“Onde quer que haja dominação, haverá resistência” – Castells;
O que Castells, Augusto de Franco e Clay Shirky têm em comum?
Todos os três e mais alguns outros, nos quais me incluo, têm uma visão clara de que a chegada da Internet é claramente uma mudança na estrutura de poder da sociedade.
E isso é um pouco diferente que o discurso de mercado hoje.
- Estes autores-compositores falam em ruptura e descontinuidade em uma nova sociedade, no qual alguns paradigmas que estamos acostumados tendem a mudar de forma radical;
- Os outros falam em continuidade em prosseguimento em fazer pequenos ajustes de forma isolada.
Esta, a meu ver, é a bifurcação teórica/prática operacional/estratégica sobre esse nosso mundo pós-revolução digital.
- Quem analisa o mundo como continuidade aposta no mesmo governo, empresa, escola sociedade com pitadas sociais, mas no mesmo paradigma, quer receitas de bolos, determina que um dado setor tome conta das mudanças, não problematiza a questão no planejamento estratégico;
- Quem analisa o mundo como descontinuidade aposta em outro modelo de governo, democracia, escola, sociedade com outro paradigma quer trabalhar em cima de uma lógica futura, problematiza a questão no planejamento estratégico e envolve toda a organização no processo de mudança;
De formas distintas, os três chegam à essa conclusão, que posso sintetizar da seguinte maneira, mixando a meu critério, o novo e-book de A.Franco, o novo livro de C.Shirky (para o qual estou preparando um curso online) e o discurso fundamental de Castells na Espanha:
- O poder é fundamental, sem ele não sobrevivemos (Castells);
- Para manter o poder se controla a mídia (Castells);
- Poder cria uma noção embutida e falsa da realidade (Castells);
- Nos cria a fantasia de um mundo único (Augusto de Franco);
- Quando há o descontrole da mídia, as pessoas passam a conversar e querer mudar, pois sempre haverá gente insatisfeita em uma sociedade (Castells);
- O crescimento das cidades nos jogou para um mundo mais opressivo e a televisão foi uma espécie de droga (Shirky);
- As pessoas quando passam a poder conversar e se articular podem mudar o mundo (Castells);
- Ficamos hipnotizados pela televisão perdendo um tempo de troca que agora passamos a ter na Internet, gerando um excedente cognitivo (Shirky).
Quando temos excedente cognitivos, descentralização da mídia, troca entre as pessoas, criamos um ambiente de mudança coletivo.
Só que, diferente, de uma revolução social, na qual há uma intenção de determinado grupo e é um movimento localizado.
Numa revolução da mídia, cognitiva, saltamos para um movimento de desintermediação coletivo, global, que atinge, principalmente, as principais economias, locomotivas, gostando-se, ou não, da história.
Consolida-se a visão de autores que considero importantes, pois no mundo de hoje devemos escolher bem quem e o que devemos ler, de que rumamos para algo bem diferente.
Diria eu para uma nova civilização, abrindo um novo cenário político, conforme determina Castells:
E quando os poderes se derem conta de que as praças falam sério – pois ainda não se dão conta disso – reagirão, provavelmente de forma violenta.
Será que será algo radical, assim, ou haverá etapas?
Que dizes?