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Desfiltrados

Nós não temos um problema de excesso de informação, mas de filtros – Clay Shirkyda coleção;

(Começando a revisar os melhores posts de 2011)

Como lidar com o excesso de informação?

(Detalhei depois sobre isso na discussão sobre fofoca e significado. Post mais de ajuda do que reflexivo.)

Eis a questão que vale um trilhão!

Precisamos de novas metodologias, tecnologias e principalmente cognição. Estamos em fase de reequilíbrio na  maneira que estávamos acostumados a filtrar o mundo.

Vivemos o desequilíbrio da chegada de novos filtros informacionais da sociedade, com o computador, inicialmente, e depois da Internet, com seus desdobramentos participativos e colaborativos.

O mundo é vasto, bilhões de fatos acontecem nesse exato momento.

Quais deles são relevantes para nossa vida na terra, da nossa região, para meu emprego ou para o meu negócio?

O que terá impacto na vida da nossa família e amigos e para nós, em particular?

Como saber que tais fatos aconteceram, seu desdobramento  e que ações terei que tomar para me preparar para eles?

E o que posso fazer para me antecipar e aproveitar as oportunidades?

Essa noção mais consistente de futuro é o que podemos chamar de qualidade de informação, que implica necessariamente, mais adiante, em qualidade de vida, através da geração de valor.

Quem está bem informado, sabe o que vai acontecer, ou as possibilidades, e decide melhor e vice-versa.

Estar bem informado, entretanto, não é saber de tudo, mas apenas do que, de fato, é relevante, entre tudo que temos contato.

Assim, quem, teoricamente,  sabe de tudo, não sabe nada.

Precisamos, assim, entre bilhões de fatos, saber filtrar o que é relevante, do que é apenas interessante.

Filtrar significa: ter acesso, interpretar, comparar com o que se faz e decidir.

É o que CH Marcondes defende como o papel dos filtros, dos profissionais da informação: economizadores de energia para se chegar na informação de qualidade.

Quanto mais receber qualidade com menos esforço, melhor!

Assim, o ser humano precisa saber filtrar a informação interessante da relevante.

A primeira serve para o lazer, mas não é a que faz a diferença.

A indústria de informação (incluindo a de comunicação no meio) tem como papel filtrar o mundo para nós.

Criaram um mito de que são empresas de conteúdo, mas se enganam no seu papel.

(Vejam matéria do Nelson, comigo no Globo, na coluna “Conexão Global”)

O que se quer dos filtradores, entretanto, é que gerem filtros competentes para que possamos tomar sábias decisões.

Acorda, amor!

(Já disse que quem precisa de conteúdo é coxinha de galinha.)

O ser humano precisa é de filtros informacionais relevantes para decidir e viver melhor!

Ponto de exclamação!

O problema é que o mundo está cada vez mais complexo: mais gente, mais aglomeração, mais conexões, mais global, mais rápido….

E a maneira de filtrar anterior, através de intermediários fixos e com um grau de sofisticação incompatível, cria um problema de qualidade informativa.

Jornalistas, médicos, bibliotecário, arquivistas, etc…perderam velocidade e, portanto, qualidade precisam mudar a cabeça, deixar de querer ser o dono da parca informação para gerentes de um mundo abundante em informação sem significado.

Ou entendem isso, ou vão sucumbir.

Um mundo mais complexo exige que usuários e profissionais de informação se sofistiquem!!!

Precisamos a aprender a todos a ajudar a decidir num mundo hiper-informado, por isso que criou-se a colaboração – filtros coletivos!

Não estamos acabando com os intermediários (isso é importante), mas precisamos de outros com outra cabeça!

Desfiltrou-se o que era filtrado e isso de uma vez só para todo mundo.

Abriu-se a porteira e nós continuamos com a cabeça da boiada passada.

Mugindo perdidos.

É preciso, assim, nos prepararmos para lidar com um novo tipo de filtro, no qual vamos ter que ter mais maturidade do que tínhamos antes.

O que vinha de mão beijada e criava um mundo mais infantil, com um poder correspondente, não serve mais.

Vamos ter que amadurecer e – é esse amadurecimento – que fará a mudança para uma sociedade 2.0 mais descentralizada, pois só se consegue democracia, empoderando as pontas.

As pontas terão que ser  capazes de tomar mais decisões sozinhas e, portanto, de filtrar informações de maneira melhor. Bingo!

(Isso dá até outro post. )

É o preço que o mundo 2.0 traz, quando tira os antigos intermediários e coloca novos.

(Ver a discussão sobre quem segue quem no Twitter mais embaixo, já nos comentários.)

Você acessa tudo, mas vai ter que se virar em fazer seus próprios links cognitivos e aí que mora o problema.

Não temos AINDA capacidade de fazer isso.

Para filtrar é preciso:

– ter uma noção clara dos processos fundamentais;

– identificar forças em conflito, que atuam nos processos fundamentais;

– compreender como as pessoas que agem nesses processos, pensam, saber separar escolas de pensamento;

– e passar a acompanhar muito mais macro-tendências, tendências, do que o dia-a-dia dos problemas fundamentais, nos quais os micros transitam.

Quem vais nos ajudar nessa direção é um pensamento mais holístico, menos dogmático, mais abstrato, em suma, mais filosófico, mais global.

Algo que hoje não temos em casa, na escola, na sociedade e, principalmente, na mídia!

Por isso, prevejo que depois da fase tecnológica, que estamos passando, que nos leva à explosão informacional virá outra que é um surto filosófico.

Por outro lado, será preciso superar problemas afetivos-cognitivos que foram criados por um mundo mais infantilizado.

(Isso deu um outro post, que publiquei aqui sobre abuso e outro sobre autoridades.)

Em resumo, precisamos aprender a ver o mundo com nossos próprios novos filtros e, portanto, olhos.

E isso é complicado.

Vamos ter que sair da casa dos nossos pais-filtradores, que era tão quentinha.;)

Que dizes?

10 Responses to “Desfiltrados”

  1. […] This post was mentioned on Twitter by Biattrix , Kellen Höehr. Kellen Höehr said: O mundo 2.0 é basicamente uma mudança da forma que filtramos o mundo: http://bit.ly/e7sf8j […]

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Hoje, está uma discussão geral sobre esta matéria:

    “Metade dos tuítes relevantes vêm de 0,05% dos tuiteiros”

    http://idgnow.uol.com.br/internet/2011/03/29/metade-dos-tuites-relevantes-vem-de-0-05-dos-tuiteiros-aponta-pesquisa/

    Como diz o Shirky lá em cima, o ser humano precisa de filtros e está fazendo um novo tipo de filtragem, a mídia, fazia o dela, sem opção, agora é opcional e a critério de cada um.

    A grande ilusão que vivemos na rede é achar que agora acabou a filtragem, isso não vai mudar nunca na humanidade, informar é filtrar, filtrar é gerar significado.

    O que estamos fazendo é mudando de filtros, tornando-os mais meritocráticos, menos consolidados como era antes, e tudo isso para inovar.

    Nada me surpreende nesse índice, porém ainda há uma forte influência dos personagens da mídia de massa, a tendência, acredito, será ir aumentando os “sem mídia” ou a incorporação dos “sem mídia” para a mídia de massa, como tem acontecido de blogueiros sendo “promovidos” e ganhando voz na sociedade, o objetivo final de toda esse descontrole, gerar oxigenação, mais inovação e ajudar a resolver problemas produtivos, de forma mais barata e eficiente.

    É isso.

  3. Júlia Linhares disse:

    “Em resumo, precisamos aprender a ver o mundo com nossos próprios novos filtros e, portanto, olhos”.

    È o que você falou ontem, é óbvio, como não se vê algo tão claro. Mas, às vezes o óbvio é o mais complicado. Analisando o ponto de criar novos filtros, filtros gerados por nós e não impostos por alguma mídia, o twitter, facebook e outros ajudam no processo. Ou seja, é a tecnologia ajudando a filtrar o que julgamos importante.

    Falo por mim mesma, na época da faculdade eu tinha sede de conhecimento. Assinava todas as newsletter possíveis e imagináveis sobre um gama de assuntos. Hoje em dia, quando comecei a perceber que não lia nem um porcento de tudo, me descadastrei e sigo uma meia dúzia. É uma consiciência inconsciente de que o filtro é necessário, não?

    Acho que aos poucos a sociedade de forma geral vai começar a ser mais rigorosa com os filtros, pq senão, existirão surtos por excesso de conteúdo!

    beijos, Júlia

  4. […] Desfiltrados buzzvolume_url = "http://nepo.com.br/2011/03/30/os-melhores-posts-deste-blog-em-2011/";buzzvolume_title = "Os melhores posts deste blog em 2011";buzzvolume_style = "compact";buzzvolume_source = "cnepomuceno";SHARETHIS.addEntry({ title: "Os melhores posts deste blog em 2011", url: "http://nepo.com.br/2011/03/30/os-melhores-posts-deste-blog-em-2011/" }); […]

  5. Carlos Nepomuceno disse:

    Júlia, você disse:

    “Ou seja, é a tecnologia ajudando a filtrar o que julgamos importante.”

    Eis a base da história do conhecimento humano, através de processos de informação e comunicação.

    Beijos.

  6. […] 1)  a explosão da informação nos coloca em um mundo ainda mais complexo, turvando mais o ambiente. Fomos desfiltrados; […]

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