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Podemos chamar de macro-metodologia as que propõem migração de uma organização de um tempo passado para um tempo futuro.

Versão 1.0 – 25 de setembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Toda metodologia de gestão faz parte de um diagnóstico.

Estamos com um problema “x” precisamos de um tratamento “y”.

A metodologia é o tratamento  “y”.

(Sim, temos metodologias de todos os tipos, inclusive para diagnósticos, mas aqui estou falando de metodologias de gestão, um conjunto grande de práticas e processos encadeados que ajuda a organização a gerar valor.)

O diagnóstico é feito antes, por poucas pessoas, que definem para onde algo está indo e qual é o alinhamento que deve ser feito, pode ser no micro ou no macro.

A macrovisão é feita geralmente por pensadores considerados experimentes, filósofos, “gurus” que definem para onde estamos indo e as metodologias são criadas para criar uma ponte para essa “visão”.

Ou seja, há um alinhamento da atual gestão a uma nova, a partir de um diagnóstico, que nos leva a um tratamento – a metodologia.

Uma metodologia é um conjunto de práticas de migração de um ponto para o outro. E de continuidade deste ponto, a partir de um novo patamar.

Um caso interessante é analisarmos a curta história da Gestão de Conhecimento (GC), a meu ver decadente, como detalhei aqui, mas que está ainda presente dentro das organizações. E que pode nos servir de base para pensarmos a nova metodologia da vez “implantação de redes sociais corporativas”, ou gestão 2.0.

Notemos que na GC  tivemos:

  • 1) o diagnóstico que estamos agora em uma sociedade do conhecimento;
  • 2) que o conhecimento é algo fundamental nas organizações;
  • 3) e que é preciso fazer uma alinhamento de empresas com a gestão industrial para empresas baseadas no conhecimento.

A Gestão do Conhecimento é uma metodologia ousada, pois faz um cenário geral, macro do mundo, e estabelece para as organizações uma prática geral de migração que muitas adotaram (ou tentaram).

Podemos chamar, assim, de macro-metodologia aquelas que propõem uma migração de uma organização de um tempo passado para um tempo futuro.

A macro visão foi fundamental.

Aprender com a experiência dessa prática é muito interessante para pensarmos projetos de redes sociais corporativas ou da gestão 2.0.

Diferente daquela, por enquanto, a implantação de redes sociais corporativas não é:

  • – considerada uma metodologia de gestão, mas de comunicação ou de tecnologia;
  • – não parte de uma macro-visão do mundo, mas como se fosse um pequeno ajuste organizacional;
  • – não se assume como macro-metodologia de gestão;
  • – não faz parte dos projetos estratégicos de migração de um mundo “a” para o “b”.

Podemos dizer que a visão da sociedade do conhecimento tinha um elemento de tempo menos agressivo. Percebeu-se a mudança gradual, mas teve-se um certo tempo para ver, analisar e procurar mudar.

Assim, a GC foi algo que não partiu de algo mais operacional, mas entrou com uma metodologia macro, de ajuste grande, da qual todas as organizações foram simpáticas e tiveram mais tempo para aceitar o conceito.

As redes digitais são mais agressivas, pois, na verdade, nos mostram que a visão da sociedade de conhecimento estava equivocada. Estávamos, desde antes entrando na sociedade digital, que venho evoluindo e agora explodiu de vez e tornou o processo todo muito mais dinâmico.

Estamos pagando o preço do erro de visão, que deu origem a GC, da sociedade do conhecimento, que era, no fundo, a sociedade digital no seu primeiro estágio, ainda não participativo.

E que agora chegou de vez.

O que deve se analisar é que havia um erro na visão, no diagnóstico inicial, o que nos levou a uma macro-metodologia de gestão para a sociedade do conhecimento equivocada, pois estávamos e estamos entrando na nova sociedade digital em rede, que é a força principal das mudanças.

Estávamos olhando para os efeitos das mudanças econômicas (industrial -> conhecimento), mas não vimos o efeito cognitivo (ambiente cognitivo impresso/eletrônico/digital sem rede -> digital com rede colaborativa), o grande impulsionador das mudanças, de fato, como a vida tem demonstrado.

 

O problema que temos hoje para agir na gestão é que falta ainda pensadores de porte, com peso principalmente na mídia de massa (que ainda rege o mercado) que defendam uma “Gestão digital 2.0”, que venha a tomar o lugar da atual GC, como uma nova macro metodologia de gestão.

Acredito ser mais fácil migrar de uma GC para uma Gestão Digital 2.0, pois é um ajuste mais fácil, de uma metodologia macro para outra, do que iniciar projetos de redes sociais pela comunicação ou pela tecnologia.

Os projetos nas organizações assim se alinhariam em torno desse central: migração da organização impressa/eletrônica/digital sem rede para a digital com rede colaborativa, que é uma revisão da atual GC, revisando a sua origem, da sociedade do conhecimento para a digital em rede.

E isso inclui toda a gestão e suas perdidas variantes:

  • – de informação;
  • – de conhecimento;
  • – de inovação;
  • –  educação corporativa;
  • – de pessoas, etc.

E isso exige muito esforço.

A criação da revisão da macrovisão, de uma nova metodologia, de novas tecnologias e cursos de preparação dos novos profissionais.

Nada disso ainda existe, mas é urgente, pois vai estourar em breve.

Pierre Lévy que já apontava essa macro-visão, desde 1999, mas não teve ou tem a força de um Peter Drucker, o defensor da ideia da sociedade do conhecimento, baseado numa visão econômica e não cognitiva, eis o erro.

O mesmo podemos dizer do Tapscott e do Rifkin, que chegaram a mesma conclusão.

Estamos esperando, chupando o dedo, para que o macro-ciclo da revisão da gestão recomece nas organizações, fazendo o ajuste necessário para o alinhamento ao futuro, agora muito mais sofisticado do que antes, pois é uma mudança muito mais radical na maneira de se pensar o trabalho e controle dos processos.

Mas as empresas, infelizmente,  não estão habituadas a pensar, mas apenas a seguir uma cartilha de um guru (de preferência americano).

Aguardemos?

Que dizes?

3 Responses to “Reflexões sobre macro-metodologias de gestão”

  1. Jeferson Costa disse:

    Nepo, esse texto expressa uma das melhores abordagens que ja li sobre o tema…

  2. Fausto de Bessa Braga disse:

    Nepo. Este artigo é de “ousadia” extrema, pois faz com que se tenha uma real abordagem do que é gestão. Parabéns pelo alto critério de excelência.

  3. […] na sociedade do conhecimento precisamos criar um “tratamento”, uma macro-metodologia (ver mais sobre macro-metodologias aqui) que nos leve a ajustes na organização, a partir dessa […]

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