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Podemos, assim, afirmar que a crise do Euro, o baque econômico americano, a crise de fiscalização dos aviões no Brasil, do transporte coletivo, o engarrafamento de São Paulo, o problema de produção da Petrobras, enfim, todos os problemas complexos que temos que enfrentar se deve ao modelo obsoleto da matilha e do líder-alfa, que não consegue enxergar a força da topologia horizontal digital das formigas.

Versão 1.0 – 19 de dezembro de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.

Vivemos hoje uma macro-crise mundial que aparece de forma diferente em vários setores, mas tem a mesma causa: o modelo de gestão/comunicação que temos adotado nos últimos séculos, desde a chegada da escrita, que privilegia um tipo de topologia humana baseada no modelo das matilhas de lobo, com um líder-alfa muito bem demarcado.

O aumento vertiginoso do número de habitantes (crescemos 7 vezes em 200 anos), está nos levando, pelas beiradas do mundo, a adotar um novo modelo de gestão muito mais próximo das formigas, que é todo feito pela “comunicação química” que a rede digital agora permite.

Cada “formiga” deixa para a outra um rastro para ajudar a tomada de decisões de quem vem depois, com visão mais clara dos melhores caminhos, evitando erros básicos atuais e ampliando transparência e a possibilidade do aumento da taxa de meritocracia – que é a base do que podemos entender sobre democracia.

Ao estar na rede clicando  se está, querendo ou não, colaborando com os demais. Além dos cliques é possível, referenciar cada grão de informação comentando, estrelando ou curtindo, o que torna o ambiente muito poderoso para solução de problemas complexos.

E pergunta-se: qual problema não é cada vez mais complexo hoje em dia?

Nesse ambiente não há distinção entre trabalho e colaboração.

E é essa atividade dupla trabalho/colaboração em ambientes digitais o grande diferencial que vai marcar a futura gestão do século XXI, uma saída para as principais crises que estamos vivendo no mundo.

Como estamos com a cabeça completamente intoxicada pelo modelo passado e uma baixíssima taxa de abstração, vamos demorar, como sugere Clay Shirky um bom período nos afogando no caos, até começar a nadar de forma adequada.

Já disse aqui que a comunicação e a gestão são dois lados da mesma moeda.

Mas a que muda primeiro é a comunicação e depois a gestão, essa é a grande novidade que estamos aprendendo com a chegada de uma Revolução Cognitiva.

Podemos, assim, afirmar que a crise do Euro, o baque econômico americano, a crise de fiscalização dos aviões no Brasil, do transporte coletivo, o engarrafamento de São Paulo, o problema de produção da Petrobras, enfim, todos os problemas complexos que temos que enfrentar se deve ao modelo obsoleto da matilha e do líder-alfa, que não consegue enxergar a força da topologia horizontal digital das formigas.

Ou seja, aumentamos a complexidade ao termos 7 bilhões de pessoas no mundo, mas não atualizamos o modelo de gestão/comunicação. Queremos levantar mais peso com os mesmos músculos, não está dando certo.

Todas as mudanças sociais, políticas e econômicas que estão por acontecer terão como pano de fundo uma mudança topológica da migração desse modelo líder-alfa matilha para a do  formigueiro.

Amanhã vou postar sobre a crise da ciência, a partir deste artigo.

A XXI-century alternative to XX-century peer review

Por enquanto, é isso.

Que dizes?

9 Responses to “Topologia 1.0: a mãe de todas as crises”

  1. Daniel Vidal disse:

    Como sempre digo em nossas conversas em aula, acho que caminhamos para o caos. Só a partir dele é que poderemos, de fato, nos reorganizarmos e nos readequarmos a essa nova condição da sociedade, que nos atinge a diversos níveis. Acredito que essa não é só uma mudança das organizações, mas uma nova forma que o mundo se apresenta e que ainda não estamos preparados para viver. De qualquer forma, será algo impositivo e quem não se adaptar (após o caos) será engolido. A consciência da nova situação nos dá uma vantagem competitiva e ajuda a dar um passo antes dos outros.

  2. Daniela disse:

    Concordo com o Daniel quando diz que a transformação será impositiva nesse primeiro momento. Mal comparando, acho que estamos na porta de um metro lotado, que quando a porta se abre, temos que decidir: ou sermos empurrados pra dentro, ou jogados pra fora. A nossa geração está sendo responsável pelo “agitar antes de usar”, para que a próxima possa vir adequada com esse novo cenário que nos é apresentado: o fim da intoxicação pelo modelo passado e uma altíssima taxa de abstração.

  3. Carlos Nepomuceno disse:

    Daniel, sim, o clay shirky acha que o caos vai imperar nos próximos 50 anos, será tanto? veja o papo -> http://www.youtube.com/watch?v=sPQViNNOAkw.

    Luiz, que bom que te ajudou, volte sempre, saudades das tuas inquietudes.

    Daniela, gostei da expressão “agitar antes de usar”. De fato, estão agitando, mas falta ainda uma nova cognição mais abstrata e até espiritual para usar, estamos construindo…

  4. Enxergo uma vertente interessante de mudança do panorama mundial neste ambiente formigueiro onde somos mais de 7 bilhões de formiguinhas ávidas por ser ouvidas.

    A crise da Europa e as questões sociais nos EUA e ao mesmo tempo, o crescimento econômico dos Paises Brics apontam para uma queda do império americo-europeu e mudança do poder econômico e Cognitivo. Hoje tem gente se suicidando na Espanha e na Grécia por conta da crise.

    Se olharmos por exemplo pra China, maiores consumidores do mundo, maior população Mundial mas ainda, fora do Facebook e com redes sociais próprias e independentes como a Renren, Douban, Kaixin001, Tencent e Sina Weibo. Imaginem quanto mercado existe caso a China se renda ao mundo ocidental ( ao Facebook ) ou então, caso decidamos investir neste mundo das mídias sociais que são vistas e utilizadas por mais de 1/2 bilhão de habitantes? (http://www.redant.com.br/articles/midias-sociais/o-cenrio-da-mdia-social-na-china-insights-chave/).

    A Índia, terra de programadores que irão ser peça fundamental neste mundo 2.0 afinal os Apicultores precisam de programadores inteligentes e geniais para desenvolver e aperfeiçoar seus Robôs. Eles são apenas 60 milhões de usuários no Face. Pouco menos que nós Brasileiros. Lembrando que são mais de 1 bilhão de habitantes e

    Brasil, segundo maior público do mundo no facebook (http://www.socialbakers.com/facebook-statistics/). Quase 1/3 de sua população usa o Face!

    E a Russia,… E a Russia?

    A soma das populações dos dois maiores paises do mundo é maior que 1/3 da população mundial mas somente 570 mil chineses segundo o Social Bakers estão no Face, diferentemente dos mais de 60 milhões de Indianos.

    Enfim, existe muita coisa por vir. Acredito que o que enxergamos hoje é apenas a ponta de um Iceberg da Revolução Cognitiva que não acontecerá sozinha. Há também as questões econômicas e sociais. A questão não é mais se o restante do Iceberg vai emergir mais sim, quando e com que cara. Estamos achando que o Facebook logo terá 2 milhões de usuários mas não acredito que é isto que irá acontecer nem que o Google Plus vai vingar.

    Acredito que outras mídias vão surgir e robôs irão traduzir para o esperanto digital o mundo mandarim e indiano.

    Viva a Jackie Chan!

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Sim, alguns ajustes, o FB vai ter 2 bi e não milhões…
      Boa avaliação, acredito apenas que a revolução cognitiva é social, é econômica e é política,
      pois ao se adotar a nova topologia, que é um novo modelo de gestão vamos dar um salto gigantesco
      em relação ao modelo atual de solução de problemas..

      valeu visita.

  5. Juliana Melo disse:

    Gostei. Enxergo o modelo colaborativo como solução para problemas e questões complexas e nem tão complexas e em diversas esferas. Acredito que aumentando o nível de complexidade do problema aumenta a necessidade das novas tecnologias, das redes sociais e do mobile e etc. No entanto, essa nova cultura que vem se impondo pode (e deve!) mudar ou influenciar as relações de hoje permitindo que o modelo colaborativo aconteça sem a necessidade exclusiva das redes sociais e do mobile, por exemplo. Mais claramente: um líder não pode mais ser aquele que retém a informação, mas aquele que contribui no crescimento de sua equipe e a escuta, em detrimento daquele líder centralizador. Ouvir torna-se essencial. É como diz meu amigo Alexandre Pompeu: não existe um autor de uma ideia. Uma ideia é fruto de várias cabeças pensantes e diferentes opiniões e pontos de vista. Isso favorece a criatividade e a inovação.

  6. Concordo, cada vez mais o mundo será colaboração e todos terão, com a informação, maior controle sobre suas ações e maior consciência do seu papel na sociedade. Um líder arcaico, que utiliza o poder como forma de controle, medo e tenta criar, para com seu subordinado ou liderado, uma dependência em que o mesmo deve se subjulgar sem questionar, já enfrenta e enfrentará mais ainda sua própria decadência, pois as pessoas irão entender que existem meios, ferramentas para se defender, em conjunto e até o cargo deste indivíduo – no caso dele ser um líder empresarial, por exemplo – estará seriamente ameaçado.

    O ser humano está se adequando, principalmente as novas gerações, a ser mais colaborativo e a utilizar a informação como fonte de defesa de suas idéias e debate frente a idéias antigas ou defasadas, as vezes, não para destruí-las, mas para melhorá-las e modificá-las para o bem estar da própria sociedade.

  7. Manuela Vinagre disse:

    Caos. Não sei se concordo com o Daniel sobre o caos no sentido literal da palavra. Penso que será um caos sim, mas um caos organizado, como um formigueio mesmo, onde cada formiga tem o seu papel.

    Mudando para a pergunta feita sobre qual problema não é mais complexo nos dias de hoje, sinceramente acho que quem dá a complexidade ao problema somos nós. É do ser humano dificultar ao invés de facilitar, gostamos de parecer sofridos. Parece que assim somos mais importantes. E é isso que engessa o processo de mudança. Pq rumar para um modelo, que a meu ver, é mais fácil se podemos ficar batendo cabeça e mostrando como trabalhamos e não temos retorno?

    Ou é isso que falei ou sou simplista demais. Nunca achei que o problema fosse maior do que o nosso corpo pudesse carregar.

  8. Paulo Chagas disse:

    É, e volto a dizer que o ser humano precisa olhar menos para o seu umbigo para perceber tudo que está à sua volta para aí sim olhar para dentro de si e perceber-se como um todo. Muito difícil sair de uma situação totalmente instintiva de nossos antepassados para passar por situações de aprendizados cada vez mais exigentes com o objetivo da preservação da vida. Sociedades se formaram e preservaram e a vida, mas tam bém destruiram a vida. Tribos, vilas, cidades, estados países. Topologias e topologias ao longo do aprendizado, sendo que hoje preserva mais do que destrói e isso gera maior necessidade de aprendizado, porque senão passará a destruir mais que preservar. A preservação só se dá e só se deu ao longo dos tempos sempre que houve um mínimo de colaboração entre os seres, sejam colaborações consientes os inconsientes. Agora estamos na fase do “tem que colaborar” e aprenderemos definitivamente com a tecnologia a nos auxiliar, a nos moldar no ambiente solidário como fazem as formigas, os cupins e tantos outros que são do grupo “bilhões”. Eles nos ensinam.

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