Toda as grandes necessidades humanas geram um processo complexo para sua realização.
Leonardo da Vinci há tempos imaginou o helicóptero.
A necessidade: se deslocar rápido por sobre o solo;
A proposta: um artefato com hélice;
A tecnologia: ao se inventar um conjunto de peças juntas que realmente voava, que viabilizaram a proposta;
A cultura: todas as atividades sociais e econômicas que giram em torno dos helicópteros.
Ou seja, hoje ao olharmos um helicóptero, nada mais é do que um helicóptero. E não uma discussão a ser feita sobre um monte de peças que voam.
Uma tecnologia quando vira cultura, cai na invisibilidade.
Gosto da frase da minha coleção, que ilustra bem esse assunto:
Uma tecnologia só é uma tecnologia, se você nasceu antes dela – Alan Kay
Analisemos da mesma forma um blog para não confundir alhos (cultura) com bugalhos (tecnologia) como se vê por aí:
A necessidade: permitir que todas as pessoas possam expressar suas idéias da forma mais barata e fácil possível.
(Este desejo acompanhou, acompanha e acompanhará o ser humano enquanto existirmos.)
A proposta: um artefato que facilita essa expressão, melhor do que as antigas páginas pessoais, que existiam na Web até o surgimento dos blogs, feitas à base do HTML e do FTP e que permitisse também a retroalimentação, como comentários, tais como cartas de leitores em jornais, tudo ágil e fácil;
A tecnologia: um conjunto de softwares que viabilizaram essa necessidade e a proposta;
A cultura: todas as atividades sociais e econômicas que giram em torno dos blogs.
Assim, os blogs criaram uma cultura, que tinha no seu centro uma tecnologia: fácil de fazer, de manter e de se comentar.
Esse trinômio colou como um chiclete nos sem-mídia.
Essa tecnologia, não necessariamente a cultura alternativa, começa a influenciar toda a rede, pois a interface dos blogs é muito melhor do que tudo que já foi inventado dentro e fora das organizações.
A experiência, o volume do uso, aperfeiçoou de forma brilhante estas ferramentas, pois tinha um ambiente de inovação mais propício.
Hoje, os recursos técnicos de um blog gratuito na rede é mais poderoso que uma cara ferramenta de gestão de conteúdo.
Um exemplo?
Eu tinha um site.
Era da minha empresa, paradão, pesadão, bem 1.0.
Aquele website não me ajudava a vender as minhas idéias, que são o meu produto.
Resolvi fechar “o loja”, colocando um link para o blog (meu novo site), no qual tenho recursos que nunca sonhei nem nos mais sofisticados gestores de conteúdo que já conheci.
Tudo de graça!
O movimento que fiz: fechar um site estático e concentrar tudo em um blog, me levou para um modelo de helicóptero mais moderno.
Nessa linha, vão se mesclar aos antigos gestores de conteúdo, que seguirão o modelo da tecnologia blog. Não haverá diferença entre um site institucional e um blog.
Vão ter a mesma cara.
Serão dois sites com a tecnologia blog, um mais formal e outro mais alternativo. Mas a forma de se publicar será a dos atuais blogs.
Ou seja, até aqui temos na redes blogs e sites.
Blogs = informais, alternativos;
Sites= institucionais e oficiais.
Teremos, assim, uma grande pororoca tecnológica.
Dessa maneira, não terá mais sentido falar em blogs, enquanto tecnologia, pois a Web inteira, dentre em breve, terá a cara dos blogs de hoje: fácil de publicar e manter, de incluir RSSs, de se comentar e o que mais pintar pela frente.
Que nome daremos a esses novos projetos tecnológicos?
Blogsites? Siblogs?
É a vitória do conceito interativo “blog”, que, para vencer, deixará de existir enquanto tecnologia, ficando apenas a cultura dos blogueiros:
“Aqueles que se expressam de forma livre em ambientes Web”.
Ou seja, a meu ver, não haverá mais sistes estáticos, sem vida, sem comentários, sem RSSs.
Quem mantiver algo assim, estará mortinho.com.br.
O Blog, enquanto ferramenta, será o padrão da Web.
Assim, os blogs (tecnologia) estão desparecendo, pois tudo será site interativo, com a web batendo um blogão….;)
Discordas?
Quem sou eu para discordar de ti. Se o vento está na direção certa.
abraços
[…] Já postei que o blog venceu quando morreu a blogosfera. […]