Com o meu tempo de estrada e na eterna batalha para diminuir minha pisadas de bola no planeta terra, consegui perceber que a diferença entre nós é a forma com que administramos nossos problemas.
Sim, já foi o tempo que achava que fulano e beltrano não tinham problemas.
Nessa reflexão sobre a nossa relação com os problemas, pude perceber que temos algumas etapas na nossa vida nas quais nos relacionamos com eles da seguinte forma:
1) não tenho problemas;
2) tenho, mas não quero mexer com eles agora;
3) estou mexendo com eles, mas não está resolvendo (geralmente eternas terapias, que levam anos sem resultado);
4) estou mexendo e conseguindo alguns avanços.
(A diferença da fase 3 e 4 pode ser sutil e depende, obviamente, da avaliação de cada cidadão, não sendo a terapia a única forma nem de não resolver, nem de resolver.)
Obviamente, que cada um passa por estas fases de forma distinta, ora em uma ora em outra, mas há pessoas que se posicionam todo o tempo em uma fase destas.
Os que ficam na fase 1 eternamente, propagando para todos os cantos, que não têm problema podem ser chamados de “normalpatas”. O termo já anda por aí pela Internet.
Na conversa que rolou pós-post, o Adami deu uma ótima definição que vou reproduzir aqui para dar um destaque.
“(…) aquele indivíduo absolutamente despreocupado consigo e com os outros, que não ajuda e, pior, como eventualmente precisa de ajuda, atrapalha. O seu pior sintoma torna-se visível quando deixa de resolver um problema e, com isso, acaba afetando outras pessoas, inclusive por não assumir as responsabilidades pelo que faz (ou melhor, não faz). Com essa idéia, talvez tenha que ficar claro na definição de normalpatia que um problema, em si, não é transferível, embora a falta de solução do mesmo possa afetar os outros” (Revisão no dia 30/10, a partir do comentário do Adami, ver abaixo)
O grande problema quando você lida com um normalpata de carterinha é que na relação de alguém que nunca tem problema com você, qualquer problema que ocorrer durante o processo, de quem será a culpa?
Você pode fazer a sua auto-crítica, se você está procurando melhorar, mas do outro lado você receberá apenas uma confirmação: “É, você realmente tem problemas”.
Não é um diálogo aberto, mas fechado, em que um quer provar a sua normalpatia, justamente em cima de quem está procurando evoluir.
Assim, um grande problema de quem está na fase 4 é lidar cotidianamente com alguém da fase 1, pois quem trabalha seus problemas, passa o tempo todo fazendo auto-crítica e dialogando com os que estão à sua volta.
Quando cruza com o normalpata o processo tende a embolar.
Não é por aí?
Normalpatia. Interessante. À medida que li o seu texto, lembrei-me da Franka Potente correndo desesperada para, de diferentes formas, evitar que um grande problema se tornasse ainda maior. Acho que fazemos o contrário: com sintomas de normalpatia, deixamos nossos pequenos problemas evoluírem até chegar o dia de reconhecermos que, sim, temos problemas — pequenos, médios e grandes. Não há quem não tenha e, quer saber? Seria uma lástima viver sem eles! Abraços
Interessante, gostei da frase:
“Seria uma lástima viver sem eles!”…
O que me pergunto é se os nossos problemas são fixos ou mutantes…ou temos fixos e mutantes…
E sendo assim quais deles lamentaríamos perder…
Vou pensar mais sobre seu comentário….
Bem, se é um problema, então existe uma solução ou existirá…quase uma questão de escolha.
O que sinto e observo é que alguns problemas duram alguns dias, outros, anos e há quem coloque também que alguns duram algumas vidas…
Mas não acredito em nada “fixo”, igual para sempre..
Gostei muito da visao do Adami e repito “seria uma lástima viver sem eles”.
Fiquei pensando sobre isso…
Na verdade, se passarmos a perceber que somos alguma coisa além do que pensamos…E de que a nossa mente formula baseado no passado e futuro.
E nunca no presente podemos ver esse dilema de outro ponto de vista.
O que estamo chamando de “problemas” é algo que acontece como uma repetição fora de nós, com a qual se pudermos observar e administrar podemos passar para uma nova etapa atrás de novos problemas, deixando de repetir os antigos.
É o que me incomoda na “lástima de viver sem eles”…
É um papo longo e interessante…
Mas eu pontuaria dizendo que eu gostaria sempre de estar à procura de novos problemas…e dessa forma não seria uma lástima abandonar os repetidos….
Que dizem?
Recebi o seguinte post por e-mail e compartilho…como se fosse anônimo…
Comentário:
“Uma lástima viver sem problemas” porque talvez eles sejam o principal motor de todas as coisas. De certo modo são eles que movem a vida. Sob uma
ótica generalista, temos problemas assim como uma formiga, que precisa carregar algumas folhas e, vez ou outra, se depara com algo que vai lhe gerar um desconforto e, com isso, aprende a evitar a exata situação do
desconforto.”.
Mas note que a maneira que encaramos esses “fardos” da vida depende de cada “formiga”, do momento que ela está vivendo. O que é um problema hoje não é amanhã. O que é para um não é para o outro.
Não sei se posso chamar os “fardos da vida” de problemas, mas vamos chamar do real…o real, o que vem para cada um de um jeito e cada um o administra de um determinado jeito.
O que estou tentando amadurecer aqui é como cada um se relaciona com esses fardos….e aí vem a definição do normalpata…aquele que transfere para os outros tudo que lhe acontece…de ruim…ele nunca contribui para que um “fardo” normal tenha se agigantado, pois é o outro que o está crescendo e não ele…
Seria isso?
Amadurecendo a idéia….
Mais uma parte:
“Por isso parece-me agora que a noção de normalpatia
poderia ser desmontada sem muita dificuldade, pois os problemas estão condicionados ao universo de cada um. Bem, pode não ser tão simples, mas são algumas possibilidades. É isso! Anderson”…
Sim, obviamente que a forma como “despachamos” os fardos da vida…é o que nos torna diferentes? E quando falo fardos, pode-se incluir os fatos…desde relação com amigos, parentes, filhos, parceiros e parceiras…
O que chamamos aqui de normalpata..é aquele que tem dificuldade de lidar com essas “coisas da vida”….e isso causa problemas para os que estão a sua volta e, quando essa dificuldade aparece,…culpa os outros, pois ele “não tem problemas”…em lidar com a vida….
Vou pensar mais…valeram os comentários…está aguçando o problema.
Primeiro, que é o normalpata? Vejamos, seria aquele indivíduo absolutamente despreocupado consigo e com os outros, que não ajuda e, pior, como eventualmente precisa de ajuda, atrapalha. O seu pior sintoma torna-se visível quando deixa de resolver um problema e, com isso, acaba afetando outras pessoas, inclusive por não assumir as responsabilidades pelo que faz (ou melhor, não faz). Com essa idéia, talvez tenha que ficar claro na definição de normalpatia que um problema, em si, não é transferível, embora a falta de solução do mesmo possa afetar os outros. Será que me aproximei da definição?
Mudando um pouco, queria só falar desse ponto de vista: “pontuaria dizendo que eu gostaria sempre de estar à procura de novos problemas…e dessa forma não seria uma lástima abandonar os repetidos…”. Pode ser verdade para muitos casos, mas não quando falamos aqui de uma ordem específica de problemas, que são aqueles relacionados à vida (pessoal, profissional, emocional), que representaria o “fardo”, que nos causa dissabores. Nesse caso, diria que problemas não se escolhem, eles chegam sem permissão, e só podem ser considerados como problemas enquanto lhes falte ou seja dada uma solução. Aí finalizaria dizendo que nossa vida irremediavelmente é uma sucessão de pequenos e grandes problemas, nosso ônus será não tê-los solucionado todos do melhor modo e, nossos méritos, ter aprendido com eles. Isso soa bem simplista, mas seria razão para não lastimarmos os problemas, não?
[…] 30 Outubro 2008 por cnepomuceno Este post é sequência da discussão sobre o “Fuja dos “normalpatas””. […]
Bom Adami o assunto vai dar em outro post….para aprofundar …A “normalpatia” e os problemas emocionais –
http://cnepomuceno.wordpress.com/2008/10/30/a-normalpatia-problemas-e-o-viver-o-presente/
abs, Nepô.
[…] A “normalpatia” e os problemas emocionais Este post é sequência da discussão sobre o “Fuja dos “normalpatas””. […]