Versão 1.0 – 09/09/13
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Toda as organizações da sociedade são regidas pela cultura hegemônica das tecnologias cognitivas de plantão, que formam o que podemos chamar de tecno- cultura-cognitiva.
Note que toda tecnologia é a natureza transformada. E a natureza não pode ser transformada a nosso bel prazer, pois há limites que nos impedem de ir adiante em dado momento histórico, criando “paredes” nas quais temos que nos (con) formar.
Somos, portanto, moldados pela nossa capacidade de adaptar as tecnologias às nossas vidas.
Estamos, com a chegada do digital, fechando um ciclo de 6 mil anos, quando surgiu a escrita e, com ela, criamos a cultura geral tecno-monoteísta, não entendendo teísta, como vindo de Deus, mas de um modo de construir a verdade e suas divindades/autoridades, que nos representam.
A escrita, como todas as outras mídias, é condicionadora da nossa tecno-cultura. Não somos uma espécie como as outras, somos uma tecno-espécie, que transforma a natureza para sobreviver e assim estabelece uma tensão dialética condicionada-condicionante no processo de evolução (entenda-se evolução como caminhar de ontem para hoje e não melhoria ou progresso).
A escrita pressupõe, por suas características técnicas condicionantes:
- – uma mensagem que precisa ser preparada, empacotada para ser distribuída;
- – há um centro que se encarrega de realizar essa tarefa;
- – é uma mensagem fechada, que não permite alteração ao ser consumida com taxas de baixa interação pelos seus limites físicos;
- – pressupõe um longo tempo para revisão do seu conteúdo;
- – é feita por um autor que vem de fora de um lugar distante para o convívio presente, longe de quem produziu.
Podemos observar que todos os modelos organizacionais antes da escrita (orais e politeístas), foram, aos poucos, migrando para uma hegemonia da tecno-cultura-escrita-monoteísta.
A bíblia, o alcorão e a torá têm em comum uma verdade que é “psicografada” por alguém, que a transcreve em um livro “sagrado” que ninguém pode alterar apenas, no máximo, interpretar. Não estamos aqui falando apenas de religião, mas esta definição/limitação é da própria escrita, quanto tecnologia cognitiva, que, por ser mágica naquele tempo, passou a ser sagrada e religiosa.
- Não estamos, portanto, saindo da modernidade para a pós-modernidade como gostam os filósofos.
- E nem migrando para a sociedade do conhecimento ou para o mundo pós-industrial, como preferem os economistas.
Mas saindo de um longo ciclo tecno-escrito-monoteísta, aliado depois à tecno-eletrônica do rádio e televisão (que mantém a mesma topologia de produção) para um novo modelo digital. Tal mudança altera radicalmente a tecno-cultura geral, pois a produção da “verdade” (que é a base de todas as sociedades) se altera na forma como é produzida.
Vamos às mudanças:
O que temos agora é uma mudança radical nessa tecno-ecologia e isso vai significar uma mudança tecno-cultura da produção do conhecimento, pois as paredes tecnológicas que tínhamos anteriormente caíram, mas não a tecno-cultura, que vai resistir a se manter dentro da zona de conforto do que é conhecido, com todos os interesses que o mundo atual propicia para as autoridades de plantão.
Todo o modelo social onde se inclui (as empresas, a escola, a academia, a justiça, o governo, a representação política, etc) foi condicionado, ao longo dos últimos milênios por esse tecno-monoteísmo-escrito-eletrônico. Porém, temos agora uma mudança de paradigma tecno-cultural, que fará com que este modelo tenha que se alterar, pois passamos a ser regido por um novo ambiente tecno-cultura condicionante-condicionado.
Vivemos muitas crises pela continuidade do modelo passado e a impossibilidade de criação do modelo futuro.
Note que este modelo centralizado, monoteísta que estamos deixando provocou – pelo tempo de uso – um fortalecimento desequilibrado do centro emissor de verdades, o que acabou gerando um conjunto de crises para a sociedade. Isso se agravou com o aumento da população, pois a complexidade aumentou, mas a construção do modelo das verdades permaneceu culturalmente, do ponto de vista hegemônico, inalterado.
A migração para a nova tecno-cultura é um movimento que vai obrigar a uma revisão em todo o modelo de forma profunda. E justo no momento em que:
- – as organizações atuais estão cognitivamente embriagadas de seu falso-poder;
- – com baixa capacidade de mudança em função dessa embriaguez.
Os desafios não são pequenos.
Que dizes?
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