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Li, a partir da Sandra Alves da Cruz, a discussão sobre o resgate de Paulo Freire. 

A polêmica foi provocada por uma matéria na Veja sobre qualidade da Educação, na qual criticam os professores por gostarem de Che Guevara e citarem Paulo Freire. 

O problema é: se quisermos começar a discussão sobre a Escola 2.0 seria ótimo reler Paulo Freire com um novo olhar.

É bem verdade, a meu ver, que não se pode ler Freire sem “dar um desconto” do em torno de sua visão política da época, o momento histórico, a radicalização do processo em que viveu.

Mas se você analisar, por exemplo, a Pedagogia do Oprimido, que encomendei na Estante Virtual há cerca de seis meses, quando procurava interlocutores para pensar uma nova forma de dar aulas, podemos encontrar ali a procura de um novo tipo de professor, de escola, de educação, que agora, se torna mais viável com a Web, daquilo que estamos pensando: a Escola 2.0.

No livro, o oprimido pode ter, e teve, uma leitura ao pé da letra, daquele que é explorado pelo capitalismo selvagem, mas nos permite hoje outra leitura mais ampla da condição perene de qualquer ser humano. 

O oprimido, a meu ver, é todo aquele que recebe a carga de cultura, sem direito a voz,  para que se enquadre em determinados parâmetros sociais, sendo a escola ainda muito mais uma formatadora de cérebros, com seus currículos fechados, pouco intuitivos, não linkados entre si.

O que, aliás, é completamente incompatível com o futuro profissional que iremos precisar. E  vai contra as idéias das próprias empresas do que necessitam para o futuro.

Ou seja, meu palpilte que Paulo Freire, será relido por todo o mercado!

A pedagogia do oprimido pode ser aplicada assim como a procura de uma nova escola, da qual o aluno não está abaixo do professor, mas junto com este aprendendo e ensinando em um processo dialético, no qual ambas as partes se enriquecem, já que hoje a informação não está mais na gaveta, ou no livro, mas disponível em rede.

A diferença agora não é mais a passagem do conteúdo, mas como chegamos juntos a ele e o articulamos, colaboramos para poder fazer dele algo realmente interessante para cada um e o grupo. E que cada um consiga ter a sua voz.

A Web é Freiriana ao extremo, pois permite que “o sujeito se autoconfigurar responsavelmente…” possam “se re-existenciar criticamente as palavras de seu mundo, para, na oportunidade devida, saber dizer a sua palavra” (através de comentários, dos blogs, das comunidades em rede…)..”e não repetir palavras, mas a dizer sua palavra, criadora de cultura”.

A Escola 2.0, sim, passa por uma releitura de Paulo Freire, onde alunos e professores terão que rever o seu papel.

Depois falo mais sobre isso.

Revisei o artigo hoje 24/10/08.

5 Responses to “Paulo Freire é o mentor da Escola 2.0”

  1. Valeu Carlos. Vou utilizar esse seu texto no Curso.
    Abraços fraternos,
    Sandra.

  2. Kaléu disse:

    Tenho achado incrível pois tem sido comum encontrar os textos de Paulo Freire / as idéias / os livros em diversos grupos distintos de atividades.

    Participei recentemente de um breve curso sobre Educação no qual o principal referencial era Paulo Freire e estávamos falando de um treinamento para pessoas pouco acostumadas com internet utilizarem um portal de voluntariado.

    Depois, ontem mesmo, em um minicurso sobre a cosntrução de uma Universidade Popular encontrei um grupo de Estudos do curso de Direito / UFSC focados na proposta do Paulo Freire.

    É sem dúvida um grande autor.

    —–

    Para ampliara a discussão sobre a escola 2.0 sugiro uma breve leitura sobre a Escola da Ponte , uma escola fundamental de Portugla que há vários anos propõem uma nova forma de ensinar baseada na colaboração mútua entre os alunos e professores.

    É realmente fantástico.

  3. cnepomuceno disse:

    Kaléu,

    o que me inquieta um pouco na releitura é conseguir recolocar Paulo Freire hoje.

    Pois existem dois Paulos: um, um militante ferrenho e outro um humanista radical.

    Minha leitura se prende ao segundo, nem tanto ao primeiro.

    A releitura passa, portanto, de compreender a importância de uma nova Escola para todos os cidadãos, na qual o aluno passe a ter voz.

    abraços,
    Nepomuceno.

    PS – sobre a Escola da Ponte, aliás, vi que têm um blog: http://escoladaponte.blogspot.com/ E lançaram um livro recentemente:

    Lançamento do livro
    «Escola da Ponte – Formação e Transformação em Educação»

    Na próxima 3.ª feira, 30 de Setembro, pelas 18h30m, na Escola da Ponte irá decorrer o lançamento do livro «Escola da Ponte – Formação e Transformação em Educação» do Mestre José Pacheco.

    Fiquei curioso, alguém comprou?

  4. Kaléu disse:

    Puxa, muito legal Nepomucemo, não sabia do blog. me, desse livro..

    Mas conheço um muito bom: “A Escola com a qual sempre sonhei mas que não imaginava que existisse” do Rubem Alves justamente sobre a Escola da Ponte.

    Abraços.

  5. […] do livro do Paulo Freire (Pedagogia do Oprimido), do Bill Wilson (Levar Adiante)  e o  Quem está no […]

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