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Toda linguagem contem os elementos de uma concepção de mundo – Antonio Gramsci – da minha coleção de frases;

Somos testemunhas de um fato raro.

Como disse Pierre Lévy só aconteceu três vezes na história da nossa civilização:

  • Quando começamos a falar;
  • A escrever;
  • E agora a usar nossas mentes com o apoio do computador.

Mudanças radicais aconteceram nestes três momentos.

Não é à toa que vivemos esse susto prático e teórico.

É tudo muito novo e radical.

Não tínhamos teoria sobre isso, pois acontece tão poucas vezes e quando aconteceu no passado não tínhamos tantos pesquisadores como temos hoje testemunhando e tentando entender o fenômeno.

Ou melhor:

Nunca na história dessa humanidade (como diz nosso presidente), tivemos tantos pensadores levando o mesmo susto ao mesmo tempo!!!

(O ser humano não sabia que vivia sobre um vulcão informacional, que explodia e mudava tudo.)

Sim, a meu ver, há uma lógica por trás disso.

Um detonador de momentos como este: o crescimento populacional.

Quanto mais somos, mais complexos têm que ser nosso ambiente de conhecimento.

É uma questão de sobrevivência.

Estávamos maduros para a Internet, pois o modelo de troca de ideias anterior não permitia que pudéssemos sobreviver com o conforto necessário.

Criou uma entropia que a Internet veio resolver!

Hoje, com 7 bilhões de habitantes, que precisam de 21 bilhões de prato de comida, o papo é outro.

A rede das  instituições anteriores, hierárquicas, não estavam mais conseguindo ser ágil o suficiente para resolver os problemas variados e cada vez mais complexos.

A rede digital vem trazer essa emergência: reduzir o tempo entre a “doença” e a “cura” de forma cada vez mais rápida e eficaz!

E precisamos, a partir daí, compreender por que entramos em uma nova era.

Isso se dá, não apenas por causa da tecnologia, que é apenas indutora, mas principalmente pela mudança do controle da informação. E só temos essa mudança de controle de informação, quando a tecnologia passa a ser difundida em larga escala.

Enquanto a Internet estava restrita a meia dúzia, assim com o livro manuscrito, não fedia nem cheirava.

Quando se disseminou o livro impresso e caiu o preço.

Ou veio a banda larga e colocou a Web em qualquer Lan House a baixo custo…as coisas começam a ser diferentes.

E serão muito mais!

A Idade Mídia estabeleceu um tipo de ambiente de conhecimento, basicamente um sistema de controle informacional, no qual as caras mídias de massa ficavam nas mãos de um conjunto de parceiros, que estabeleceram regras sociais para defender seus interesses.

E tudo que faziam como difusão era para mantê-los e preservá-los.

Basicamente, a grande mudança que assistimos é uma mudança radical na forma do controle informacional.

Quem mandava antes dominava um determinado meio.

Agora, com a chegada de outro, estabelece-se novas formas de controle e, por sua vez, com novos agentes e mentalidades, necessitando que a mesma classe ou uma nova, entenda como a banda toca, para poder, de novo, se estabelecer no poder.

Estas nova mentalidades são mais compatíveis com a necessidade do todo, cada vez mais numeroso, do que a mentalidade anterior.

Assim, estabelece-se outras bases, com novas regras.

Não vamos nos iludir.

Haverá um outro patamar e diversas práticas da Idade Mídia não terão mais lugar.

(Veja, por exemplo, a discussão sobre a ética do lucro.)

Nesse sentido, pode-se admitir que entraremos em um outro patamar civilizacional com mais humanidades do que a fase anterior, como foi com o livro impresso, a escrita massificada, que empoderou o cidadão, aboliu a escravidão, deu novos direitos às crianças e recolocou o papel da mulher na sociedade.

(Mesmo que haja este tipo de exploração ainda hoje em alguns recantos do planeta, a ideologia dominante é contra, como foi a favor no passado.)

As anteriores se tornarão obsoletas, pois parte eram convencimento pela repetição, parte pela força da não oposição de ideias.

Saltamos, assim, de um ambiente antes controlado por um grupo, para um novo, no qual novos agentes passam a atuar, utilizando-se da nova mídia.

Portanto:

Estamos vivendo dentro de uma mudança tecnológica radical, um novo ambiente de conhecimento, no qual há uma ruptura com o modelo de controle de informação anterior, inaugurando, por causa disso, não da tecnologia, uma nova etapa da civilização com novas regras para se conseguir e se manter no poder.

Todas as éticas, ideologias e mentalidades eram fruto direto desse controle informacional, ou como dizia Marx:

” A ideologia de uma sociedade será a ideologia da classe dominante. E uma nova ideologia pode ser estabelecida por uma revolução social por uma nova classe dominante”.

E precisaríamos complementar agora, diante dos fatos presentes:

“A ideologia da sociedade será a ideologia da classe dominante. E uma nova ideologia pode ser estabelecida também por uma revolução tecnológica, desde que mude de forma massiva a maneira pela qual os humanos trocam ideias e, por sua vez, se mobilizam, o que propicia o ambiente fecundo de novas revoluções sociais”.

Assim, estabelece-se com o novo ambiente uma nova ideologia, pois para se manter a anterior, era preciso o controle das vozes.

Mesmos nas democracias mais abertas, a mídia, a indústria cultural e as instituições serviam de filtros, não permitiam o debate amplo de ideias, entre os que não estavam lá dentro, ou que tinham pouco tempo, ou que nem tinham interesse de estar.

Era um debate de cima para baixo e não, como vemos hoje, um debate mais horizontal de baixo para e com o  baixo, a distância e com recuperação do que rolou pelo Google.

(O mesmo ocorreu com a chegada do livro impresso quando mais autores puderam conversar com mais autores, na rede social do papel.)

Agora, nas redes sociais, blogs, twitters, skypes, msn a porteira abriu e inauguramos uma nova luta pelo poder.

As mentalidades anteriores só sobreviverão pela força de sua aplicação na realidade.

O que era fake, forçado, imposto pela mídia anterior, vai virar, aos poucos, pó.

É, na verdade, esse o movimento passo-a-passo que assistimos, revisões de conceitos que são recolocados, a partir desse novo ambiente.

Muitos eram bons e ficarão, readaptados.

Outros serão resgatados e remixados do passado, mesmo antes da Idade Mídia;

E novos surgirão, na eterna escalada humana para povoamento e agora superpovoamento do planeta.

Enquanto crescermos a população nessa velocidade, as mídias terão que acompanhar o ritmo.

E o que era exceção, pode vir a ser uma prática, como se diz Web 2.0, 3.0, etc…

E mudarão, com novos ambientes de conhecimento, os controles informacionais, destronando reis e fazendo novos, no ciclo eterno de poder, como já versificava e profetizava Shakespeare, que entendia, principalmente, da alma humana.

Que dizes?

4 Responses to “A Internet inaugura um novo ciclo de controle da informação”

  1. Dessa vez eu que vou assumir o papel de contraponto 😉

    Sou reconhecidamente uum tecnootimista que acredita estarmos nos dirigindo a uuma sociedade globallmente mais humana e humanista em que as diferenças sociais, culturais etc não nos distanciarão tanto uns dos outros e serão até admiradas, mas…

    Ainda tem muita gente fora dos novos espaçs de interação horizontais. Conforme a Internet deixa de ser um privilégio tornando-se um direito básico mais e mais formas de pensamento se unem à coletividade de vozes.

    Imagino que as vozes mais sedutoras serão capazes de se multiplicar e se destacar da algaravia. Essas vozes a que me refiro não são iindividuais, mas coletivas, só para evitar que me entendam mmal.

    Sabemos que a essência humana não está mudando profundamente, ou seja, ainda somos vulneráveis à sedução do meddo e nosso vazio existencial (que nos faz emocionalmente carentes) mais ou menos generalizado nos deixa vulneráveis à sedução do poder, daluxúria consumo e outras emoções menos desejáveis o que o impulso de coletividade. Será realmentte que, ao unirmos nossas vozes individuais as melodias que se destacarão não serão as que nos desesperam ou noos fazem rejeitar o diferente criando, talvez, uma ditadura do conectado sobre o desconectado ou alguma outra forma de domínio injusto?

  2. cnepomuceno disse:

    Roney, com certeza teremos uma nova forma de poder de uns para todos, isso não vai mudar.

    Teremos mudanças, avanços e recuos na nossa eterna inevolução, mas com parâmetros humanos mais sofisticados do que temos hoje.

    Como disse acima, estamos caminhando para uma nova forma de poder, de quem conseguir dominar o atual ambiente informacional e se beneficiar dele.

    Estamos só aprendendo, quando alguém se tornar esperto o suficiente, novas gerações terão novas bandeiras para lutar e castelos a derrubar, no ciclo do poder.

    Valeu a visita,

    Nepô.

  3. Vieira disse:

    Tudo isso se não cercearem nosso direito a comunicação, o que parece estar acontecendo aos poucos por meio das legislações oligopólicas.

  4. O que tem me preocupado ultimamente não é tanto o surgimento de um esperto ou um grupo de espertos, mas algum tipo de caos nascido de um senso comum cheio de informação e processos de conhecimento, mas carente de sabedoria.

    Sabemos que as turbas podem ficar bem selvagens e incontroláveis…

    Mas veremos, o importante é que é sempre um prazer ler suas palavras e creio que elas tem um peso importante no sentido de aumentar as chances das nossas manadas digitais não serem tão selvagens 🙂

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