Num mundo de excesso de informação e conhecimento, fará a diferença quem entender a nova lógica, que possa realinhar a informação e o conhecimento para gerar valor – Nepô – da minha coleção de frases;
Como as empresas definem suas estratégias de longo prazo?
- Cenários;
- Como os cenários afetam meus negócios;
- Como ajustar meus modelos de negócio aos novos cenários;
- E, por fim, como ajustar os processos aos novos modelos de negócios.
Existe, entretanto, agora um dado novo, curioso que não existe em nenhum livro de administração.
Os cenários eram feitos, a partir de uma lógica razoavelmente imutável.
O modelo teórico que tínhamos da sociedade, principalmente no capitalismo, está em cheque, em função da Internet.
Não existia a possibilidade de uma mudança de mídia afetar tanto os negócios.
E daí, afeta, e agora?
Se muda-se tanto por fatores não explicados, temos que rever o modelo, pois estamos vivendo uma época de rupturas de uma natureza maior, o que leva as empresas a rever o pano de fundo, um fato diferente do que estamos acostumados.
Ou se faz isso, ou cada uma delas ficará na areia movediça!
O que antes achávamos que era montanha, é um vulcão, que se mexe e entra em erupção!!!
É preciso, assim, compreender uma nova lógica.
Para isso, temos que nos remeter ao que ocorreu na nossa civilização há 550 anos com a passagem do feudalismo para o capitalismo, alavancada pela rede do livro impresso.
Criou-se ali também uma nova lógica, na qual os cidadãos passaram a trocar ideias de uma nova maneira, através dos livros e isso mudou o mundo.
(Veja bem o que mudou o mundo não foi o livro, mas o uso que fizemos dele.)
Thomas Kuhn no seu livro maravilhoso, “As Revoluções Científicas” define que o que fica para trás após uma nova descoberta, perde completamente o valor, pois passa-se a trabalhar com uma nova lógica!
Veja o que diz:
“Assim, o cientista , que procura dar respostas às perguntas partindo das regras ( conceitos, princípios matemáticos, instrumentos etc. ) estabelecidas, perde o apoio quando estas não servem mais como parâmetros. A técnica normal de análise é destruída , na medida em que diferentes versões da mesma teoria coexistem. Este período é detectado como um período de crise que só será resolvido quando uma única visão for aceita e as demais refutadas.”
Estamos vivendo essa crise teórica, pois não conseguimos colocar a Internet em nenhum modelo clássico, nem sociológico, antropológico, dentro da ciência da informação, da comunicação ou da filosofia (conhecimento).
É difícil, ao se pensar estratégia neste cenário incerto, pois antes de qualquer estratégia, deve haver um modelo claro e definido do sistema que estamos vivendo!!!
Assim, compreende-se a necessidade de um esforço para trabalharmos com uma nova lógica.
Isso não está em nenhum manual.
As teorias sobre a Web ainda são ralas, incipientes, o que nos leva a mais dificuldade.
Portanto, é preciso desenvolver um novo modelo teórico que permita introduzir uma lógica 2.0, na qual a co-criação com colaboradores internos, fornecedores e consumidores faça sentido.
Informação ou conhecimento sem lógica, gera confusão!
Vejam, por exemplo, o caso do Google.
Conseguiu entender, antes da maioria, a lógica da Internet: o poder dos cliques da massa.
Transformou a lógica em produto, um algoritmo que conseguia dar sentido ao mar vasto de informação.
Qual é o valor deles?
A sacada de para onde a banda tocaria, pois eles construíram uma lógica com autoridade (falei mais sobre isso aqui.);
Amazon, Apple com Iphone, Linux, Skype são outro exemplos, que, por trás de tudo, tinham uma lógica exata de ver o mundo, antes de lançar seus novos projetos.
- Não se lançaram ao mundo para depois ter lógica.
- Mas viram a nova lógica e lançaram projetos, o que muda tudo!
Ou seja, algo que ao ser confrontado com a realidade se mostrou factível.
Uma boa lógica, aliada a um bom modelo de negócios e a processo detalhados, rendeu bilhões.
Se existe esforço que as empresas devem fazer neste mundo 2.0, é conseguir a melhor lógica possível.
Qualquer uma e começar a praticá-la e aperfeiçoá-la, a partir do santo remédio chamado realidade.
Se conseguir uma mais consistente, melhor ainda, ganhará mais tempo e dinheiro.
O problema é que todo mundo está perdido hoje tentando ganhar com a informação e o conhecimento, o que era um diferencial do modelo anterior.
Diria até que estamos entrando na sociedade do pós-conhecimento e da pós-informação, na qual o que fará a diferença é a lógica que cada um vai desenvolver de ver o mundo e a sua capacidade de renová-la e transformá-la permanentemente em valor!
Sem isso, é naufrágio, ou seguir os barcos que estão com a lógica melhor lá na frente.
Pegando as sobras.
É isso?
[…] Comments « O valor da nova lógica […]
Nepo é isso aí. O lance é como elaborar essa lógica. Como olhar fora da caixa, perceber e apreender essa realidade diferente. E isso não é novo, é claro, é apenas desconhecido.
Platão descreve bem na sua alegoria da caverna: “Para quem viveu a vida inteira numa caverna, vendo apenas sombras mover-se nas paredes, encontrar-se repetinamente do lado de fora é algo que pode até cegar.”
Reli isso, no Livro Presença hoje e, na hora me conectei com nossas reflexões de ontem.
Estamos todos cegos, mas como você disse: em terra de cego quem tem olho é rei. Vamos em frente!
O que “me irrita”, não, o que “me angustia” principalmente, ainda está mais além. Mesmo com a percepção da nova lógica, como ela se propagará para realmente fazer diferença e agregar valor ao Todo?
Apesar de parecer, a internet não é massificação e disseminação de idéias, a maioria está apenas seguindo a boiada, sem nenhuma reflexão.
Lucia,
essa ideia de Platão, da Caverna, claramente no filme Matrix, é o nosso dilema enquanto espécie: precisamos nos aculturar para viver em sociedade, mas somos escravizados por quem “tomou conta do pedaço”, que nos coloca nessas caixas, via ideologia, através dos canais de comunicação vigentes.
A rede quebra essa lógica, constrói um outro modelo, mas quem vem dominar, já sugere que entremos em outras caixas, assim caminha a humanidade, até quando?
A utopia – como desafio – é procurar criar métodos que nos permitam sempre estar em processo de “desencaixação” permanente….Paulo Freire apontou um caminho nessa direção, apesar de toda a discussão opressor/oprimido bem datada.
(Em Pedagogia do Oprimido, ver o conceito de hospedeiro.)
Se extrapolar para o mito da caverna e imaginar que alguém tem interesse em que estejamos na caverna, já faz mais sentido.
Você diz:
“O que “me irrita”, não, o que “me angustia” principalmente, ainda está mais além. Mesmo com a percepção da nova lógica, como ela se propagará para realmente fazer diferença e agregar valor ao Todo?”
Bom, acho que cada um tem o seu papel…e sua capacidade de contribuição…se já pudermos nós darmos um passo adiante e ver como cada um poderia expandir a capacidade cognitiva e como isso possa ser passado à sua volta, é um grande passo…
Gosto muito da oração da serenidade do AA (que chamam de oração, mas se trata de uma filosofia do livre arbítrio, da luta contra a onipotência e de uma postura diante do mundo:
“…Conceda-me Serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar as coisas que eu possa, e sabedoria para que eu saiba a diferença”.
Você ainda disse:
“Apesar de parecer, a internet não é massificação e disseminação de idéias, a maioria está apenas seguindo a boiada, sem nenhuma reflexão.”
Na verdade, a Internet cria uma nova caixa, na qual todos nós entramos de cabeça, a caixa 2.0, defendemos sem saber essa nova “tecno-ideologia”, ou “a redenção pelo conhecimento”…acreditando que a mudança do planeta e das pessoas, se dará no piloto automático…
Tudo que fizermos baseado no piloto automático, sem a “Presença”, que o próprio nome do livro do Senge sugere, nos levará a estar cada vez mais na caixa.
A saída da caixa, portanto, é estar presente, vivendo o hoje, sem passado e sem futuro, no qual as pessoas, atividades, planeta, não sejam uma função para se chegar a determinado fim, mas um equilíbrio ponderado e sábio, entre o fim, recursos, relações, etc que é importante para sobrevivermos, mas sem deixar que o como não seja levado em muita conta.
Difícil?
Super, mas é uma meta a ser perseguida.
Talvez uma contra-ideologia permanente…
Bejios, valeu a visita,
Que dizes?
Nepô.
[…] conclusão do primeiro dia, coerente com o post de hoje, concluímos que é […]
Bom, só em estarmos tentando sair da caixa, já é um passo decisivo, não?
Enfim consegui assimilar (e agora defender muito a idéia) o seu conceito de que o conhecimento é um processo e não um substantivo (Nem mesmo abstrato), e percebo que é um processo sem fim, não acaba nunca. Que bom né? Principalmente quando pensamos em auto-conhecimento.
A saída da caixa é a mesma coisa, um processo sem fim, saimos de uma, percebemos nova realidade, mudamos ou não alguma coisa no nosso ambiente, distraímos e zaz! Já estamos em outra caixa novamente e aí começa tudo de novo… Será que existe algo que não seja cíclico?
Lucia,
falando na caixa, hoje estava no ônibus lendo o livro do Marcelo Gleiser “Criação Imperfeita”, que recomendo pra quem gosta da discussão: Deus / Ciência / Criação do Universo / cientista/ o limite da ciência o seguinte trecho:
“Somos como um peixe que vive aprisionado num aquário; mesmo que o nosso “aquário” cresça sempre (pois é isso que ocorre com o corpo do conhecimento humano), tal como o peixe, nunca poderemos sair dele e explorar a totalidade do que existe. Haverá sempre um “lado de fora”, além do que podemos explorar.”
Essa imagem do aquário é melhor do que da caixa, pois dá a impressão de expansão e de limites, mas sempre balizado pelas condições específicas da maneira que vemos o mundo.
Nossa visão depende de várias condições: capacidade cognitiva, condição social, ambiental, etc…
Ou seja, é na capacidade de ampliar nossa visão que vamos tendo mais oxigênio.
O que eu acrescentaria, enquanto peixe, 🙂 é de que não é só com a expansão da cognição que temos mais ar, mas na capacidade cotidiana de nos relacionarmos com a água, sabendo que existe uma relação aí.
Eu estou na água, porém não sou a água.
O que nos permite nos separar e ter mais facilidade de expandir o aquário, pois conseguimos de forma mais fácil “não nos deixar cair na tentação” 🙂 da vaidade, da mesquinharia e achar que alguém ao criticar nossas ideias – aquário – está falando da gente, o que dificulta tremendamente a expansão do aquário.
Vamos em frente,
valeu a visita
Nepô.
Nepo,
Expansão dos limites ou transformação da forma com que vemos o meio? Tenho a impressão que não é apenas conhecer um novo mas também um olhar diferente do que já “conhecíamos” Como diz Maturana, a respeito do ato de conhecer, “o observador faz surgir um mundo em sua própria ação de distinção” . No livro Presença inicia com a semente dando a idéia de um futuro já projetado a ser desfrutado, fica aqui a pergunta: Na época de Lutero a web 2.0 já existia ou nós a criamos neste intervalo?
Formanski, você tocou em um ponto ótimo.
O aquário sugerido pelo Gleiser seria uma delimitação do conhecimento humano sobre a natureza e a sociedade.
Seria os limites dos esforços feitos até aqui pelos nossos antepassados, registrados em documentos.
O que é comprovado ou validado por um conjunto de cientistas, é ciência;
O que é baseado em dogmas, a partir da comunicação de Deus com um antepassado, há muito tempo atrás, é religião;
As fronteiras da Ciência, no geral e em cada área, hoje se expandem cada vez mais rápido.
A cada novo texto, ou sacação, estaríamos ampliando estes limites.
Seria a demarcação de tudo que já pensamos sobre o mundo e conseguimos experimentar e comprovar, fruto da Ciência.
Isso que você aponta “um novo mas também um olhar diferente do que já “conhecíamos”
seria melhor aplicado aquela imagem da caixa.
Imaginemos que nesse aquário de conhecimento adquirido fôssemos jogados lá dentro com nossas caixas de vidro.
E achássemos que todo o aquário era a nossa própria caixa.
Assim, deve haver, a meu ver, alguns movimentos:
1- perceber que estamos dentro de uma caixa de vidro, dentro do aquário geral. É o chamado primeiro passo dentro do AA, por exemplo;
2 – o quão limitada é nossa caixa de vidro dentro do geral, ou seja, há a possibilidade de uma expansão individual, no reconhecimento e na relação com a caixa coletiva;
3- estabelecer uma relação com nossa caixa de vidro (nós não somos nossa caixa, conhecimento não é substantivo, é verbo, por isso em movimento), o primeiro passo para a expansão maior, pois deixamos de dizer que isso é assim, pois eu acho, para isso está assim, até que eu consiga superar o senso comum, confrontar com ideias de outros autores e, junto com eles, ampliar os meus limites e, em alguns casos geniais, do aquário coletivo;
4- e olhando como você lembra Maturana “o observador faz surgir um mundo em sua própria ação de distinção” é possível começar um caminho de descoberta, reforçando o que já existe naquele aquário geral, o da Ciência, e, quem sabe, o expandindo.
Note que os conceitos do aquário e da caixa de vidro também são formulações sujeitas à mudança de percepção, a partir de novas visões, quem sabe nós somos quatro ou cinco? E temos milhares de aquários em paralelo? É ir trabalhando com isso.
Por ora, ainda estou por aqui. 😉
A sua outra pergunta…
“Na época de Lutero a web 2.0 já existia ou nós a criamos neste intervalo?”
…vai ser bem respondida na sequência do grupo de estudos, mas vamos adiantar algumas coisas:
Ao desenvolver um método de análise sistêmico, veremos que há na sociedade os elementos:
– mídia de divulgação de ideias é um destes elementos que exerce um determinado papel;
– estas mídias avançam na sociedade. Quando dão um salto, uma ruptura radical, como foi agora, resolveu-se dar o status de 2.0;
Assim, em qualquer sociedade haverá esse elemento sistêmico “mídia (ou conjunto de mídias) de divulgação de ideias”, basta procurar para achar, que cumpre alguns papéis, entre eles:
– reforçar a ideologia vigente para manter o “status quo;
– permitir uma inovação moderada para superar algumas crises, desde que não rompa muito o “modus-operandi” e, portanto, o status quo;
– ou ser usada como “contra-status-quo” por alguém que quer mudar o “status quo” vigente.
Por fim, Web 2.0 não é algo, mas uma demarcação de mudança.
É, portanto, uma comparação entre a mídia “a” para a mídia “b”.
Lutero estava entre aqueles que queria mudar o status quo, usando a nova forma da escrita: o livro impresso, panfletos, jornais, etc.
Sugiro ver o filme no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=5Dn33_2IGrY
Assim, eu colocaria da seguinte maneira a sua frase:
Lutero era um revolucionário, que visava questionar a forma como se via a religião na sociedade, através de uma nova bíblia traduzida para a língua corrente, que percebeu o poder da Escrita 2.0 (livro impresso, um salto diante do livro manuscrito). Porém, ele não visava uma mudança radical da sociedade, por exemplo, não questionou a monarquia, muito menos o poder dos novos pastores que surgiram, nem deixou de pregar as pessoas em novas caixas luteranas.
Ou seja, ele tirou o pessoal do “aquarío a” para o “aquário b”, criando o aquário religioso 2.0 . 😉
Porém, mantendo as pessoas presas as suas próprias caixas de vidro, sem a possibilidade de percepção dos limites da caixa.
Ao termos um modelo sistêmico, verás que tudo pode se encaixar melhor.
Espero que tenha respondido,
me diga,
valeu a visita
Nepô.
Nepo,
Sabemos que em alguns aspectos as civilizações anteriores já foram mais desenvolvidas que a nossa, em algum momento este conhecimento se perdeu, mas existe. A pergunta é : A humanidade cria algo novo ou apenas se recorda? Será que começamos, lá nos primórdios, com um Modelo Teórico do Sistema bem impreciso e agora a gente vem aperfeiçoando este modelo, sendo que a realidade sempre foi a mesma, nós é que ainda não conhecemos o suficiente para perceber?
Formanski,
“Sabemos que em alguns aspectos as civilizações anteriores já foram mais desenvolvidas que a nossa”.
É preciso detalhar o que entendemos por desenvolvida;
E o que seria o mais ou o menos? Em que aspecto?
Pois isso pode nos remeter a valores morais.
A tribo x poderia ser mais naquilo ou nisso, mas podiam sacrificar vidas humanas em rituais.
E que critério vamos usar?
Eu acredito que existem civilizações adequadas e inadequadas do ponto de vista produtivo.
Hoje, nossa civilização é inadequada para atender à demanda de 7 bilhões de pessoas, por isso terá que se adequar. Isso é uma necessidade básica, o que podemos chamar, de negócio, de mercado…de sobrevivência.
Isso não envolve em nenhum momento aspectos éticos ou morais.
Por isso, que acho que nem o conhecimento, nem a tecnologia, nem o piloto automático nos levará a uma civilização mais humana.
Podemos dizer que existem termômetros, digamos, que podemos definir como valores humanos e da relação do homem com a natureza, que, independente da adequação prática, pode estar baixo ou alto.
Ou seja, uma sociedade que respeita as pessoas, seus visitantes, a natureza, os animais, teria um termômetro humano mais alto e outras que não respeitam, mais baixo, a partir de uma determinada filosofia.
O ideal é alinhar este termômetro de respeito ao ambiente em torno à adequação produtiva, é o que se tenta hoje com a tal “sustentabilidade”.
Um equilíbrio difícil, que nos obrigaria a ter outras formas de pensar sobre quem somos e o que queremos para o mundo.
Note que hoje esse termômetro não existe e nem está na força motriz das forças produtivas.
Estará?
“A humanidade cria algo novo ou apenas se recorda? “
Acredito que para criar algo novo, é preciso recordar. E quem não se recorda dificilmente vai criar algo novo, pois nem sabe quais as fronteiras existem, o que está ainda por descobrir.
Quais são os dilemas em aberto para que ele possa se debruçar?
É preciso muito estudo para se chegar na ponta.
Sim, hoje temos descobertas totalmente novas, a partir da recordação, que é, no fundo, a leitura de registros, em documentos, escritos por quem já passou.
“A realidade sempre foi a mesma, nós é que ainda não conhecemos o suficiente para perceber?”.
Essa é uma ótima discussão filosófica.
Tem gente que acha que existe uma verdade única.
E tem gente que acha que nunca chegaremos lá, que sempre haverá o lado de fora do aquário e tudo é provisório.
A ideia do Aquário é do Gleiser.
Recomendo, nesta linha, o livro:
Marcelo Gleiser “Criação Imperfeita”
Um cara que ajuda também é o Thomas Kuhn “As Revoluções Científicas”, que lembra que a Ciência não é feita de evoluções, mas de rupturas. E o que descobrimos hoje, em parte, elimina tudo que pensávamos anteriormente.
O aquário é um, amanhã podemos ter outra noção dele mesmo.
Ele muda?
Não, apenas nossa percepção.
Mas como nunca poderemos chegar ao todo, trabalhamos com a visão parcial do aquário, a partir dos recursos que temos hoje.
Assim, é um jogo dialético.
Sempre será um processo, pois sempre haverá o que descobrir.
Podemos ainda trabalhar em realidades diferentes, descobrir, como viagem total, que cada pessoa, tem um tipo de cognição específica que nunca conseguirá chegar ao que o outro chegou?
E aí?
Mentes abertas, apena isso, nos leva adiante.
Porém, há “conceitos bases” – que definem um modo de pensar de uma época, como foi o da “a Terra é o centro do Universo”.
Quando mudou esse conceito, podíamos não estar mais sozinhos, Deus teria criado outras Terras? etc..ou seja, abre-se um conjunto de perguntas, de uma caixa que estava fechada.
E nos leva a uma ruptura e a um novo patamar.
Imagina se um cientista consegue uma máquina que fale com espíritos e que realmente seja comprovado que exista um possível mundo de almas e uma vida após a morte?
(Os estudos espíritas que o Fábio se referiu no nosso último encontro.)
Muita coisa mudaria, inclusive, essa tara pelas religiões, as pessoas se sentiriam mais livres, pois poderia se saber mais sobre o mundo pós-morte.
Ou seja, não acredito que exista, pois nada comprovou isso, mas não quer dizer que não possa existir.
Sou cético, mas não fechado para ler, me informar, ouvir, dialogar.
Porém, quero algo mais concreto do que um filme na tevê, por exemplo.
Ou se descobrirmos que existe um mundo paralelo e tivermos uma máquina na qual poderíamos ir para trás e para frente no tempo?
Ou que provássemos que o universo é uma célula dentro de um gigante, que é uma célula dentro de outro gigante, que está dentro do nosso corpo, em uma espécie de cubos, dentro de cubos, e fora de cubos?
Portanto, não acredito numa verdade a ser descoberta, mas na nossa (in) capacidade de criar medições para nos aproximarmos das verdades provisórias.
É o nosso limite.
E um parâmetro para podermos ir tocando a vida.
O que nos leva ao qual é o nosso papel no mundo e como podemos desempenhá-lo de tal forma a bem viver (com serenidade e respeito ao próximo) e ajudar aos outros contemporâneos e futuros contemporâneos nessa mesma estrada?
Respondeu?
Diga aí…
Abraços,
Nepô.
Ai Nepo. Esse seu último comentário é assunto para todos os encontros do Grupo de Estudo e ainda faltaria tempo…
Hoje vim pensando na transformação da caixa em aquário e metaforicamente prefiro pensar na caixa. Por que? A caixa me dá sensação de claustrofobia e com certeza, em qualquer circunstância eu faria tudo para sair dela. Já o aquário, apesar da limitação, é um ambiente bem mais agrádavel. Creio que teria muitos momentos de indecisão, em pular para o desconhecido ou me manter no ambiente confortável. Lembrou-me a estória do sapo cozido. Creio que num aquário, seria necessário um aquecimento (global?), algo muito drástico, que me fizesse pular fora, entende?
E ampliando o pensamento, provavelmente é assim que a maioria das pessoas pensam: para que me arriscar se estou confortável com essa visão de mundo?
Agora, se esse aquário ficar superlotado com 7 milhões de pessoas, não há dúvidas, que alguma transformação vai ter que acontecer, porque a nossa percepção de conforto acabará.
Lucia, engraçado..fiquei com a mesma sensação.
Mas tem algo que gosto, pois o aquário é mais real, pois é mais ilusório, a vida é muito ilusória.
A caixa é radical.
Que tal caixas de vidro, sujas, no aquário?
Que vamos limpando e quanto mais limpamos mais conseguimos ver do lado de fora?
Ampliando a dimensão da nossa caixa de vidro suja?
O interessante que fiquei viajando é que sempre estaremos “datados” no nível de limpeza, posição que estamos no aquário geral e com que outras caixas de vidros sujas conseguimos interagir.
Hoje, com as condições de tempo e temperatura, ou seja, com tudo que li, ouvi, e na minha capacidade cognitiva de apreender, posso dizer que minha caixa de vidro suja, está conseguindo ver tantos metros em torno.
Isso não só cria um sentido mais próximo do que é nossa luta para compreender o ambiente, como também, dá ao outro a possibilidade de juntos, ajudar a ir limpando o limo, pois é uma luta coletiva e não individual, de mútuo-ajuda.
Que dizes?
Bjs,
PS – sim, o assunto dá pano para uma mangueira inteira.;)
Sim Nepo,
Sinto que temos infinitas possibilidades, depende do nosso querer. Pergunto: É natural o aumento populacional? ou tem a possibilidade de uma estabilização e até decréscimo? Veja, a nossa Lógica está baseada em um desconforto (escassez) causado pelo aumento da população, o que exige um rearranjo social e se a população se estabilizar ou diminuir ? Preciso identificar estes interruptores para entender a lógica de funcionamento da Luz social.
Formanski, estamos analisando dados do passado:
1960 – 3 bilhões;
2010 – 7 bilhões.
2054- 9 bilhões;
(Dados: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4d/Worldpopulationgrowth-billions.jpg)
Crise!
Veja que as taxas de crescimento são constantes e sempre para cima, desde o ano 1.000:
1000 310 000
1750 791 000
1800 978 000
1850 1 262 000
1900 1 650 000
1950 2 518 629
1955 2 755 823
1960 3 021 475
1965 3 334 874
1970 3 692 492
1975 4 068 109
1980 4 434 682
1985 4 830 979
1990 5 263 593
1995 5 674 380
2000 6 070 581
2005 6 453 628
Alguma coisa isso quer dizer para a nossa sociedade, não?
Me diga,
Nepô.
Nepo,
Adorei caixas de vidro sujas. Inclusive porque a sujeira descreve bem a questão temporal. Tudo que a gente limpa, acaba sujando de novo, certo? Limpamos a casa (caixa) , fica tudo branquinho e perfumado (as novas idéias ficam claras) e depois chegam mais sujeiras (variáveis) que nos fazem ter que limpar tudo novamente! Usávamos a vassoura (modelo teórico) e substituímos pelo aspirador de pó (novo modelo teórico) e de acordo com a nova sujeira (nova variável), com certeza iremos substituir por outro artefato de limpeza e assim sucessivamente… Novamente o ciclo. Existe alguma coisa na vida que não seja cíclica?
Formanski,
Prever se a população vai aumentar, decrescer, estabilizar, acho “viagem” demais. Agora, em qualquer situação, deveria ocorrer um novo rearranjo social e com certeza diferentes interruptores seriam acionados, concorda?
O que está ocorrendo, na minha opinião, é que o rearranjo atualmente não está sendo planejado. E isso se dá, por conta da velocidade da necessidade, que faz com que poucas pessoas consigam enxergar claramente as sujeiras das suas caixas de vidro, para definir qual a melhor estratégia a adotar.
Lucia,
esse lance da limpeza cíclica é interessante, mas acho que se dá em dois níveis.
Por exemplo, depois que montei esse modelo teórico de compreender a rede, acho que não tem volta, posso amadurecer, acrescentar coisas, mudar alguns pontos, mas é algo marcante, uma ruptura. Diria que é uma mudança de percepção. Essas, como diz aquele livro, “O Lado oculto da mudança” não teria volta.
Vou sempre ver a rede desse ponto de vista para lá….aquele Nepô que via de outro jeito antes já não está aqui, pois avancei….incorporei novos autores, experiências, diálogos, etc…
Ou seja, na metáfora, seria uma ampliação do espaço da caixa de vidro do aquário, ou a ida para outra parte do aquário, para o lado, para o alto, sei lá.
Que vai me levar para outra coisa, mas não para aquele ponto lá
detrás, neste caso houve uma ruptura. Não se voltaria para o ponto anterior, em algo tão marcante.
Einstein não voltaria a ver o mundo sem a relatividade, por exemplo, dando as devidas proporções nos dois exemplos.
É uma mudança de paradigma.
Entretanto, o que vejo como algo cotidiano, vai por outro lado.
É preciso uma limpeza diária na nossa relação com a própria caixa de vidro. Às vezes, nos perdemos e não temos mais noção da caixa….e ligamos de novo o piloto automático…como, por exemplo, depois que se chegou a um novo paradigma, sentar em cima dele e não querer mais avançar.
Talvez explique o fato de pessoas criativas que param em uma música, em um livro e não avançam mais, afetados por algo que descobriram, foram saudados.
Nisso está a nossa relação sempre atenta com nosso próprio ego, piloto automático, caixa, caixa de vidro, ou o nome que quisermos dar.
É isso, que dizes?
Sobre seu comentário para o Formanski:
“O que está ocorrendo, na minha opinião, é que o rearranjo atualmente não está sendo planejado. ”
Sim, no modelo que cheguei esse rearranjo precisa de uma nova mídia sem controle para que novos líderes cheguem e toquem o rearranjo, que será o desdobramento de nosso papo na segunda.
adelante,
beijos
Nepô.
Sim, era isso que queria dizer. Não que se vai voltar ao mesmo ponto ou a mesma sujeira. Com certeza o conhecimento não vai andar para trás, apenas mudar de forma. Concordo, em gênero, número e grau.
Curiosa por segunda.
Abs
Curiosidade, mata.;)
Nepo,
Salvo engano, a taxa vem diminuindo, sujeito a população continuar crescendo mas não com a mesma velocidade, de qualquer maneira tem a possibilidade disso aqui virar um formigueiro, nesta época já estaremos comendo ração e as relações sociais serão bem mais intensas.
Formanski, vem diminuindo, mas estamos morrendo mais tarde.
Hoje o Valor publicou que as seguradoras, a despeito do IBGE que prevê a expectativa de vida do brasileiro em 75, saltam para 82.
Podemos diminuir na entrada, mas estamos ficando mais tempo para promover a saída…o que também tem impacto.
É mais gente – ao mesmo tempo.
De qualquer forma, o fator população já empurrou a Internet para frente, se vamos ter que ter algo pós-internet, não sei.
Veja os dados mais acima do Wkipedia.
(Dados: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4d/Worldpopulationgrowth-billions.jpg)
abraços,
Nepô.
Bom,
na continuidade de compreender não compreender o momento histórico, veja que a Apple ainda não incorporou totalmente a ideia.
Na lógica, a Apple que conseguiu criar uma rede de desenvolvedores para o Iphone, não repetiu o sucesso com o Ipad.
Veja artigo do WSJ (português):
http://online.wsj.com/article/SB126895074489964249.html?mod=WSJP_empresas_LeadStory
abraços,
Nepô.
[…] O Valor da Nova Lógica, post de Carlos Nepomuceno Filed under: Uncategorized Leave a comment Comments (0) Trackbacks (0) ( subscribe to comments on this post ) […]
[…] Vi no excelente blog do nosso amigo Nepôsts – Rascunhos Compartilhados […]
[…] (Teve um debate interessante sobre isso aqui.) […]
[…] (Teve um debate interessante sobre isso aqui.) […]
Pessoal,
eis aqui um exemplo da nova lógica:
“Zooppa, onde o usuário cria anúncio, retorna
Zooppa (…) O site coloca no ar o “briefing” (informações sobre o que o anunciante pretende divulgar) e realiza um concurso com os membros de sua comunidade – que tem 60 mil pessoas, dos quais 6 mil brasileiros, em geral com alguma ligação com a área publicitária. Os melhores trabalhos recebem prêmios em dinheiro e a empresa patrocinadora pode usar as peças em ações de marketing.
http://www.agenciasebrae.com.br/noticia.kmf?canal=36&cod=9701786“
Outro bom exemplo, já ligado ao teatro:
“Serviço on-line leva teatro à sala de estar
Se você nunca imaginou assistir a uma peça de teatro sentado no sofá da sua sala, saiba que isso já é possível via internet. No sábado, entra no ar o site Cennarium.com. Comprando créditos, o internauta terá acesso, inicialmente, a produções feitas no eixo Rio-São Paulo. “Esperamos ampliar o serviço para todo o Brasil em pouco tempo”, diz Roberto de Lima, diretor da empresa. Em sua estreia, o Cennarium contará com 25 peças. De acordo com Lima, a expectativa é ter de duas a quatro estreias por semana”.
http://www.fenacon.org.br/pressclipping/noticiaexterna/ver_noticia_externa.php?xid=3133
Olá
Creio que a internet deva ocupar um espaço dela e só dela. Não me agrada assistir a uma peça sentado no sofá, pois o teatro deve me permitir a comodidade de um teatro. Vou até ele e desfruto lá do espaço que o teatro me permite. Sabemos que a internet não substitui nada, embora mude algumas coisas. Pensando assim, não vejo utilidade nesse tipo de serviço. Quero internet em qualquer lugar, inclusive no teatro, mas não quero teatro na minha casa.
saudações
Oi Nepô,
Aí entra “em cena” outra questão – dá pra dizer que ainda será teatro? Pq são duas linguagens diferentes. Antigamente havia o teleteatro que era um sucesso, mas não era nem teatro nem televisão. Então me parece que o que veríamos não seria o teatro na tv, mas uma outra linguagem, um misto das duas. Porque o fato é que nada é igual a experiência de estar na platéia de um teatro. Assim como nada é igual a estar no escurinho do cinema. Outra coisa é ver filme na tv ou peça na tv, mesmo que num hometheater. Concorda?
(Desculpe, acho que sai totalmente do tópico do post…)
bjs
Bia e Maurício,
tenho um post que falo sobre sombra e luz:
http://nepo.com.br/2009/10/28/luz-sombra-informacao/
Nele, tento defender que qualquer iniciativa na rede, ou fora dela, deve tentar ocupar um espaço vazio.
A pergunta que devemos fazer é.
Hoje, vamos tanto ao teatro como gostaríamos?
Caso não, por que?
Se tiver uma peça que gostaria de ver e não pudesse, por alguns motivos, em casa, eu veria?
E os filmes que adoraria ver no cinema e acabo, por falta de opção, vendo em DVD?
Acredito que não devemos nestes casos termos uma visão “substituidora”, mas complementadora.
Há mil exemplos de pessoas que não podem ir ou gostariam, mas que vão, pelo menos, ver algo que não é exatamente igual em casa.
Lembro que um cinema começou a passar óperas de NY.
Ou seja, como um jogo de luz e sombra, há espaço para essa iniciativa, vejo um canal.
Vamos perder algo?
Sim, mas ganhar por outro, até por que, passamos a registrar na Web as peças, um registro que até hoje não foi feito.
Poderemos ver no futuro atores em espetáculos, como fazemos com o filme.
É a mesma coisa?
Acredito que não, mas se fosse assim, eu queria o Rio de Janeiro sem nenhuma grade nos prédios.
Mas no jogo de luz e sombra, a sombra foi necessária.
Que dizem?
Oi Nepô,
Minha questão era mais no sentido de que não seria o mesmo que o teatro, seria uma outra coisa, porém também válida. Quis refletir sobre a linguagem em si e não criticar a iniciativa.
Mas confesso que, a princípio, a ideia de assistir uma peça na tv não me atrai muito não. Pois, como disse no meu comentário, pra mim nada é igual a estar lá na platéia assistindo ao espetáculo.
No entanto, com os filmes, eu mesmo já faço essa divisão. Alguns merecem ser vistos no cinema, até exigem isso. Outros, nem tão bons, eu um dia posso ver em DVD.
Talvez a ideia fique por aí. Não tão bom quanto, mas tem o seu lugar.
Já passam ópera no cinema aqui também. Sempre vejo os anúncios, mas nunca fui, porque ópera não faz muito a minha cabeça…
bj
Bia
Bia,
dei uma generalizada.
Acredito também que o teatro é algo que exige presença.
Mas imagino milhares de pessoas, gente mais velha, sem tempo, etc que poderia pegar uma parte da coisa pela Web.
Gosto do termo inevolução, sempre se perde e ganha algo.
beijos
Nepô.
Para quem acha que o papo aqui de capitalismo 2.0 é papo de hacker:
http://bit.ly/bd7wd5, ver o resultado do encontro do Ethos.
Olá, boa tarde a todos.
Excelente a discussão, independente da polêmica…
Considero válida sim a iniciativa (não considero a melhor saída necessariamente), visto que há muito precisamos quebrar as amarras impostas pela caixa preta.. concordo com alguns relatos acima que pontuam que o teatro visto pela internet ou vídeo não é a mesma coisa, mas uma forma de veículação não precisa necessariamente eliminar a outra…
O problema de falta de público nos teatros já é antigo e muito discutido, inclusive de forma brilhante por Karl Valentim em seu texto “Por que os teatros estão vazios?”…
Precisamos atentar ao cenário atual… o universo digital está ai, imposto e não temos como freá-lo… basta nos adequarmos e sobrevivermos… se a internet ou outra via for uma das possibilidades para re-inventar ou projetar nossa arte milenar para grandes massas, por que não a utilzarmos?
Enquanto mantivermos nossa preocupação em proteger as artes cênicas de outras midias e veículos que ai estão dia-a-dia brigando pela atenção do mesmo público, de um mesmo cliente, só perderemos terreno.. precisamos sim, usar isso a nosso favor, não somente para vender ingressos ou divulgar espetáculos, como ocorre na maioria das iniciativas hoje..
Somos o contraponto da barbárie social e alienação que as pessoas são submetidas diariamente, por isso precisamos de vazão e a grande rede já se mostrou muito eficiente neste sentido..
Abraços e espero ter contribuído..
Johnny Goia
Ator, diretor, dramaturgo e músico…