Ao atingir o pico de 7 bi de pessoas, a matilha cede lugar a “comunicação química” do formigueiro digital.
Versão 1.0 – 17 de dezembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
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Há uma confusão do tamanho do himalaia sobre os novos projetos de redes sociais corporativas.
Para reduzi-la é preciso revisar o papel da comunicação na gestão.
Desde que o ser humano desceu das árvores, pois conseguiu desenvolver armas que o protegia dos animais, que temos usado a comunicação para sobreviver.
Resolvemos os problemas conversando, ensinando, aperfeiçoando.
Sem a comunicação, não sobreviveríamos no mundo, pois não temos garras, asas, rabos. Criamos tecnologias, a partir da troca de ideias, que nos permitiram criar essas “próteses” civilizacionais.
A comunicação é parte integrante da solução dos problemas e uma coisa (a gestão) condiciona a outra (comunicação).
Se mudamos a comunicação, mudamos a gestão e vice-versa.
Pois bem.
Vivemos atualmente, com a chegada de uma nova tecnologia cognitiva descentralizadora, uma revolução na comunicação. Estamos descobrindo que a comunicação muda antes do que a gestão, achávamos o contrário.
Assim, o modelo está mudando e é preciso analisar como era e para onde vai.
A comunicação define a forma de tomada de decisões, como detalhei aqui.
Hoje, temos o modelo “líder-alfa das matilhas” para decidir.
- Alguém mais experiente ascende a uma função de líder por um critério específico de meritocracia;
- O líder recebe o encargo de decidir, a partir de sua experiência e dos dados que consegue colher.
O modelo é sustentável até um certo número de pessoas a serem geridas. Quanto mais vamos aumentando o número de indivíduos, o que nos leva mais e mais à complexidade, mais a decisão do líder alfa vai ficando mais difícil, pois leva mais tempo e são tantas variantes que ele não consegue mais ser eficaz.
O surgimento das redes sociais digitais nos levam para um novo modelo de decisão, baseado mais nos modelos da comunicação “química” das formigas do que no líder-alfa da matilha de lobos.
Pessoas (formigas) passam a se comunicar/informar em redes digitais, nas quais deixam rastros/cheiros, através dos cliques e das referências a cada acesso.
A grande vantagem que temos o movimento real – se conseguirmos extrair os dados desse processo.
Cria-se, assim, um novo modelo de comunicação que pode ajudar a tomada de decisões, de forma muito mais rápida e eficaz, pois mais e mais dados passam a ficar disponíveis, reduzindo a margem de erro na tomada de decisões.
A figura do líder-alfa vai cedendo lugar a um modelo de comunicação/gestão mais próximo de um formigueiro, no qual a liderança vai sendo trocada a cada situação, pois observa-se que em dada situação fulano ou beltrano podem decidir de forma melhor, baseado no vai e vem do movimento real das pessoas e não no suposto pela experiência do líder alfa.
Tal medição é barata e acessível, o que torna o modelo muito mais fácil de ser gerido.
É a mudança que estamos promovendo na espécie humana ao atingir o pico de 7 bilhões de pessoas. A matilha está cedendo lugar a “comunicação química” do formigueiro digital!
Assim, a ideia de implantar tal modelo, no modelo anterior é completamente ineficiente, pois são duas culturas diferentes de tomada de decisão.
Quando falamos em colaboração temos que separar duas colaborações:
- A colaboração no modelo da matilha, do líder-alfa serve para que este tome a decisão, baseado em um modelo de meritocracia, cada vez mais obsoleto, que serviu a um tipo de organização;
- A colaboração no formigueiro serve para que haja um rodízio de líderes, a partir da meritocracia das trocais reais, em um novo modelo de organização.
Não é possível querer a colaboração do formigueiro na matilha, pois fazem parte de duas culturas de tomada de decisão distintas.
Eis o grande impasse e o nó que a gestão tem pela frente diante de uma inusitada Revolução Cognitiva em pleno século XXI.
Enquanto não pararmos para refletir e pensar, iremos repetir, mais e mais o mesmo paradigma, gastando recursos e tendo resultados pífios.
Por aí,
que dizes?
Há mais ou menos 1 ano e meio, a EnterDesign (empresa onde eu trabalho/participo) inventou de usar uma rede social para trocarmos o andamentos dos nossos projetos. Ficamos nos “obrigando” a colocar o andamento dos projetos na rede e avisando os outros da equipe por email para comentarem as alterações (porque ninguém lembrava de olhar a rede sem ser avisado). Mesmo sendo uma empresa pequena, não deu certo. Nesse momento, ainda tínhamos um modelo com 2 lideres-alfa no comando.
A nossa empresa mudou muito. Acabamos diminuindo a nossa equipe e aumentando nossa rede de parceiros. Sem pensar, passamos a adotar o formigueiro. Hoje, temos um líder (o sócio majoritário). Mas, na rotina do desenvolvimento dos projetos conseguimos trocar idéias com toda a equipe e a liderança fica na mão da pessoa que tem mais conhecimento do projeto/cliente/assunto.
Acho que o mais legal é que fomos modificando nossa estrutura de acordo com as nossas necessidades. Agora identificamos que a nossa solução está, cada vez mais, se assemelhando ao formigueiro. Mas, acreditamos que continuaremos sempre em mudança.
A grande questão é que as pessoas acham que as soluções estão nas ferramentas, mas as coisas não são assim. Do que adianta uma nova ferramenta (pronta para a sociedade das formigas), em que a cultura ainda é baseado no líder-alfa? É óbvio que isso pode ser um primeiro passo, mas se esse passo vier sozinho as formigas serão esmagadas e renegadas.
[…] Já disse aqui que a comunicação e a gestão são dois lados da mesma moeda. […]
Sempre leio os seus escritos. Hoje, essa leitura veio me ajudar a tomar certas decisões.
Certamente, o lider-alfa matilha versus formigueiro é a informação a ser assimilada para tomada de decisão.
Abraço e grato.
Eu penso que trabalhar com líderes diferenciados, pessoas que, com suas capacidades diferenciadas assumem o papel de decisor de cada situação, torna a ação mais sólida, pois quem está na liderança não é a pessoa de sempre, e sim, cada pessoa que possui um bom conhecimento e sabe a melhor maneira de agira em uma situação.
A partir da interação nas redes sociais, a difusão de informação é tão vasta e ampla, que ter um maior embasamento sobre assuntos fica muito mais fácil e mais fácil. Um estudante pode ajudar um professor, um estagiário pode ajudar um analista, enfim, a decisão pode se tornar em conjunto, abstraindo-se postos e cargos.
A revolução cognitiva fará o ser humano ser menos centralizador e mais participativo e moderador no que diz respeito a seu próprio sucesso e futuro pessoal e profissional.