Bom, seguindo a série de reflexões sobre blogs….
Moreno, quando defendeu a sua tese de mestrado sobre o assunto na nossa Escola , em março, (ainda não publicou na Web), disse que um blog pode ser de dois tipos de abordagens:
- Eu acho
- Eu vi
O “Eu vi” é daquele tipo de dicas. “Vi, gostei, bloguei”.
O “Eu acho” é opinativo. “Vi, humm, pensei, bloguei”.
Não quer dizer que não existam misturebas entre os dois estilos.
(O meu, por exemplo, faz parte do segundo time, pois acho que a minha lanterna vai jogar luz nessa escuridão conceitual, já que de informação e dicas o inferno está cheio.;)
Nessa linha dos blogs do “eu acho”, acredito que existe uma diferença radical entre uma idéia pensada e escrita.
A primeira é uma intuição. Como diz o Raul “um sonho que se sonha só”.
Um pensamento tácito para os que ainda acreditam em Gestão de Conhecimento.
Algo que você guarda e fica ali vagando como um fantasma no sotão.
Ao blogar, aquilo vai ganhando forma, contorno, sendo explicitado, linkando mais coisas na sua cabeça, criando novas maneiras de abordar o problema.
É a criação de uma expressão para algo intangível.
O escrever, assim, é um ato criativo, que, acredito, deve mexer com outros neurônios do cérebro.
É uma ação que consolida e cria um novo tipo de visão, o que não acontece quando apenas você repassa determinada dica.
E aí entra numa teia de registros das suas idéias, o próprio blog, que vai sendo construído ao longo do tempo, como se fosse um modelo próximo – um espelho – mais próximo da maneira que o seu cérebro funciona.
O que era tácito em explícito.
Algo que Vannevar Bush chamou da “Da Forma Com Que Pensamos” (em inglês: As We May Think)
Para ele, era preciso inventar uma máquina informacional que pudesse refletir a maneira como o nosso cérebro de fato funciona:
“A mente opera por associação, e isto torna indexar a informação de forma alfabética ou numérica, ineficiente. O pensamento é mantido em uma teia de conhecimento no cérebro; seria ideal encontrar uma forma de se fazer algo análogo de forma automatizada”.
As ferramentas na Web e, particularmente em um blog, se aproxima disso: rss, nuvem de tags, busca, categorias
Imagino que Leonardo da Vinci já fazia isso no seu laboratório, rabiscando idéias, colocando tudo em papéis, muitos deles que se perderam, foram roubados ou extraviados pelo tempo.
Mas era um ambiente de blog sem a ferramenta.
Só que agora, com os blogs, na rede digital, temos algumas diferenças:
– os alfarrábios são registrados e podem ser acessados pelos demais, não se perdem;
– podem ser aticulados entre si. Quando falo em sabedoria, posso linkar com minhas idéias sobre o tema, sem precisar reexplicar;
– posso apontar outros pensadores que complementam o conjunto da obra;
– e vou avançando, comentando em posts antigos, complementando informações, numa espécie de livro sofisticado, dinâmico, articulado e aberto;
– recuperável por categorias, por tags, por busca, a critério de usuários.
– mais ainda: o RSS me permite sair do ambiente da minha URL e poder ser automaticamente replicado em diversos outros locais, multiplicando a mensagem.
Assim, um blog, como núcleo-semente da rede, é quase o Memex ( a máquina sonhada por Vannevar), permitindo que pensadores possam – como nunca apresentar para a sociedade algo mais perto do que já tivemos da maneira como as idéias fluem e saem do nosso cérebro, como nunca conseguimos antes.
O blog é, assim, como outras tantas possibilidades de explicação, também um mapa mental, um livro hiper mega sofisticado, a espera apenas de um Kindle da vida para facilitar a leitura deitado ou sentado confortavelmente numa poltrona para se massificar e ser uma alternativa real e muito mais próxima da realidade da mente do autor, do que é um livro hoje em dia.
Falta pouco.
Concordas?
[…] que não estou falando daqueles blogs que o Moreno definiu como os do que Eu vi” (aqueles que você indica, mas não comenta). Estamos falando daqueles que […]