e esse custo é hoje impeditivo de difundir o conhecimento, que é a justificativa de ter que vender.
Defendo que cada livro lançado, caso seja, impresso tenha um similar para todos poderem ler na rede, sem custo.
Quem quiser comprar em papel, muito bem.
Outra ficha que caiu é de que se inicia uma crise moral das editoras, antes não se podia dar livro de graça, pois era algo material.
Hoje é opcional, se tem o arquivo digital, mas, por uma questão de estratégia de negócio, não se coloca.
Certo?
O que tira o sentido ético da função das editoras: difusoras do conhecimento, pois vivem agora de esconder conhecimento.
É uma sinuca de bico moral que as sustentava e dava brilho no passado e se cai no presente.
E as torna encobridora do conhecimento, pois o negócio passa a ser esconder e não difundir.
Por isso, vilãs.
O que as levará mais adiante a um impasse contraditório nos negócios, tendo que se reinventar para continuar a existir num mundo mais transparente, ávido por ideias novas.
Você pergunta:
“Com essa sua ideia de acabar com os livros, como as ideias serão passadas para as próximas gerações?”
Nas bibliotecas digitais que terão que preservar como hoje preservamos os papéis, com a vantagem que teremos muito mais cópias.
Penso sempre nos livros esgotados que não existem mais, por exemplo, que têm apenas na biblioteca nacional, quando têm.
Veja que estamos amarrando ideias a livros, acho que as ideias estão acima deles e temos capacidade suficiente de reinventar a maneira de armazená-los.
Já fizemos coisas muito mais complicadas.
Que dizes?
Rodrigo, tirando uns 2% o resto dos autores ganha muito pouco com uma editora. Uma palestra bem dada paga todos os direitos autorais de 2 mil livros publicados. Falo por experiência própria.
Rebeca, talvez não tenha sido claro.
O livro pode ser um desdobramento, tal como imprimir alguns para bibliotecas, não sou contra o suporte que seria algo insano da minha parte.
Só acho que o suporte tem um custo e esse custo é hoje impeditivo de difundir o conhecimento, que é a justificativa de ter que vender.
Defendo que cada livro lançado, caso seja, impresso tenha um simular para todos poderem ler na rede, sem custo.
Quem quiser comprar em papel, muito bem.
Outra ficha que caiu é de que se inicia uma crise moral das editoras, antes não se podia dar livro de graça, pois era algo material.
Hoje é opcional, se tem o arquivo digital, mas, por uma questão de estratégia de negócio, não se coloca.
Certo?
O que tira o sentido ético da função das editoras: difusoras do conhecimento, pois vivem agora de esconder conhecimento.
É uma sinuca de bico moral que as sustentava e dava brilho no passado e se cai no presente.
E as torna encobridora do conhecimento, pois o negócio passa a ser esconder e não difundir.
Por isso, vilãs.
O que as levará mais adiante a um impasse contraditório nos negócios, tendo que se reinventar para continuar a existir num mundo mais transparente, ávido por ideias novas.
Você pergunta:
“Com essa sua ideia de acabar com os livros, como as ideias serão passadas para as próximas gerações?”
Nas bibliotecas digitais que terão que preservar como hoje preservamos os papéis, com a vantagem que teremos muito mais cópias.
Penso sempre nos livros esgotados que não existem mais, por exemplo, que têm apenas na biblioteca nacional, quando têm.
Veja que estamos amarrando ideias a livros, acho que as ideias estão acima deles e temos capacidade suficiente de reinventar a maneira de armazená-los.
Já fizemos coisas muito mais complicadas.
Que dizes?
Que discussão interessante!
O conhecimento técnico-científico produzido por alguns é de todos??
Em que situação?? No final de contas, estamos discutindo uma questão financeira de altas proporções…
Por exemplo, eu pago a assinatura da “Nature” ou acesso o PubMed de graça na internet, para literatura de artigos médicos recentes.
No 1º caso, dou dinheiro em troca de informação aprisionada em uma publicação, internacional – com preço do frete incluído, caso eu queira o papel!
No 2º caso, acesso os artigos de graça, mas são poucos, pois a maioria está restrita a “direitos autorais” das revistas e canais científicos privados.
Existe um mercado de lucro enviesando o fluxo de ideias. Com certeza, sei menos sobre, sei lá, os novos remédios para Alzheimer do que alguém com dólares para pagar a assinatura, supondo que nós ambos tivéssemos a mesma base para iniciar a pesquisa…
vide http://www.uptodate.com/home/index.html
eficiência e competência profissional dependem de atualização. atualização depende de MONEY. ou seja,…
essa também é uma discussão do “novo” capitalismo, o capitalismo 2.0, que lucre aviltando discussão, não travando-as 😉
gostei do post, me fez pensar.
ahhhh – só pra não esquecer, estamos discutindo também literatura como Romance, etc….histórias inventadas com direito autoral?
O senhor diz “Só acho que o suporte tem um custo e esse custo é hoje impeditivo de difundir o conhecimento, que é a justificativa de ter que vender. Defendo que cada livro lançado, caso seja, impresso tenha um simular para todos poderem ler na rede, sem custo.” E eu repito: existem bibliotecas públicas/populares. Não existem lan houses públicas. É mais fácil alguém da classes C ou D ter em sua comunidade ou bairro uma biblioteca do que acesso à internet, às vezes nem há computadores.
Sugiro que o senhor leia “Não contem com o fim do livro”, de Eco e Carrière. O livro é uma invenção única, assim como a roda e a colher. Não há como aperfeiçoar o conceito.
Abraços,
Rebeca
Eu acho que este post leva a assuntos que estão além do seu escopo, por isso as dúvidas.
Em uma conferência recente, tanto Bill Gates como Nicholas Negroponte defenderam a ideia de que em cinco anos o livro irá acabar, e as universidades perderão o seu status de fonte máxima do conhecimento, pois a Internet será o lugar onde se encontrará os melhores conteúdos a respeito de qualquer assunto. Veja: http://techcrunch.com/2010/08/06/bill-gates-education/
Analisando com mais cuidado, é possível perceber que o ponto não é simplesmente: “O livro vai acabar”. Mas o fato é que o sistema de distribuição de conhecimento irá mudar e é praticamente inevitável a perda de relevância do livro impresso. Este será apenas um adicional, um conforto a mais, quando não quiser ficar na frente de uma tela brilhante.
A Wikipédia é só o começo dessa revolução, digo, o conceito Wiki. Ela já é a maior enciclopédia do mundo, não existe material impresso com a mesma variedade de conteúdo. Pois afinal, você ainda fica folheando uma enciclopédia impressa, ou consulta na Internet digitando no campo de busca? É isso que vai acontecer com todo o resto. Descentralização e apoio mútuo. Todos vão contribuir para o conhecimento, seja com mais conteúdo ou com dúvidas, fazendo a forma daquele dado conteúdo mudar constantemente para que se adapte aos diversos tipos de modelos mentais, e isso vai além da possibilidade de uma editora ou de uma universidade convencional.
Sendo assim, mediante a esse futuro inevitável, é irrelevante discutir o futuro do simples livro impresso.
Jonas, vamos aprofundar.
Concordo 100% contigo e vou acrescentar coisas ao que você disse.
Note que temos que separar duas coisas.
O meio e os fins.
Os livros são meio (suporte) para se atingir determinado fim (passar ideias, informação, conhecimento).
Até a chegada da Internet, quem os produzia estava do lado da expansão do conhecimento humano, pois ou se difundia ideias, via livros, ou não se espalhavam ideias na sociedade.
Com a Internet, houve uma mudança.
Hoje, temos outro meios de difundir as ideias, os autores enviam seus manuscritos digitais para as editoras que não mais são as difusoras do conhecimento, porém, são as que não colocam de forma proposital essas ideias on-line.
Há uma inversão ética agora.
Veio uma frase, a partir desse debate:
A decadência de uma organização começa quando esquece ou se afasta do problema que veio resolver na sociedade
As editoras deixam de ser difusoras do conhecimento e passam a ser contenedoras do conhecimento, o que vai contra um mundo que precisa trocar.
Esse a meu ver é o debate central que está aqui nesse post.
É preciso repensar o modelo de negócios para, de novo, estar do lado da difusão do conhecimento, pois aos poucos elas vão se afogar nessa contradição.
Note que na cadeia de produção começam a ser comidas pela beirada:
Pré-venda – autores produzem direto pela rede, veja o caso da Lulu.com, Clube dos Autores, etc;
Venda – consumidor troca com consumidor, vende ou compra de desconhecidos livros usados, através da Estante Virtual;
O que vai acontecer é que o espaço das editoras irá diminuir mais e mais, livro mais baratos, menos margem de lucro, até que voltem a ser os defensores da troca de conhecimento e inventem uma fórmula para ir adiante, vejo duas editoras já nessa direção:
No Brasil: HSM
Lá fora:O´Reilly.
Bom, Jonas, você coloca outra questão.
Isso se coloca só na área de conhecimento ou de romance também, poesia, etc..acredito que isso também é um tipo de conhecimento necessário?
A maioria dos autores não vende mais do que mil exemplares (que é uma marca maravilhosa) e para estes o digital é muito mais profícuo.
Eu como autor percebo que a ideia da publicação em papel é uma fantasia, não se pode pensar nesse mercado em bloco, a grande maioria se daria melhor publicando no digital, com impressão por demanda, a pedido de cada leitor.
É falsa a questão colocada pelas editoras, quando imagina apenas os grandes vendedores, os best-sellers.
Isso ainda pode ser aprofundado.
Keyne, você toca no ponto:
“Mas o fato é que o sistema de distribuição de conhecimento irá mudar e é praticamente inevitável a perda de relevância do livro impresso.”
Sim, andei pensando por causa desse debate sobre essa nossa fascinação por coisas mortas e não vivas, até me veio a frase:
“Se apegar ao que não tem vida é o princípio da decadência”.
Enquanto o livro teve vida, palmas para ele.
Amá-lo como fetiche, não vendo que ele passou a ser um impeditivo do conhecimento é se prender ao fim, ao invés do meio.
Concordo com você 100%.
Rebeca,
você traz questões interessantes, vou destacar:
“E eu repito: existem bibliotecas públicas/populares. Não existem lan houses públicas”.
Sim, acredito que isso é fato.
Mas te coloco uma questão, o que seria mais econômico em termos de investimento num país, imaginando que você é a nossa Ministra da Difusão do Conhecimento, um cargo que acabo de criar: 🙂
1) colocar os livros on-line e oferecer acesso a todos, através de lan-houses com subsídios?
2) ou melhorar as bibliotecas, sem acesso à rede?
Desvantagens que vejo da opção 2:
a) Note que por mais que uma biblioteca melhore, ela sempre vai ter um acervo limitado, sem as últimas novidades.
b) A pessoa tem que ir até lá, não pode acessar de casa (caso já tenha acesso) ou de algum lugar mais perto;
c) Ela tem hora para abrir e fechar;
d) Se o usuári@ quiser um livro que já tenha sido emprestado? Quanto tempo tem que esperar para ler?
e) e se o livro molhar, for roubado, ou alguém rasgar uma parte, ou mesmo rabiscar?
Você como ministra que atitude teria?
Não é melhor incentivar livros on-line e espaço para todos acessarem estes livros, via espaços públicos, até dentro das hoje bibliotecas, que virariam museu com obras raras (livros impressos) e acesso à rede?
Imaginando que temos garantido que todo o acervo dos livros em português fosse salvo em um super disco, com várias cópias, atualizado diariamente em vários cofres da república, como do Banco Central, da Caixa Econômica e do BB? 😉
E as pessoas que quiserem teriam também possibilidade de salvar em suas casas?
Que decisão tomaria?
Fiquei curioso.
Beijos e abraços,
grato pelos questionamentos, quanto mais sou confrontado com ideias interessantes, mais penso e mais vou adiante,
Nepô
Nepô,
A HSM cobra pela informação, e não cobra barato. O portal é uma ponta de iceberg, um teaser para o conteúdo pago deles. Não seria errado (modelo freemium é pra lá de interessante), mas convenhamos: R$5.000,00 para assistir uma palestra de 2 horas é para 5% das pessoas, se muito. Ah, mas eles vendem DVDs das palestras. Sim, pela bagatela de R$180 por DVD.
Isso sem contar que eles têm um braço editora que é a Campus, que cobra os preços mais absurdos de livros de administração do mercado. Um livro de 200 páginas não sai por menos de R$ 60. A revista, que apronfunda vários temas do portal, sai por R$45.
Acho que um exemplo melhor de mercado editorial é o portal da revista Wired, que oferece todo o conteúdo da revista de graça. Aí compra a revista quem curte ter a revista (sem contar o app de iPad). Quem no Brasil teria coragem de soltar todo seu conteúdo de graça na rede?
E sobre as questões do nosso Ministério do Conhecimento (parte do governo 2.0? rs), a biblioteca ainda vai precisar de um aporte. Por mais que se difunda o conteúdo desses livros online, questão econômica ainda impede a maior vantagem do livro, que é a portabilidade.
Eu posso ler um livro eletrônico debaixo de uma árvore, desde que eu tenha um hardware que custa bem mais caro que um computador popular, tenha uma conexão que custe absurdamente caro no Brasil…um aparelho portátil o suficiente para eu ler um livro no ônibus não sai por menos de 700 reais.
O livro ainda ganha nisso. Logo, não vejo investimento na difusão de conhecimento online e no papel como investimentos excludentes; ao menos não no momento.
Rodrigo, estes dados seus são fatos.
O que observo, entretanto, é o modelo de negócio.
Vende-se também palestras.
Porém, tem coisas de graça:
http://www.youtube.com/user/HSMInspiringIdeas
Independente o preço, é uma direção….na qual as editoras estão caminhando…..
Boa dica da Wired, porém, a ideia de fazer eventos, me parece não bateu neles, como na O`Reilly, que faz eventos enormes com tudo no ar.
Veja:
http://conferences.oreillynet.com/
os videos da maioria dos eventos está lá…
Rodrigo, a efetiva melhora na ‘portabilidade’, ao meu ver, é uma questão de tempo: vai melhorar e vai encontrar seu equilíbrio.
A discussão, pra mim, se centra no remodelamento daquela intermediação que lutamos contra – citada nos seus primeiros ‘comments’. Sobre isso, estamos evoluindo aqui, mas falta muito. “Direito autoral e distribuição” são questões interessantíssimas. Se pensa nela, agora, como se pensava nele há 120 anos…
Mas, sou culpado, devo confessar – ontem tive em mãos uma edição em inglês que remonta a de 1930 ilustrada por Rockwell Kent de “Moby Dick”, livro de Herman Melville. Fiquei parado em frente à ela em um ato litúrgico de apreciação :))
Isso me fez pensar…a discussão do ‘livro’ envolve também um pouco de religião: existe um ‘Jesus Cristo’ escondido atrás daqueles sebos mofados do centro da cidade. Somos ateus, nesse quesito??
Jonas, o fetiche do livro, me lembra os colecionadores de carros, que até hoje têm modelos muito antigos.
Isso acho válido, defendo e acho que faz parte dessa relação humana com as coisas, porém não podemos por causa desse fetiche que é reacionário e deve cada vez mais se limitar aos museus, nos agarramos a uma ferramenta de difusão de conhecimento que de auxiliadora passa a ser censuradora.
Cada vez + os livros serão mais caros e menos práticos, ficando o grande consumo para o meio digital, mais ágil, barato e, portanto, democrático.
Temos que ter um extremo cuidado de não nos deixarmos nos levar pelos nossos sentimentos nostálgicos, pois do que se trata aqui é de uma forte discussão sobre exclusão social, que o livro passou a ser, agora, companheiro, traindo ele mesmo a sua origem.
Por mais que amemos acariciá-lo, o tempo dele como instrumento humano de conhecimento, passou.
Por mais que isso seja doloroso.
Concordam?
abraços,
Nepô.
assino embaixo.
comentei isso só para abranger um pouco mais a discussão, e valeu a pena!
É mais do que fetiche Nepô, é um exemplo claro de afeto e cognição.
Lucia,
tudo, a meu ver, é afeto e cognição.
O fetiche seria o bloqueio do afeto e da cognição em torno de um objeto inanimado.
O livro – que já foi algo estupendo – está sendo usado, nada contra ele, agora pelas editoras como espaço fechado de conhecimento.
Para entender isso e lutar contra esse uso abusivo do livro, é preciso superar o fetiche e lutar pelo conhecimento aberto, criticando quem não coloca o material dos livros para serem lidos na Internet.
Que dizes?
Bjs,
Nepô.
Estou concluindo o curso de Biblioteconomia e esse assunto faz parte da minha vida há algum tempo. Também creio que há uma tendência de que se diminua a produção impressa, dando lugar para a ampliação do compartilhamento, do aprendizado e desenvolvimento intelectual através da web. Desta forma, o papel das editoras e das bibliotecas precisarão ser repensadas.
Eu vislumbro ao invés de editoras, bibliotecas, justamente pelo seu viés democrático:
“É preciso profissionalização, mas que esse contato direto possa ser feito, não com intermediários, mas com agentes de encontros, ou de ideias, que seriam as novas editoras de ideias, fazendo desse encontro um negócio bom para todos, tendo sempre a ideia do conhecimento aberto.”
Poderia idealizar agora as Bibliotecas como ferramentas de netweaving, agentes de encontros, editoras de idéias, como afirmaste. Dessa forma não caímos no fetiche dos livros, nem na questão das editoras.
Fred, concordo.
A ideia de um curso de “biblioteconomia” por si só é uma contradição, amarrada no suporte e não no fluxo.
Seria mais lógicos curso de “fluxograma de ideias”, ou “ideias circulantes” ou de “estímulo à informação”…o livro é um suporte e a biblioteca é um espaço para armazentar esse suporte, mais acima de tudo está a troca de ideias.
Quanto mais sairmos do fetiche e do passado que nos amarra em torno do suporte e não do que ele representa, nos fará ter políticas melhores para incluir socialmente.
Você diz:
“Poderia idealizar agora as Bibliotecas como ferramentas de netweaving, agentes de encontros, editoras de idéias, como afirmaste. Dessa forma não caímos no fetiche dos livros, nem na questão das editoras”
Concordo 100%, podemos chamar de Ideiasteca – ou Trocotecas, presenciais ou a distância, que é o caminho que os centros culturais têm feito, não se limitando a aquele espaço silencioso e monástico.
Valeu a visita e comentário, volte sempre!
Para concluir, o depósito legal de publicações é centralizado na Biblioteca Nacional. Porém, a dinâmica de publicações, principalmente na web é totalmente diferente da lei n. 10.994. As pessoas compartilham seus textos livremente em blogs, desburocratizando o sistema de publicações.
Mas, e as bibliotecas? Bem, físicamente falando elas continuam sendo um lugar democrático. Só que agora podem ser mais 2.0. Bibliotecas 2.0! A informação quer ser livre http://bit.ly/d2Pj0Q, sem fluxogramas de idéias ou estímulos. As próprias redes sociais (pessoas) é que direcionam os caminhos.
Seguindo no sonho….Bibliotecas (ou bibliotecários) mais próximas da interação com pessoas, (des)contruindo saberes em cooperação com peers de diferentes comunidades.
Livros 2.0?
Fred, gostei disso:
“Bibliotecas (ou bibliotecários) mais próximas da interação com pessoas, (des)contruindo saberes em cooperação com peers de diferentes comunidades.”
Fechado e aberto, ao mesmo tempo. 😉
cada vez mais pareço um dinossauro.
acho que o livro é indispensável.
é comodo, fácil de se carregar, não precisa de energia nenhuma, e posso ler em local onde não haja nem energia, nem ondas wi-fi.
quanto ao fato de custarem algo, com certeza precisam custar!
houve um trabalho que deve ser remunerado, e acredito que nem tudo que se tem pode ser deixado totalmente ao publico.
o teatro, o cinema também são formas de manifestação e trazem conhecimento, e tem o seu preço também.
pode até ser que com o passar do tempo mais e mais pessoas usem a internet para ter o conhecimento – a internet consegue promover o conhecimento mais atualizado.
no entanto livros de historia, ficção, filosofia que são materias mais estáveis acredito que vao persistir.
Luis, dessa discussão toda, cheguei a algumas evoluções:
1) quanto mais as editoras colocarem TODOS os seus livros DE GRAÇA para leitura na Internet, mais leitores terão, mais mercado e menos tempo levarão na atual crise;
2) os leitores que precisarem do livro, o comprarão, em papel, ou digital, para andarem por aí. O pessoal sem grana vai ler direto no computador, fazer o que? Pelo menos, leu!
3) hoje, as editoras deixaram de ser divulgadoras do conhecimento e passaram a “escondedoras” do mesmo, uma posição que vai levá-las mais do que uma crise econômica, a uma crise ética, num tempo em que crises éticas estão a um passo do Youtube;
4) como autor posso te dizer que o custo de produção do livro (homens/hora/na cadeira) é, quase 99% das vezes, praticamente do autor. A editora entra depois para empacotar e aí sim tem um custo. Portanto, colocar livros de graça na rede e se esforçar naqueles que tiverem + encomendas é bom para todo mundo;
O livro enquanto suporte é e sempre será maravilhoso.
Adoro-os.
Eles estão aqui me olhando o tempo todo.
E te garanto: não são poucos.
Eles foram revolucionários.
Hoje, é um suporte que tende a ser usado em situações cada vez mais específicas.
Usá-los como antigamente é uma atitude reacionária, tentando conter ideias em um canal caro, anti-ecológico e cada vez mais excludente socialmente.
Quantas pessoas podem ter acesso às ideias que estão ali?
Te confesso que vejo tudo que sai e me dá até dor de barriga. Não tenho grana para consumir tudo isso! E olha que sou classe média. Imagina quem tem menos poder aquisitivo ainda!
Dê uma olhada no modelo do Gato Sabido, de como eles estão colocando livros para leitura, de forma a poder dar acesso, sem reprodução, via site da Adobe, ali tem um caminho para as editoras.
Você lê, mas não reproduz.
(Esse modelo será de transição, logo se darão conta que deixar comentar, mudar, alterar e reproduzir é melhor ainda para os negócios, mas isso é uma segunda etapa.)
Resolve o problema de todos, forma novos leitores e quem, como eu e vários, precisarem de fato do livro, encomenda, ou no modelo digital para ler na poltrona ou no papel, para ir para a rua, metrô, etc…
Sem abalo….
Ninguém é contra se ganhar dinheiro, pelo contrário, está se dando uma alternativa para que isse seja feito, a partir do novo ambiente informacional.
O modelo das editoras está falido.
Sabe por que?
Elas se vêem como vendedoras de papel entre capas moles ou duras e não difusora de ideias.
Enquanto não mudar essa visão, não vai.
Mas vão mudar, no amor ou na dor, é uma questão de tempo!
Que dizes?
[…] (Assim como as editoras de livros.) […]
bom, é mesmo interessante que existam várias opiniões, se não o mundo seria mesmo muito irritante – todo mundo igual.
acho que:
1. se o autor quer tanto colocar seu conhecimento, suas descobertas abertas ao povo, que ele proprio as coloque na internet, e náo use editoras [ existem algumas bandas de musica que fazem isto, mesmo correndo o risco de terem seus direitos autorais diminuidos nas vendas dos cds ou musica on line]
2. imagine um livro texto de advocacia, engenharia, medicina, farmácia, no qual existem dados que precisam ser acessados com certa frequencia pelos profissionais – estes dados nos livros sáo muito mais confiáveis do que se procurar no google, cujas fontes nem sempre sao as melhores. E agora vem o ponto que eu defendo : o que é confiável, tem um preço – há necessidade que o livro tenha um custo maior do que se deixar livre na rede.
mas como dito, é uma opiniáo, e neste caso eu náo concordo exatamente com a sua.
Luis,
muito bom nosso papo, pois tem me feito pensar e desenvolver mais a ideia.
Note que, vc diz:
Isso tem sido feito. É o caso do Clube dos Autores e da Lulu.com. São as “novas editoras”, que vão crescer, a própria Amazon está abrindo algo do gênero.
http://www.amazon.com/gp/help/customer/display.html?ie=UTF8&nodeId=13685731&os=profile
Nesse caso, as editoras estão, simplesmente, bypassadas.
Você dirá, é pouca gente, mas com o tempo,vai se cair a ficha que para o autor será mais vantajoso, como seria bom que pudesse ter essa independência e ser algo + profissional.
O que te pergunto é o seguinte:
Se é algo bom para o autor e leitor e é um negócio, por que o autor não pode contar com – também se quiser – com o apoio de editoras conhecidas e mais tradicionais nesse novo mercado?
Por que temos que pensar ou é do jeito atual ou se virem?
Acho que falta profissionalismo a esse mercado “On demand”.
Fiquei curioso para entender seu ponto de vista, me diga.
Luis, está se propondo ter o texto completo, dentro da editora. Algo oficial, organizado, veja, sugiro, o Gato Sabido, que você tem algo inicial por ali. Não é algo alternativo, mas negócio.
Um texto esteja ele no papel ou digital….é confiável, desde que não possa ser alterado….não compreendo como um livro em formato digital vai ser menos confiável do que um em texto.
Por favor, detalhe.
O seu conceito, me parece, é que as pessoas vão pagar pela “confiança”? Atribui-se valor aquilo que você não tem, ao conforto, a uma necessidade atendida a um preço que considera-se possível pagar.
As editorias não vendem “confiança”, nem hoje, pois você pode comprar um livro que você não gosta de uma editora conhecida.
Elas tentam garantir algo sem erro, com qualidade, num bom formato. O que defendo é que essa confiança hoje precisa ser rápida, com menor custo, precisamos formar mais leitores, aumentar a base, que está emperrada com o livro em papel.
Longe de mim achar que vai se trabalhar de graça, sugiro apenas que se mude o que se vende. Deixe de ser papel e passe a ser ideias.
Queira entender melhor seu ponto de vista para poder saber se concordo ou não com ele, se puder detalhar, eu volto.
forte abraço, valeu a visita,
Nepô.
[…] radicais aqui e […]
[…] entusiasmados aqui e […]
Este tema está virando uma polemica.
Vou só colocar as minhas respostas, e vou parar, para não ser considerado mais chato que o meu habitual
Se é algo bom para o autor e leitor e é um negócio, por que o autor não pode contar com – também se quiser – com o apoio de editoras conhecidas e mais tradicionais nesse novo mercado? Por que temos que pensar ou é do jeito atual ou se virem? Acho que falta profissionalismo a esse mercado “On demand”. Fiquei curioso para entender seu ponto de vista, me diga.
Não acho que não se possa colocar o conteúdo do livro na rede, porém vejo dois problemas:
1. free – o que o autor ganha com isto? Só ficar conhecido?
2. Paga por download – aqui ganha o autor, a editora se houver, o site de pagamento seguro, mas o leitor tenho minhas dúvidas:
a. ele vai ler no monitor do computador?
b. Vai imprimir? [totalmente ilógico]
c. Vai precisar de um e-book?
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Um texto esteja ele no papel ou digital….é confiável, desde que não possa ser alterado….não compreendo como um livro em formato digital vai ser menos confiável do que um em texto.Por favor, detalhe.
Ok. Vou partir do principio que o conteúdo do livro papel será exatamente o mesmo do livro digital, e neste ponto até concordo que seriam confiáveis. Porém o fato de precisarem ser acessados com certa freqüência nos remete ao ponto abaixo.
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O que defendo é que essa confiança hoje precisa ser rápida, com menor custo, precisamos formar mais leitores, aumentar a base, que está emperrada com o livro em papel. Longe de mim achar que vai se trabalhar de graça, sugiro apenas que se mude o que se vende. Deixe de ser papel e passe a ser ideias. Queira entender melhor seu ponto de vista para poder saber se concordo ou não com ele, se puder detalhar, eu volto.
Um livro eu carrego para qualquer local. Para o texto on line existe necessidade de algum artefato eletrônico para salvar para posterior leitura. Pode obrigar a que todos venham a ter um e-book, ou que os textos fossem passados para ler em casa, ou no celular, o que me parece ser desconfortável, e gastaria mais energia num mundo onde se deveria tentar economizar [aqui você pode até dizer que para fazer o livro estaria destruindo as arvores – mas existe o reflorestamento para estes casos]
[…] a polêmica no ar, ao defender o fim do livro impresso. [Comentários entusiasmados aqui e […]
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