Todo o processo de produção incremental que faz sentido em um momento de contração cognitiva deixa de valer na expansão e na necessidade de inovação radical! O que se precisas agora é uma “mesa” que permita, de novo, “embaralhar as cartas”.
Acredito que o principal elemento para entender o futuro é compreender os efeitos de tecnologias cognitivas reintermediadoras na sociedade.
Para isso, recomendo o aprofundamento na Escola de Toronto, na qual vamos ver o efeito do alfabeto, da escrita, da fala, dos meios de massa e da Internet, já com Pierre Lévy. Criando uma nova maneira de pensar o ser humano, através da filosofia tecno-cognitiva acabei chegando no conceito do pêndulo cognitivo em processos longos de expansão e contração cognitiva.
- Na contração cognitiva, as ideias ficam mais controladas, a taxa de inovação radical ou disruptiva cai vertiginosamente;
- Na expansão cognitiva, as ideias ficam descontroladas e a taxa de inovação radical ou disruptiva sobe vertiginosamente.
O problema é que as organizações se moldam, a partir desse macro-cenário.
- Quando há a contração cognitiva elas se voltam cada vez mais para elas mesmas, criando monólogos, sendo cada vez mais conservadoras e repetidoras em uma sociedade controlada e controladora;
- Quando há a expansão elas se vêem obrigadas a resgatar o diálogo com a sociedade, tendo cada vez mais que adotar posturas inovadoras e transformadoras em uma sociedade descontrolada e disruptiva.
Note que na academia toda a estrutura de produção do conhecimento hoje é voltada para mudanças incrementais e não radicais, o que explica ser:
- – dividida muito mais por áreas e não problemas, com seus autores e conceitos “enjaulados” em um campo de estudo;
- – a seleção de novos pesquisadores, tanto para pesquisar e reproduzir conhecimento visam e procuram um perfil muito mais repetidor do que inovador (isso tem mudado nas verdadeiras escolas de ponta e de excelência), pois este foi o molde criado ao longo da contração cognitiva. A escolha atual é sempre auto-referenciada em quem pode repetir e não desconstruir;
- – o critério de avaliação do que é bom e estimulado ainda está baseada nas auto-referências da própria organização e seus pares, mas não no impacto da leitura, comentários, curtidas, encaminhamentos, estrelas pela sociedade, bem representados por tentativas de referência como o Klout ou o sobe desce nas pequisas do Google;
- – e, por fim, os textos produzidos têm que articular e se referenciar no universo conhecido no passado e em um campo determinado, tanto na forma como no conteúdo, o que nos leva a uma dificuldade de produzir ideias disruptivas.
A dicotomia entre o que a sociedade precisa e o que as organizações de conhecimento oferecem é um abismo profundo!
No passado, quando tivermos revoluções cognitivas como a atual digital, podemos citar duas:
- – a do alfabeto grego – que nos levou à filosofia e a primeira experiência da democracia, que podemos chamar de renascimento grego;
- – e da escrita impressa – que nos levou à chegada da segunda experiência da democracia e a revisão filosófica, que podemos chamar de renascimento europeu.
Neste dois momentos de expansão cognitiva, em função de uma ruptura tecnológica, todo o processo de produção incremental que fazia muito sentido em um momento de contração cognitiva deixou de valer. E se cria uma nova demanda em função da expansão cognitiva e da necessidade de inovação radical do pensamento da sociedade!
O que se precisas agora é de uma nova “mesa” que permita, de novo, “embaralhar as cartas”.
Há um resgate de ideias antigas fundadoras, mas um desprezo pelas amarras que a produção conservadora, fruto da contração cognitiva, provocava. Foi preciso criar um espaço off-produtor, no caso do papel impresso, que nos trouxe Espinoza, Bacon de Descartes, por exemplo, ou Sócrates, Aristóteles e Platão, que vieram de fora da academia e não de dentro.
Vivemos hoje um momento similar.
Há uma incapacidade de compreender e pesquisar o mundo atual de dentro da academia, pois as barreiras departamentais, os ritos de produção, continuidade, ingresso dos pares e difusão de conhecimento foram pensados, principalmente na área humanas, para pesquisas incrementais e não disruptivas, que é o que precisamos hoje.
Os poucos pensadores de fora da academia, que estão na resistência, utilizando de ferramentas de publicação digital estão indo muito mais longe e sendo muito mais úteis para a sociedade do que departamentos universitários inteiros.
As bases de uma nova forma de produzir conhecimento precisam ser estabelecidas e incorporadas pela ciência, principalmente na área humana.
Vários centros de produção de conhecimento do mundo têm procurado esse novo espaço, com muito pouco eco no Brasil.
As bases, assim, da ciência 3.0 vão começar de fora da academia para dentro. A crise ainda não chegou a sua fase mais aguda. Mas caminha para isso e as respostas, até o momento, são de resistência e negação, tanto na área pública e pasmem na privada.
Que dizes?
[…] Falei aqui da atual crise da ciência e seu desdobramento. […]
Texto amenizador de angustias e animador de atitudes.
Pano de fundo, por empréstimo, para dizer o que não conseguia.
Thomas Kuhn e os paradigmas científicos mostra a ciência conservadora.
Normose, mais no mesmo e prática de erro antigo: status quo vigente.
Buscar a perfeição que nos escapa, como Verdi, prática eruptiva.
Texto amenizador de angustias e animador de atitudes.
Pano de fundo, por empréstimo, para dizer o que não conseguia.
Thomas Kuhn e os paradigmas científicos mostra a ciência conservadora.
Normose, mais no mesmo e prática de erro antigo: status quo vigente.
Buscar a perfeição que nos escapa, como Verdi, prática eruptiva.