Todo o avançar político vai depender da qualidade dos conceitos que formos empregando.
Já disse que vivemos hoje em termos políticos no Brasil de rótulos e não de conceitos.
Rótulos demonstram a pobreza do nosso pensamento político.
Só vamos avançar a política quando sairmos dos rótulos, que são pré-conceitos, para conceitos mais consistentes. Todo o avançar político vai depender da qualidade dos conceitos que formos empregando. Conceitos nos ajudam a definir melhor pensamentos e práticas, que são duas coisas diferentes.
Esquerda, direita, conservador, progressista tudo isso são rótulos.
Não aceite um diálogo quando usam estes rótulos, por debaixo deles, com as melhores das intenções não estaremos falando de pessoas, de projetos, de práticas.
Os rótulos são usados justamente para evitar debates mais aprofundados. E acabar enganando as pessoas, que acabam se aproximando de pessoas, ideias e práticas que podem não ser as que realmente gostariam.
A luta política, no fundo, é a batalha por transformar rótulos em conceitos para fazer com que as pessoas tomem decisões mais conscientes e consistentes.
Se queremos aperfeiçoar a prática política, todo o aperfeiçoamento será feito em dois níveis:
- – como pensamos – que é os conceitos, que se refletem em;
- – como agimos – a partir dos conceitos.
Antes de um debate político, é preciso definir como as pessoas pensam sobre as questões.
Existem apenas dois campos possíveis de discussão hoje na América Latina definidora de debates SEM RÓTULOS!
- Capitalistas – aqueles que aceitam o atual sistema econômico e político com mais ou menos críticas e querem aprimorá-lo;
- Comunistas – aqueles que NÃO aceitam o atual sistema econômico e político e querem modificá-lo radicalmente.
Não existe comunista capitalista e nem capitalista comunista.
O neopopulismo tem usado os dois conceitos em momentos e plateias distintas justamente para confundir. O que é preciso é clarear exatamente o que se está falando, quando se ouve “bolivarianismo”, “socialismo do século XXI”, “socialismo radicalmente democrático”. O que é isso tudo exatamente?
São dois projetos distintos de resolver problemas, que são definidos basicamente por:
- – capitalismo – iniciativa privada, propriedade privada, alta alternância de poder;
- – comunismo – iniciativa pública, propriedade pública, baixa alternância de poder.
Não existe socialismo, pois o socialismo é um nome elegante para o comunismo. Não aceite quando alguém se define como socialista. Peça um complemento e mais detalhes. Muitas vezes o socialismo é o nome disfarçado e tímido para social democracia. A pessoa não quer assumir o capitalismo e finge que não é capitalista, apesar de ter um prática e desejar profundamente o capitalismo.
Todo mundo se diz socialista para ficar bem na fita, mas é perversa essa definição, pois é algo que fica no rótulo e não na discussão de fundo.
Assim, o conceito esquerda e direita não cabem.
- Ou é capitalista com várias tonalidades;
- Ou é comunista, com menos tonalidades.
O outro RÓTULO que engana é o de “progressista” e “conservador”.
- Pois podemos ter comunistas que são contra o aborto.
- E podemos ter capitalistas a favor.
Uma coisa é a discussão do melhor modelo econômico e político: comunismo e capitalismo.
O outro são agendas de costumes de cada época:
Ecologia, homossexualidade, aborto, drogas, etc.
Não há coerência entre grupos capitalistas e comunistas nessa direção, podendo haver surpresas de ambos os lados.
Pode haver grupos religiosos que são mais preservadores dos costumes, mas isso não entra no embate político, dos que não são destes grupos.
Não existe, portanto, forças SÓ progressistas da sociedade, que é o objetivo de criar um marketing em que tudo que é proposto por essa força é coisa boa e tudo que é proposto pelos conservadores é ruim. Isso é um discurso que interessa a quem não quer aprofundar o debate político.
Por fim, outro rótulo é a diferença de totalitarismo e autoritarismo.
- Eu posso ser autoritário, tomar decisões sem consultar ninguém, ser muito centralizador e não ter um projeto totalitário de que todo mundo pensa igual a mim como um projeto político.
- O totalitário, que é a mais perversa força na sociedade, é um projeto de poder em que todos devem pensar mais ou menos dentro do mesmo jeito.
- O projeto capitalista pode ser autoritário em um dado país, mas não é totalitário, pois precisa das divergências como elemento vital para a sua inovação e sobrevivência.
- O projeto comunista sempre será totalitário, pois a produção é baseada na ideologia e todo mundo tem que acreditar no sistema para poder produzir.
Vejo que nos debates políticos as pessoas acham que esse tipo de discussão é secundária, mas não é, pois o amadurecimento político é não aceitar que ideias e práticas sejam mascaradas pelos rótulos, que acabam iludindo e dificultando que atuemos e pensemos melhor.
Um agente da democracia deve ser um agente dos conceitos contra os rótulos. Quanto menos rótulos tivermos nos debates políticos e no discurso político, mais profunda será a discussão e mais evidente ficarão pensamentos e práticas.
É isso, que dizes?
Ol@ Nepo…
Se me permite, achei que seu post tinha obrigação de ir além.
Ao tentar dizer que não se deve rotular rotulou e o pior não conseguiu ir além ao senso comum.
Qdo optamos ir por esta linha precisamos ter coragem de ousar e acho que foi o que faltou aqui.
O post enqto proposta teria tudo para ser muito elucidador, mas ficou no meio do caminho, esvaziou-se!
Sugiro que o encare de verdade! Da forma como está ficará empobrecido e cheio de opacidades.
Abs