“Ninguém pode ser um grande economista se for somente um economista”, Hayek.
A frase acima pincei do livro do Edgar Morin “A cabeça bem-feita” e serve para qualquer profissão, basta mudar para: profissional de tecnologia, da informação, educador, sociólogo, antropólogo….
Ninguém pode deixar de ser holístico (ter a visão ampla) num mundo tão interconectado.
Não é de hoje que se pede por aí que para compreender o fenômeno da Web se junte perfis.
Muitos analisam, por exemplo, a Web e mesmo a Web 2.0 de várias maneiras, mas é fundamental perceber que existe um gatilho econômico que dispara estas fases.
E isso se chama a grana!
Ou no popular:
“Quanto custa a parada?”
Vamos ao passado.
O livro escrito a mão era caro.
Precisava de um bem remunerado escriba produzir aquele tijolo durante meses.
Difícil para distribuir, para manter e ganhar escala.
Era um difusor de informação caro.
O livro impresso derrubou o custo desse suporte informacional.
Gerou uma indústria que teve e ainda tem como missão baixar custos, fomentar a demanda, distribuir, ganhar novos mercados.
Yochai Benkler, no livro com visão econômica “The Wealth of Networks“, lembra que a nossa contemporânea mudança radical na forma de se organizar a produção da informação, através da Internet, é o resultado do declínio vertiginoso dos preços dos computadores, da comunicação e do armazenamentos de dados.
Há, assim, o nem sempre lembrado fator: “custo do acesso às mídias e de produção de conteúdo”, como barreira fundamental a ser vencida para a massificação e utilização do meio.
Hoje, somos quase um Roberto Marinho com um personal jornal (blog), uma rádio, via celular, (Gengibre) e um canal de televisão (Youtube) por causa do custo inviável.
Hoje, ser uma rede completa de mídia sai quase de graça.
O preço despencou, o que nos dá uma visão melhor da Web 2.0, por exemplo.
O grande diferencial, a partir de 2004, quando já se havia espalhado os computadores, já estavam com os modens, a cultura tinha se disseminado, mas o grande gargalo era o custo do acesso.
A Web 2.0 é, assim, filha da banda larga, que permitiu:
a) mais velocidade;
b) acesso 24 horas pelo mesmo preço, (prática que a maioria dos provedores discados, já tinha incorporado);
Somados a toda uma cultura já disseminada, um parque de computadores e uma já bem consolidada indústria Web, etc…
A banda larga, assim, liberou os usuários para vivencidar a interação, que sempre esteve na Web, mas para quem tinha grana, subsídio, ou trabalhava na área, ou era fanático.
O interessante é que esses multi-fatores devem nos levar a pensar o fenômeno da Web sob diversas óticas diferentes em um cipoal de causas e efeitos, como sugere Pascal:
Sendo todas as coisas causadas e causadoras, ajudadas e ajudantes, mediatas e imediatas, e todas elas mantidas por um elo natural e insensível, que interliga as mais distantes e as mais diferentes, considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer, particularmente, as partes, Pascal;
Portanto, não se pode ignorar a questão do custo, que hoje, por exemplo, tem limitado bastante o uso do celular.
No Japão, por exemplo, o pagamento do acesso é mais pelo fixo e ilimitado, tanto na voz como aos dados, uma realidade, que muda completamente a maneira de uso.
Pensem em algo assim no Brasil e a profusão que teremos de serviços de upload automático para a Web de fotos, vídeos, áudios, além de chats, troca de mensagens, etc…
A questão do custo dos suportes parece-me ainda pouco estudada, mas terá um destaque cada vez maior nas análises que fazemos e faremos da Web que precisa de mais economistas como o Bencker para nos ajudar nesse desafio.
Um economista não pode ser só um economista, mas quando traz uma visão diferente, ajuda.
E você concorda?