Importando a discussão de ética bem sintética do Mario Cortella, do vídeo abaixo, vou aplicá-la à tecnologia.
Podemos dizer que temos três estágios ao se desenvolver uma tecnologia:
- Quero – uma tecnologia que resolva uma dada limitação, clonar, por exemplo;
- Posso – consigo desenvolver essa tecnologia e começar a clonar outros seres humanos;
- Devo – agora que posso clonar, devo fazer isso? O que isso vai ter de impacto para a espécie, é ético?
Uma tecnologia que chega, portanto, vem para acabar com um determinado processo e criar um novo, pois vem para:
- – terminar com uma limitação;
- – criar um novo ambiente pós-limitação;
- – e criar uma nova limitação, a partir das impossibilidades da nova tecnologia – em um ciclo contínuo.
O interessante é que toda a discussão tecno-ética passa por estes estágios e há nesse momento três grupos que se apresentam sempre:
- – os nostálgicos pessimistas – aqueles que não querem o novo e só conseguem ver as perdas;
- – os entusiastas otimistas – aqueles que não querem ver o antigo e só conseguem ver os ganhos;
- – os equilibradores dos outros dois – que procuram ponderar e problematizar mais fundo a questão.
Note que uma tecnologia que se massifica vem resolver um dado problema humano que era impossível resolver com as tecnologias anteriores.
O aumento da complexidade demográfica, por exemplo, é algo que nos leva mais e mais a procurar novas tecnologias para resolver novos e velhos problemas. Não olhar para essa mudança na espécie é não compreender a base da latência das novas tecnologias que chegam.
Assim, não se pode pensar em analisar a chegada de novas tecnologias sem observar o problema latente que ela vem resolver, criando uma relação de custo/benefício.
Não adianta querer parar o mundo e pedir para descer. Ou defender a volta para as primitivas aldeias que já se foram.
Hoje, temos que pensar em tecno-megalópolis de milhões de habitantes.
Esta tensão pode ser visto bastante no uso do alimento transgênico, que cria a seguinte dicotomia:
Se colocar faz mal, mas se não colocar ninguém come.
O papel ético sobre a tecnologia é procurar, a meu ver, compreender os dois lados, pró/contra, sem perder de vista a relação de custo/benefício do problema que a tecnologia se propõem a “deslimitar”.
Procurando fugir do dogmatismo dos otimistas e dos pessimistas, sendo dialético e propositivo, ao tentar, ao mesmo tempo que avança o uso, ter ações que minimizem as perdas.
Clóvis de Barros Filho em um dos vídeos que vi na Internet, vou ver se acho, disse que quanto mais tecnologia tivermos mais a ética vai se tornar complexa e não o contrário como alguns tem propagado.
Fecho com ele.
Por aí,
Que dizes?
Versão 1.0 – 15/10/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.
[…] Tecno-ética […]
[…] fonte: http://nepo.com.br/2013/10/15/tecno-etica/ […]