A ideia romântica de uma Internet totalmente sem marketing morreu para quem precisa financeiramente dela para viver.
No fundo, o que havia era um marketing primitivo (talvez infantil), no qual se fantasiava que bastava colocar algo interessante e os clientes entrariam pela janela.
O marketing digital evoluiu no mundo e no Brasil e trouxe outro ambiente, que demanda mais maturidade.
Saímos da Internet de vila para uma de cidade grande, que precisa de letreiros, outdoor e panfletos sendo distribuídos nas esquinas.
Não basta ir para praça tocar violão.
As pessoas que precisam ou querem viver da Internet, todas elas, precisam definir o que será dado e o que será pago.
O que é “free” é o que é “show me the money”.
Não é pior nem melhor do que no passado, mas há claramente disputa muito maior pelo espaço e pelos recursos, no qual é preciso muito mais técnicas de venda.
E aí temos um problema.
Geralmente, quem tem mais profundidade e conceitos com soluções mais de longo prazo não é (ou era) muito afeito ao marketing.
E quem é mais afeito ao marketing nem sempre é profundo.
Assim, temos explosão de um tipo de marketing pasteurizado, mais de curto prazo, no qual se vende sempre um tipo de vacina para um certo tipo de dor.
Massificando fornecedores e clientes.
Há uma pasteurização de dores, vacinas, consumidores e fornecedores, como se todos fossem iguais.
Há uma massificação, aonde deveria haver, ao contrário, estímulo à diversidade.
Quando eu procuro a “dor do cliente” para vender, nem sempre me preocupo em saber se a minha “vacina” é algo que resolve ou apenas atenua, ou é placebo.
Nem todo cliente quer placebo.
Vender placebo ou novalginas dá dinheiro, mas não resolve demandas de uma camada de quem compra.
E da mesma maneira que há a dor do cliente há de quem fornece. Todo mundo tem também um propósito na venda
Além da dor, há a procura da felicidade dos dois lados. Não podemos viver num mundo só baseado na solução de dor!
As pessoas podem querer algo mais da vida, além de vender soluções para a dor.
Ou não?
Ainda mais os compradores e vendedores que querem ou precisam por sua subjetividade deixar pegadas.
É preciso sim evitar melancolias, sentimentos nostálgicos em looping que não levam a lugar nenhum.
É preciso criar marketing digital para todos os gostos, pois há demandas dos dois lados.
É mais sofisticado, complexo. É a demanda por um marketing ainda mais complexo.
Talvez, para um público (comprador e vendedor) menor, mais exigente.
O que nos leva ao próprio conceito do marketing: gerar trocas eficazes e satisfatórias para os dois lados, no modelo ganha-ganha.
Não há como, para quem vive do mercado, ignorar ferramentas de marketing digital.
Mas não é possível acreditar que existe um marketing só, pois o mercado é diverso nas dores, nas vacinas, na demanda dos fornecedores e dos consumidores.
Um marketing padrão, massificado e engessado vai na contra-mão da filosofia do próprio marketing.
O grande desafio é justamente conseguir aliar a diversidade das dores com a profundidade das demandas das vacinas.
E pensar na felicidade de quem compra e vende para além das dores.