A tecno-espécie humana se estrutura em uma relação dialética entre a possibilidade e a necessidade.
Obviamente, que existem vários fatores que podemos explorar, mas quero me concentrar apenas nas possibilidades tecnológicas.
Podemos dizer que necessidades existem, mas nem sempre são viáveis.
Um cidadão que não sabe nadar pode querer atravessar um rio, mas não consegue ir se não tiver uma ponte, um barco, algo que o permita atravessar em segurança.
Há, então, uma latência que se acumula e não ocorre a não ser que ha uma POSSIBILIDADE tecnológica que permita que a necessidade dê vazão.
Uma tecnologia, assim, quando chega ela tem um aspecto fortemente cultural, pois há um conjunto de necessidades que não se concretizam em função dos limites tecnológicos impostos.
É como uma barragem que não está aberta, mas quando abre as comportas dá vazão a uma série de latências.
Ou seja, uma sociedade é do jeito que é, conforme os limites tecnológicos que tem diante dela. Quando estes limites são superados a sociedade se modifica e um conjunto de necessidades que estavam latentes vem à tona!
Quando temos mudanças em tecnologias periféricas temos mudanças periféricas, quando temos alterações em tecnologias estruturantes, temos mudanças estruturantes. Tecnologias cognitivas (as que expandem nosso cérebro) são tecnologias estruturantes.
Ou seja, todas as alterações que assistimos hoje na sociedade têm com raiz uma nova possibilidade tecnológica, que traz embutida uma necessidade que estava latente, mas que não vinha à luz, por falta de tecnologias que as viabilizassem.
Neste momento temos que analisar quais eram as necessidades latentes que agora se expandem na sociedade.
A minha hipótese é de que o aumento populacional de 1 para 7 bilhões nos últimos 200 anos criou um modelo de governança da sociedade incompatível com o novo tamanho da população.
Se vamos analisar o que está acontecendo temos que ir da força principal (a mudança radical da governança da sociedade) para as periféricas mudanças na sociedade, economia, política, negócios, educação relacionamento.
Essa mudança de governança é a mudança mais radical que estamos vivendo.
É rara, ocorreu poucas vezes e teve consequências radicais no passado, com a oralidade, a escrita, escrita impressa, a comunicação de massa e agora a comunicação digital.
Por aí, que dizes?
[…] É o que falarei neste outro post. […]