Não existe nada mais prático do que uma boa teoria – Kurt Lewin – da coleção;
No nosso encontro II em São Paulo, caiu uma ficha interessante.
Temos tido um cuidado cheio de dedos para dizer que vamos fazer um curso mais filosófico, mais teórico, mais embasado, mais quebrador de paradigmas.
Temos que colocar isso em CAIXA ALTA, explicar bem direitinho, pois podemos receber participantes que querem a coisa mastigada, um passo-a-passo, uma lista de ferramentas a serem implantadas.
As pessoas – muitas vezes – querem qualquer passo-a-passo, saber o que deve ser feito, mesmo que esse não seja eficaz.
É quase um vício.
Que tem sentido em um mundo estático, não mutante da pré-revolução da informação.
É preciso deixar claro que ESTAMOS VIVENDO UMA RUPTURA RADICAL NA MANEIRA DE PENSAR O MUNDO POR CAUSA DA REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO.
Ou se passa a onda, sai da rebentação, ou vamos ficar perdidos em máquina de lavar roupa.
Precisamos construir uma nova teoria sobre o forte papel da informação como fator de mudanças históricas.
Se não for assim, o passo-a-passo pode virar um tropeça-tropeça. 🙂
Existe na sociedade um preconceito sobre teorias e isso se deve a meu ver, em função da academia, que resolveu, diante da crise estrutural que vive, criar teorias irrelevantes.
Resolvemos achar que teorias irrelevantes são sinônimo de teoria (qualquer uma), mas não são.
Sem teoria adequada não há prática adequada e vice-versa, meu!
Note bem que não podemos confundir teorias irrelevantes (que a academia vem produzindo aos borbotões) daquelas que são relevantes e fundamentais para melhorar nossa prática.
É preciso entender que o ser humano trabalha sempre em duas dimensões.
- Cria uma percepção do real, um modelo teórico, consciente, ou não;
- E testa essa percepção com sua vida, tato, experiência, reações que a sociedade lhe traz.
Nessa percepção (baseada em teorias) e prática (o que fazemos) vamos criando e moldando nossa vida, ações, projetos, estratégias, empresas, etc.
Ou seja, a teoria e a prática são dois lados da mesma moeda, não faz sentido pensar uma sem a outra.
Obviamente, quando temos assuntos consolidados, do tipo: como implantar um software, ou realizar uma newsletter, etc…pode-se pensar em um tipo de curso mais passador de conhecimento, mas será que vale a pena fazê-lo presencialmente?
Os cursos práticos tendem a serem feitos cada vez mais a distância, via videos, interações online, pois são apenas para colher as dicas e repeti-las.
Não faz muito sentido juntar gente, custo, tempo, etc para as pessoas se encontrarem para decorar coisas.
Esse tipo de encontro está ficando cada vez mais anacrônico.
Por outro lado, temos que evitar que nossas práticas pós-revolução da informação sigam teorias capengas, pouco articuladas, ineficazes.
Depois de muito discutir e ministrar cursos e palestras diria mais.
Qualquer cursos/debate/palestra que fale sobre resolver problemas do mundo 2.0 que não passe por uma reflexão teórica de mudança de paradigma da nossa maneira de pensar NÃO SERÁ EFICAZ SERÁ DINHEIRO JOGADO FORA!
Não se trata de uma opção de abordagem, mas a única possível hoje em dia, quando todas as organizações estão tentando implantar seus conceitos de controle informacional passado na mídia nova ao pensar em projetos 2.0.
Querem receita de bolo para vender pudim!
Isso obviamente não vai emplacar.
Não é para lá que o mundo 2.0 está indo e você vai gastar dinheiro e tempo indo para o lado oposto para onde consumidores estão se dirigindo.
É necessário passar por um car wash cognitivo para sair do outro lado pensando de uma outra maneira.
E isso tem ficado cada vez mais claro.
Se não tiveres uma boa teoria eficaz por detrás – não vai dar em nada.
Vai se gastar muito dinheiro e terás, mais dia menos dia, que sentar e rever paradigmas.
Quem tem dito isso, aliás, têm sido meus alunos, que me falam como deram um salto teórico com mais embasamento.
E, por incrível que pareça, como isso os têm ajudado a resolver seus problemas pontuais.
Por causa disso, eu complementaria a frase do Kurt Levin da seguinte maneira:
Não existe nada mais prático do que uma boa teoria e nada mais teórico do que uma boa prática.
Ao lidar com projetos 2.0, procure cursos que permitam ver o outro lado do túnel, pois sem isso pode ser bastante ineficaz.
Que dizes?