Prezado Rafael,
Leiam o artigo do Rafael Fortes.
permita-me discordar, digamos, bastante do seu ponto de vista, pois não é de hoje que os leitores participam dos jornais, revistas e até do Big Brother, escolhendo quem vai sair da “casa”.
O que toda a mídia, aqui e lá fora, está fazendo e não só o Globo – é alargando esse espaço.
É uma big carta dos leitores que se abre.
Vejo na iniciativa do Globo, ao abrir comentários e ainda espaço para a participação das pessoas na mídia, pelo contrário, um fortalecimento e uma renovação da mídia, que estava e muitas ainda estão encasteladas no antigo mono discurso.
O que deveria ser saudado, pelo contrário, está sendo questionado por razões, a meu ver, corporativas dos profissionais e numa pseudo-proteção dos jornalistas participativos explorados.
Hoje, todos querem colocar a cara no mundo, tanto no Globo, como no Youtube, alguém vai lucrar e alguém vai divulgar, numa relação clara e explícita do ganha-ganha.
É o novo jogo da mídia….veja a discussão que fizemos sobre os otários.
Hoje, o conceito de publicação mudou.
As leis anteriores para uma sociedade da escassez de informação devem ser repensadas para uma da abundância, deixando o jornalista também com a missão de organizador da participação dos colaboradores, que é mais uma arma (e poderosa) de tentar dar uma visão mais “360 graus” do que acontece.
Lembro que quando o livro foi lançado a igreja resistiu a idéia de que alguém mais poderia publicar “a palavra de Deus” na face da terra….
Uma visão corporativa sobre tudo isso é algo estranho, pois estamos falando de informação (algo fundamental para a sobrevivência da nossa espécie), ainda mais nas enchentes de uma cidade, como você cita no seu artigo.
Imagina em Blumenau hoje se alguém vai questionar que um jornal local esteja abrindo espaço para os moradores colocarem suas fotos e comentando as enchentes!!! Ou em São Paulo começar a dizer que os engarrafados que colaboram com as rádios, via celular, estão tirando vaga dos repórteres dos helicópteros.
Talvez, nunca tenha ocorrido uma cobertura com tamanho detalhes de uma enchente no Rio com a participação dos leitores. Quem ganhou com isso?
Hoje, em cada canto da cidade há um cidadão com celular, pronto para exercer o seu papel de cidadão, denunciando, questionando e cobrando seus direitos, seja postando no Globo, no seu blog, no Youtube.
Isso é ruim?
Quem quiser publicar no Globo, ótimo. Alguém está obrigando a alguém participar? Tem alguém que trabalha oito horas por dia como “Eu Repórter”?
Se alguém se achar explorado que vá para outro espaço na rede, são tantos e tão variados!
Como jornalista, portanto posso falar de cadeirinha, não compartilho com essa visão que a meu ver, distancia da verdadeira ética da nosso profissão: manter a população informada.
O que fica é como: garantir que o que vem para os jornais seja realmente fidedigno, mas isso é um outro papo em um novo paradigma….
abraços,
Nepomuceno.